"Cravou pra sempre um momento de comunhão familiar", diz Fernanda Montenegro sobre 'Amor e Sorte'

A nova série da Globo que estreia nesta terça (8), coloca em cena a autenticidade das relações familiares e de casais em meio à pandemia; primeiro episódio traz Fernanda Montenegro e Fernanda Torres no elenco

Escrito por Lívia Carvalho , livia.carvalho@svm.com.br
Legenda: Fernanda Montenegro e Fernanda Torres vivem mãe e filha de personalidades totalmente opostas
Foto: Divulgação / TV Globo

Não é novidade que a pandemia do novo coronavírus gerou rebuliço em muitos lares. A convivência do isolamento social trouxe rompimentos, reencontros e redescobertas. A nova série da Globo, “Amor e Sorte”, apresenta em quatro episódios independentes as relações e vivências de “casais quarentenados”. A produção estreia nesta terça-feira (8), com exibição após a novela das 21h.

No episódio de estreia, ‘Gilda e Lúcia’, Fernanda Montenegro e Fernanda Torres vivem mãe e filha também na ficção: duas mulheres de personalidades opostas e que precisam se ‘reencontrar’ para conviver durante a pandemia. Confinadas, as duas redescobrem a relação que nunca tiveram e, quando a vacina para a Covid-19 sai, a mãe tenta esconder a notícia para que a filha não vá embora. 

Para Fernanda Torres, embora conflituosa, a relação das duas é posta em cena de uma forma repleta de ternura. “Criaram essas duas figuras e é engraçado como a filha é muito mais careta que a mãe e é esse conflito que dá um caldo pro episódio. São dois mundos antagônicos, que não se acreditam, e não falamos disso de uma forma panfletária ou ideológica, mas a partir da relação entre mãe e filha, que uma desconhece o mundo da outra e a pandemia obriga as duas a conviverem”, pontuou a atriz em coletiva de imprensa ao lado de Montenegro e da equipe de produção. 

Idealizado por Jorge Furtado, o projeto foi feito a muitas mãos. Nesse episódio, o roteiro teve colaboração dos autores Antonio Prata, Chico Mattoso e da própria Fernanda Torres. “Boa parte do nosso trabalho foi descobrir quem eram essas duas mulheres, nós tínhamos no princípio essa relação conflituosa, sabíamos que tinham feridas abertas nessa relação, mas tínhamos que descobrir que feridas eram essas. Acho que isso foi a parte mais saborosa desse trabalho”, detalha Chico. 

Conexão

A produção do episódio ganhou um gostinho ainda mais especial ao envolver toda a família nas gravações, com a direção de Andrucha Waddington e seu filho, o enteado de Fernanda Torres, Pedro Waddington; a participação especial de Joaquim Waddington, filho de Andrucha e Fernanda; e a assistência de produção e direção de Davi Torres, sobrinho da atriz que cursa Cinema. 

“Esse especial cravou pra sempre um momento também de realização artística, de comunhão familiar, de aceitação da uma possibilidade de sobrevivência a partir dessa tragédia. Um espaço pra gente poder ir pra mata, pra natureza, numa vastidão de céu, de verde, também tivemos um momento especial e isso foi consumado nesse filme, que veio por acaso”, explica Fernanda Montenegro.
 

Para Andrucha, que já trabalhou com a família em outros projetos, a maior diferença foram as restrições. “A gente já tem uma coisa natural, não tinha nada excepcional e novo, é tipo família de circo, todo mundo do mesmo ofício. O que tinha de novidade era não ter o amparo de uma equipe que normalmente se tem, mas a gente inventou uma maneira de fazer mais artesanalmente, demorando o dobro do tempo, mas com a mesma calma”, comenta o diretor. 

Relevância

Se para eles, o projeto foi uma forma de não ficar parado durante a pandemia, para o público, pode ser uma válvula de escape ao se identificar com as situações em cena. Segundo Andrucha, a arte nunca foi tão consumida quanto nesse período, o que demonstra sua relevância. “A arte e o entretenimento são companheiros de reflexão que despertam sentimentos. Ela não vai acabar porque se decidiu que ela não é importante, a gente tem que ser resiliente”, afirma. 

Já para Fernanda Montenegro, “essa condenação da cultura é uma imbecilidade, é uma pretensão, é um retrocesso gigantesco e trágico. Mas estamos completamente vivos, atuantes, é só dar um tempo, é um ciclo que vai passar. Estamos produzindo com maior dificuldade, com maior interferência, mas isso já aconteceu muitas vezes. Não estou assustada não, é um problema de paciência. A nossa transcendência cultural é viva, latente e produtiva, onde for e como for”, exclama. 

O projeto

“Amor e Sorte” traz outros três episódios, todos exibidos às terças: ‘Linha de Raciocínio’, estrelado por Taís Araújo e Lázaro Ramos; ‘Territórios’, com Emílio Dantas e Fabiula Nascimento; e ‘A Beleza Salvará o Mundo’, com Caio Blat e Luisa Arraes.

Legenda: Em um dos episódios, Fabiula Nascimento e Emílio Dantas vivem casal que precisa ‘adiar’ a separação por conta da pandemia do novo coronavírus
Foto: Divulgação / TV Globo

No episódio ‘Territórios’, Emílio e Fabiula encarnam um casal que precisa ‘adiar’ a separação por causa da pandemia. O ator conta que, com a produção, aprendeu bastante sobre ele mesmo e a respeito do ofício. “Sou muito curioso, gosto muito de aprender, tinha muitas dúvidas sobre fotografia e consegui entender melhor. Eu totalmente faria de novo”, disse em coletiva de imprensa. 

Fabiula, por sua vez, aprendeu uma nova maneira de olhar para o esposo. “Como ficamos muito tempo com a câmera na mão, foi bonito ver os olhos, os traços do rosto do Emílio por uma outra perspectiva, a doçura, as coisas que ele tem mas que no dia a dia a gente não para pra olhar. Você também descobre ângulos da sua casa, o rosto da sua casa”, concluiu. 

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