Cinema do Dragão realiza debate virtual sobre exibição e distribuição de filmes no Brasil

Os curadores vão atualizar a discussão a partir da experiência adquirida durante a pandemia

Escrito por Redação ,
Esta é uma imagem dos curadores  Pedro Azevedo, Duarte Dias, Talita Arruda e Daniel Queiroz
Legenda: Cinema do Dragão celebra Dia do Cinema Brasileiro com debate virtual
Foto: Divulgação

As salas de cinema reabrem no Ceará na semana em que se comemora o Dia do Cinema Brasileiro, celebrado neste sábado (19). Com a adesão cada vez maior dos streamings, impulsionada pela pandemia, discussões acerca do futuro da sétima arte fervilham entre os profissionais da área desde 2020. 

Nesta sexta-feira (18), o Dragão do Mar promove o debate “Exibição e Distribuição de Cinema em Tempos de Pandemia - 1 ano depois” justamente para discutir essas incertezas sobre o futuro da sétima arte, com os curadores Pedro Azevedo (Cinema do Dragão), Duarte Dias (Cineteatro São Luiz) e Talita Arruda e o distribuidor Daniel Queiroz, a partir das 17h, no YouTube.

O quarteto fez uma transmissão ao vivo no ano passado para debater essas questões e agora, meses depois, se reúnem novamente para atualizar suas reflexões sobre o panorama e os novos rumos da exibição e da distribuição de cinema no Brasil.

“A ideia é atualizar essa discussão a partir da experiência acumulada nesse último ano. Fazer prospecção para saber qual será o futuro da exibição de cinema do Brasil, entendendo que boa parte das salas de cinema já estão reabertas. Como essas experiências podem se dar no formato híbrido, de como o virtual e o presencial podem se complementar, em vez de se anularem”, antecipa Pedro Azevedo. 

O curador do Cinema Dragão acredita que o maior desafio da sétima arte no pós-pandemia será conciliar e potencializar um sistema híbrido de exibição. A tendência, segundo ele, é que as janelas de exibição nos cinemas presenciais sejam cada vez mais curtas - para ceder espaço para o streaming - ou até mesmo simultâneas

“O calendário de estreias fica um pouco mais enxuto. A gente tem menos filmes lançados comercialmente nas salas de cinema, ao passo que a gente vê uma oferta muito grande nos serviços de streaming, com iniciativas de grandes e pequenas distribuidoras”, acrescenta. 

Esse recurso já está sendo experimentado pela indústria cinematográfica. O filme “Cruella” foi disponibilizado na plataforma de streaming Disney + no fim de maio, dias antes do lançamento oficial da produção nos cinemas no Brasil, marcado para 3 de junho. 

Já o curador Daniel Queiroz destaca que embora exista a tendência de crescimento do consumo das plataformas de streaming, a experiência da sala de cinema é única e insubstituível. Segundo ele, o que a pandemia causou foi apenas uma aceleração na oferta de filmes de modo virtual, mas que esse movimento tem origem antes de março de 2020. 

“Acredito, inclusive, que haverá uma revalorização dos cinemas no momento em que for possível voltar a eles com tranquilidade e segurança. Teremos sempre a possibilidade de ver filmes nos cinemas e em casa. São experiências muito distintas”, diz Daniel.

Desafios

Diante das incertezas proporcionadas pela pandemia, é difícil fazer um prognóstico para o setor, conforme Daniel. Ele explica que o cinema está vivenciando grandes movimentações provocadas pelas principais plataformas de streaming, como Netflix, Globoplay, Disney+ e Amazon. 

Essas plataformas vêm ancorando produções internacionais e independentes, explica. Segundo ele, essas produções seguem com seus espaços limitados na indústria, já que enfrentam uma disputa desigual com os "blockbusters de sempre".

"A grande maioria das salas de exibição, geralmente localizadas em shoppings, não costumam se abrir para conteúdos diversos. (...) Mas se por um lado o cenário não é favorável para esses filmes (independentes), por outro a tecnologia tem aberto caminhos que antes não existiam", completa. 

A curadora e pesquisadora Talita Arruda pontua que o debate desta sexta-feira (18) dará aos profissionais, que atuam na exibição, programação e distribuição dos cinemas brasileiros, fundamentos mais consistentes para nortear os próximos passos do cinema. “Ainda há muitos desafios pela frente, pelo histórico do audiovisual e pelo momento que estamos vivendo”, afirma. 

“O que podemos observar por agora é a presença mais forte de plataformas streaming, uma mudança na valoração das janelas de estreia, presença de muitos festivais onlines, novas formas de consumo e de comunicação dos nossos filmes”, finaliza Talita.

 

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