Baiana System e Academia da Berlinda (PE) fazem show neste sábado (6), no Centro Dragão do Mar

Referências da cena musical nordestina hoje, as duas bandas se apresentam na Praça Verde, com abertura do Samiro (CE)

Escrito por Felipe Gurgel , felipe.gurgel@diariodonordeste.com.br
Legenda: Baiana System chega a Fortaleza com show "Sulamericano", antes de seguir em turnê pela Europa
Foto: Foto: Cadu Andrade

O público dos últimos shows do Baiana System tem aberto uma "roda de índio", embalado pela vibração do novo repertório da banda, baseado em "O Futuro não Demora", o mais recente disco dos baianos. A reação da plateia carrega um simbolismo da trincheira onde se encontra a cultura brasileira em tempos - explicitamente - conflituosos para as manifestações artísticas no País.

"A coisa da roda traz mil sentidos. É ligado à capoeira, aos shows de rock, às tradições populares, ao samba. E no caso do show do Baiana, acontece como algo espontâneo. Falamos de demarcação (das terras indígenas), de tudo que está acontecendo", observa o guitarrista Beto Barreto.

Ele, Russo Passapusso (vocal), Japa System (bateria e percussão) e Marcelo Secco (baixo) retornam a Fortaleza e apresentam o novo show, "Sulamericano", ao lado dos pernambucanos da Academia da Berlinda, neste sábado (6), às 21h, na Praça Verde do Centro Dragão do Mar (Praia de Iracema). A abertura fica por conta da banda cearense Samiro.

"Sulamericano", além de batizar a nova turnê do Baiana System, é o título de uma das faixas do terceiro disco dos baianos. "O Futuro não Demora" já desponta como o álbum mais "consistente" do quarteto, segundo uma série de resenhas da imprensa. No entanto, Beto Barreto destaca que a formação não desiste de propor outra experiência - diferente da escuta do álbum - para o público que vê o Baiana System ao vivo.

A banda está na estrada desde o último dia 11 de maio, quando começou a turnê em Salvador/BA. Depois de Fortaleza, eles seguem para a Europa. "O show é um desdobramento da leitura que a banda fazia sobre o álbum. Inclusive a mudança de palco, de projeções, cenários. Nós experimentamos e tivemos uma resposta incrível, tanto no Audio Pub (em SP), quanto na Fundição Progresso (RJ)", recapitula o guitarrista Beto Barreto.

Sintonia

Yuri Rabid, baixista da Academia da Berlinda, recorda que os pernambucanos e o Baiana System dividiram o palco pela última vez em Petrolina (PE) quase 10 anos atrás, quando ambas as formações não tinham a projeção de hoje. Atração da última programação do Carnaval de Fortaleza, a banda retorna à capital cearense, quatro meses depois, em sintonia com os parceiros.

Legenda: A Academia da Berlinda se apresenta em Fortaleza pela segunda vez neste ano

"Tanto a Bahia, quanto Pernambuco, tem essa coisa de você sintetizar a música do mundo, com sua própria cultura. Eles têm uma cultura percussiva muito forte. E nós o maracatu, frevo", identifica o músico.

Fortaleza 

Além do Recife (PE) e Salvador (BA), Fortaleza (CE) é a terceira capital nordestina que recebe o Baiana System após o lançamento do terceiro álbum. Beto Barreto lembra que, no último show da banda pela cidade (há um ano, no Centro de Eventos do Ceará), os baianos ficaram surpresos com a reação do público local. 

Na sequência da nova turnê, Beto destaca que a banda já chega em Fortaleza com o “show aquecido”. O guitarrista percebe que o diálogo entre os cenários musicais das capitais nordestinas é algo muito presente na concepção do Baiana System.  

“Começou no ‘Duas Cidades’ (álbum de 2016) com a participação de Siba/PE. Com o Otto/PE já fizemos shows incríveis. E todos somos fãs do trabalho do Cidadão (Instigado/CE). Esse diálogo é cada vez maior”, situa.  

Banda cearense é a atração de abertura  

Veteranos do cenário local, os músicos cearenses Cid Carvalho (guitarra e sintetizadores), Jonathan Feijó (guitarra e violão), Jones Vasconcelos (baixo) e Rapha Noflats (bateria) se juntaram ao compositor João Silveira (voz e ukulelê) a fim de criar algo inspirado na brasilidade. O grupo formou o “Samiro”, nome artístico de João, com referência nos repertórios de Jorge Ben, Mundo Livre S/A, Manu Chao, dentre outros.  

A exemplo de formações de Fortaleza como o Casa Maré, o Samiro reúne músicos locais que antes transitavam (ou ainda transitam) pelo rock, entre outros gêneros, em uma experiência estética mais próxima da música popular brasileira.   

"O João tinha algumas músicas feitas no ukulelê. O Cid enxergou um potencial naquilo e chamou o João pra gravar. Foi uma banda que nasceu de um estúdio de gravação. Gravamos primeiro para depois estrearmos nos palcos. Esse será o nosso segundo show", situa o baixista Jones Vasconcelos. 

Serviço
Baiana System, Academia da Berlinda e Samiro

Sábado (6), às 21h, na Praça Verde (Rua Dragão do Mar, 81, Praia de Iracema). Ingressos de R$110 (inteira) a R$65 + 2kg de alimento (social). (3488.8600)

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