Atriz cearense Nataly Rocha, de 'Motel Destino', entra no elenco de 'Vale Tudo'
Com experiências em cinema e na TV, a estreia em novelas é no papel da empreendedora Dalva, que se interessará por Poliana (Matheus Nachtergaele)

Há pouco mais de um ano, a cearense Nataly Rocha passava a colher os frutos do protagonismo no longa “Motel Destino”, de Karim Aïnouz, que marcou a primeira vez de uma produção do Ceará no célebre Festival de Cannes. Agora, a atriz irá acessar outra experiência de visibilidade ao estrear em novelas.
A artista, que celebra em breve 25 anos de carreira, entra no elenco de “Vale Tudo”, atual novela das nove da TV Globo, como Dalva. “Uma mulher de atitude, que vai atrás dos seus sonhos e desejos”, descreve.
A personagem surge como uma empreendedora que irá fornecer insumos para o restaurante da protagonista Raquel (Taís Araújo) e do sócio Poliana (Matheus Nachtergaele), por quem irá se interessar afetivamente. “A chegada dela acredito que vai tensionar ainda mais as questões vividas pelo personagem”, antecipa.
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Estreia em novelas
Esse não é o primeiro trabalho de Nataly na emissora, na qual já participou de temporadas das séries “Justiça” e “Segunda Chamada”. Agora, no entanto, será a estreia no popular formato.
“A forma que cheguei até a novela foi bem especial porque foi um convite”, partilha. O movimento, credita a atriz, veio fruto da “visibilidade interessante” do trabalho dela advinda da repercussão de “Motel Destino”.
A repercussão possível por compor o elenco de “Vale Tudo” é refletida por Nataly. “De repente todo mundo conhece sua cara, seu trabalho”, antevê. A atriz ainda elabora sobre a “flexibilidade” do alcance da televisão atualmente. “Você pode ver num outro horário pelo streaming, muita gente assiste pelo celular”, exemplifica.
O fato de ser uma “obra aberta” também é destacado pela cearense. “Dependendo da personagem, você pode ir ajustando a sua interpretação enquanto o trabalho vai avançando e você tem ali o retorno do público”, aponta.
A atriz, que ainda era bebê quando a “Vale Tudo” original foi exibida na emissora no final dos anos 1980, partilha que assistiu à novela na Globoplay, mas diversos elementos da obra já rondavam o imaginário, como a célebre frase “quem matou Odete Roitman?”.
“Agora acompanhando a nova versão, viajo muito nas escolhas estéticas, na nova forma de filmar e de como algumas questões sociais na trama tem se ajustado aos tempos atuais”, ressalta.
Novos projetos e comemoração de 25 anos de trajetória
Além de “Vale Tudo”, Nataly deve aparecer em outras produções audiovisuais ao longo do segundo semestre. “Depois de ‘Motel Destino’ fiz dois filmes e uma pequena participação na (2ª temporada da) série ‘Cangaço Novo’, que acredito que devem estrear ainda esse ano”, adianta.
Um dos filmes citados é “Morte e Vida Madalena”, de Guto Parente, selecionado na semana passada para a competição internacional do Festival Internacional de Cinema de Marseille, na França.
A produção cearense é protagonizada por Noá Bonoba e tem Nataly, Linga Acácio, Honório Félix e Jennifer Joingley no elenco, além de outros nomes do Estado. A obra foi premiada como projeto em desenvolvimento na 28ª Mostra de Cinema de Tiradentes, no início do ano.
Junto do que já está previsto e anunciado, a cearense também partilha outros projetos, a comemoração para um marco importante da carreira e o desejo de seguir atuando, especialmente, em coletivo.
“Estou em outras produções audiovisuais e pretendo desenvolver um trabalho no teatro comemorando meus 25 anos de trajetória. Desejo realizar muitas coisas pensando sempre coletivamente, contribuindo e também recebendo contribuições valiosíssimas nessa caminhada”, sustenta.
Necessidade real de se reconhecer
O nome de Nataly se junta ao de diversos outros artistas da cena vindos do Ceará e que figuraram ou seguem figurando em trabalhos importantes na televisão. Do pioneiro Emiliano Queiroz a Silvero Pereira, que tem sido presença constante na Globo, cearenses têm se destacado cada vez mais em obras de teledramaturgia.
Mateus Honori, Fátima Macêdo e Lucas Galvino participam da próxima novela “Guerreiros do Sol”; Haroldo Guimarães, Igor Jansen, Jorge Ritchie e Ana Maria Mangeth estiveram no elenco de “No Rancho Fundo”; Suyane Moreira fez “Terra e Paixão”; e Karla Karenina já atuou em “A Força do Querer” e “Velho Chico”, para citar alguns exemplos.
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Para Nataly, a abertura para intérpretes do Ceará e de outros estados na TV vem de “uma necessidade real de consumir outras narrativas, se aproximar de outros modos de existência”. Ganham as produções, os próprios artistas e, em especial, o público.
“Tem muitos atores e atrizes da nossa região que estudam, se dedicam muito, trabalham de forma independente nos seus grupos de teatro, ou mesmo no audiovisual, merecem boas e muitas oportunidades”
“Além de ser um ganho imenso para o público ter a oportunidade de ver muitos artistas de diferentes lugares criando personagens que se aproximam da realidade de quem está assistindo, vejo uma potência enorme de pertencimento, de acesso à nossa diversidade cultural”
"Incentivar a cultura é muito lucrativo", defende Nataly Rocha
As experiências em “Motel Destino” e “Vale Tudo” são somente algumas das mais recentes na carreira de Nataly. A atriz tem trajetória de destaque no teatro e cinema, sendo figura constante em produções do audiovisual cearense dos últimos 15 anos.
Entre obras que participou no cinema do Estado, há “Rânia” (2011), “O Animal Sonhado” (2015) e “O Último Trago” (2016). A carreira no cinema se desenvolveu ao mesmo tempo que o panorama cinematográfico no Ceará.
Em 2024, além da estreia de “Motel Destino” em Cannes e nos cinemas brasileiros, outros sete longas cearenses também estrearam comercialmente, um marco importante do setor.
“Vejo a diferença que as políticas públicas promovem nos últimos anos dentro da nossa cidade por tornarem possível a realização de vários trabalhos seja de jovens ou experientes cineastas. Investir e incentivar a cultura é muito lucrativo e muito mais inteligente, gera muito emprego pra muita gente”
A artista pondera, também, que “muita coisa ainda precisa melhorar”. “Seja sobre os direitos trabalhistas, apoio a produções também do norte do País, etc. Ainda não é um cenário ideal, mas acredito que apesar das dificuldades estamos avançando e lutando por mais direitos”, acrescenta.