"Assim falou Sipaúbas" é o novo livro de contos do professor e escritor cearense Batista de Lima

Colunista do Diário do Nordeste, o autor lança a obra no próximo dia 25, na Biblioteca Central da Universidade de Fortaleza

Escrito por Diego Barbosa e Felipe Gurgel , verso@verdesmares.com.br
Legenda: O novo livro é a terceira publicação de contos na obra do professor
Foto: Foto: Fernanda Siebra

A disposição do escritor e professor Batista de Lima para preparar uma nova publicação surgiu há bastante tempo. "Assim falou Sipaúbas" sucede duas produções dele no gênero: "O pescador de Tabocal" (1997) e "Janeiro é um mês que não sossega" (2002) já compunham a bagagem literária do autor.

A obra será lançada no próximo dia 25 de outubro, às 18h, no auditório da Biblioteca Central da Universidade de Fortaleza, com acesso gratuito.

Membro da Academia Cearense de Letras e professor de Literatura da Universidade de Fortaleza e da Universidade Estadual do Ceará (UECE), o escritor situa que a maioria dos contos deste trabalho já tinha saído na edição das colunas publicadas, às terças-feiras, no Diário do Nordeste. "Eu escrevi de 2002 até agora. E isso também decorreu porque muitos dos leitores que me acompanham, nos doze livros anteriores, ficam me cobrando publicação nova".

Sipaúbas é o lugar que ambienta todas as tramas da obra. O espaço torna-se protagonista da narrativa e, de acordo com o autor, se desenvolve como uma referência de extensão das relações humanas. O texto contorna a possibilidade de fundamentar a memória, ao passo que mitos são produzidos na teia dos afetos e ódios entre as pessoas.

"Nós precisamos da memória como mestra para enfrentar e entender o presente na preparação para o futuro. Sipaúbas é uma vila pequena, quase aldeia, tão pequena que é preciso nela ingressar com cuidado para não sair antes de entrar", adianta Batista.

O escritor descreve, antecipando um aperitivo da obra para os leitores, como os hábitos de Sipaúbas ainda são profundamente ligados à natureza. As famílias plantam o que comem, criam animais, vivem com fé e ainda sonham alto.

O primeiro conto do livro, "Conversa no Alto do Cruzeiro", já tinha uma boa resposta de leitores antes deste lançamento. Indagado se há algum conto pelo qual sinta mais apreço, Batista de Lima compara as histórias que cria como "filhos que a gente tem, não há preferência declarada", afirma.

No entanto, em relação ao processo da escrita, o autor enfatiza que praticamente todos os contos foram desafiadores até a finalização dos textos. "Pintando e bordando", destaca ele, também já caiu no gosto de leitores que conhecem a obra de Batista.

Reflexão

Com o desdobramento do que se passa em Sipaúbas, Batista percebe na pequena cidade fictícia um espelho de vários municípios reais. A reflexão do autor abarca o "tecido de falas" do povoado.

"Considero a fala um comportamento. É da tensão que se estabelece entre o cidadão e seu grupo social, que se constrói a fala de qualquer um", observa.

Questionado o que pode atrair novos leitores para sua obra, Batista identifica que as pessoas estão anestesiadas pela "tragédia do cotidiano, que é difícil uma narrativa que chame atenção. Entretanto, a reinvenção da linguagem, a metáfora, nunca envelheceu. A linguagem precisa ter sua poeticidade", coloca o professor.

Memória

Batista de Lima é categórico ao dizer que "Sipaúbas fala pela boca da memória". O autor enfatiza o apelo memorialista da obra e observa, olhando pra si, o acúmulo de lembranças diversificadas ao longo da vida. Ele revisita - além de uma trajetória de mais de 50 anos em salas de aula - visões da experiência como seminarista e menino de engenho.

"E essa diversidade de comportamentos me ensinou que lá no sítio, com açude e engenho, e na pequena vila, foi onde mais encontrei o comportamento formativo. Daí que fiquei 'lodoso', 'escanoso' e 'doce' com manhãs de açude e tardes de fornalha e rapadura", rememora.

Serviço
Assim falou Sipaúbas

Lançamento do novo livro do escritor e professor Batista de Lima. Dia 25 de outubro, às 18h, na Biblioteca Central da Universidade de Fortaleza (Av. Washington Soares, 1321, Edson Queiroz). Acesso gratuito. Preço da obra: R$ 25. Contato: (85) 3477.3257

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