Obras de autores cearenses são finalistas do Prêmio Jabuti 2020

Jarid Arraes, Bruno de Castro, Tino Freitas, Ary Bezerra Leite, Camila Vieira da Silva e editora Tempo d'Imagem figuram na lista divulgada nesta quinta-feira (22)

Seis livros assinados por autores cearenses são finalistas do Prêmio Jabuti 2020. A lista com os 10 nomes em cada uma das 20 categorias da honraria foi divulgada nesta quinta-feira (22), no site do Prêmio

Do Ceará temos: "Redemoinho em dia quente" (Alfaguara, 2019), de Jarid Arraes; "E, no princípio, ela veio: crônicas de memória e amor" (Moinhos, 2020), de Bruno de Castro; "Leila" (Acabatte Editorial, 2020), de Tino Freitas; "História da fotografia no Ceará do Século XIX" (Independente, 2020), de Ary Bezerra Leite; "Penitentes - Dos ritos de sangue à fascinação do fim do mundo" (Tempo d'Imagem, 2019), de Guy Veloso, com capa de Luisa Malzoni, Isabel Santana Terron e Beatriz Matuck; e "Mulheres atrás das câmeras: as cineastas brasileiras de 1930 a 2018" (Estação Liberdade, 2020), de Luiza Lusvarghi e Camila Vieira da Silva. 

A obra de Jarid Arraes concorre na categoria "Conto", enquanto a de Bruno se enquadra na categoria "Crônicas". Já a de Tino figura na categoria "Infantil"; a de Ary Bezerra na categoria "Ensaios", na seção "Artes"; "Penitentes - Dos ritos de sangue à fascinação do fim do mundo", publicado por uma editora cearense, também está na categoria "Ensaios", seção "Arte" e na categoria "Livro", seção "Capa"; e "Mulheres atrás das câmeras: as cineastas brasileiras de 1930 a 2018" igualmente se encontra em "Ensaios", seção "Artes".

Relatos

"Redemoinho em dia quente" reúne contos sobre mulheres brasileiras que não se encaixam em padrões e desafiam expectativas. Focando nas habitantes da região do Cariri, interior cearense, os contos da autora misturam realismo, fantasia, crítica social e uma capacidade singular de identificar e narrar o cotidiano público e privado das mulheres.

O livro foi vencedor do prêmio APCA, concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte, no ano passado. 

Por sua vez, "E, no princípio, ela veio: crônicas de memória e amor", livro de estreia de Bruno de Castro, reúne 17 crônicas, todas memorialísticas, entremeando lembranças do autor e de sua mãe. 

Com prefácio assinado por Valter Hugo Mãe e posfácio por Socorro Acioli, o trabalho aborda episódios da infância e da fase adulta de Tereza, mãe do autor; em uma das partes, o texto é dedicado à velhice da genitora e narrada pela perspectiva do filho, hoje pai de quem o criou.

Reflexões

Voltado para o público infantil, "Leila", de Tino Freitas, é ambientado no fundo do mar, metaforizando o poder da força vital, do inconsciente e do infinito.

Leila, a baleia, é assediada pelo Barão que, contra a sua vontade, a beija, sussurra seduções, pede segredo e ainda corta os seus cabelos. Calada e petrificada, o terror toma conta de seu ser, e ela desiste de nadar, mas ajudada pelos amigos, retoma a sua essência e a sua voz, dando fim às ameaças do agressor.

No campo do ensaio, "História da fotografia no Ceará do Século XIX", do pesquisador Ary Bezerra Leite, passeia por algumas das principais questões que atravessam a arte de desenhar com a luz no território cearense. 

Publicado de forma independente, trata-se de um generoso apanhado de nomes e eventos que marcaram a fotografia no Ceará em tempos remotos.

"Mulheres atrás das câmeras: as cineastas brasileiras de 1930 a 2018" – escrito pela jornalista, crítica e curadora de cinema Camila Vieira da Silva, junto a Luiza Lusvarghi – reúne 27 artigos que estruturam essa produção cinematográfica por meio de ensaios com recortes temáticos ou focados em figuras de destaque.

Do pioneirismo de Cléo de Verberena (a primeira realizadora mulher), Carmen Santos (produtora, atriz, criadora de estúdios) e Gilda Abreu (roteirista e diretora do sucesso O ébrio [1946]), até diretoras em atividade como Anna Muylaert e Suzana Amaral. A edição também inclui filmografias das realizadoras perfiladas e o “Pequeno dicionário das cineastas brasileiras” ,com mais de 250 verbetes.

Para finalizar, "Penitentes - Dos ritos de sangue à fascinação do fim do mundo", de Guy Veloso é publicado pela Tempo d'Imagem, editora cearense especializada em fotografia, fundada por Tiago Santana e Celso Oliveira.

Na obra, o artista compila o resultado da viagem por 13 estados brasileiros, onde registrou os rituais dos penitentes, irmandades secretas e místicas que, durante a Quaresma e a Semana Santa, saem à noite em procissão rezando pelos espíritos sofredores.

A capa do livro, também indicada ao Jabuti, é assinada Luisa Malzoni, Isabel Santana Terron e Beatriz Matuck.

Relevância

Realizado pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), o Prêmio Jabuti é o mais importante reconhecimento literário nacional.

Em face da pandemia do novo coronavírus, a cerimônia de premiação da honraria, antes programada para setembro, acontecerá no dia 26 de novembro de forma virtual, transmitida pelas redes sociais da CBL, em horário a definir.

Em sua 62ª edição, o prêmio teve 2.599 inscritos e homenageará a poeta Adélia Prado.

Entre os cearenses que já venceram o concurso, estão Ana Miranda, Lira Neto, Socorro Acioli e Mailson Furtado Viana.