O cenário da Lagoa Misteriosa, localizada na cidade de Jardim, no Mato Grosso do Sul (MS), se tornou palco de um "ensaio fashion" debaixo d'água comandado pelo fotógrafo cearense Ruver Bandeira, 50. Apesar de não se haver registros da real profundidade e ser nomeado em torno de um mistério, o local não esconde suas belezas naturais.
Certificado como mergulhador, o professor de geografia que é natural de Fortaleza conta que tem buscado inovar seu repertório no ramo e reforçar este tipo de trabalho no País. Bandeira já foi premiado internacionalmente por seus trabalhos com fotografia subaquática.
No MS, as fotos foram feitas no último dia 23 de junho em trecho conhecido por lembrar uma "caverna afundada".
Duas pessoas foram modelos no ensaio, que foi apenas o segundo produzido no estilo de moda, com roupas. Ruver teve auxílio das fotógrafas Erika Beux, do Rio Grande do Sul, e Natália Pinheiro, de Pernambuco.
VEJA GALERIA DE FOTOS:
Resolvi mudar um pouco o panorama da fotografia de competição nacional e comecei a envolver modelos em fotos. É uma modalidade muito comum no exterior, mas não tanto no Brasil. Pensei em fazer ensaios onde a beleza natural é muito forte. Já tinha estudado a Lagoa Misteriosa e idealizei as fotos
É a terceira vez que o professor visita o território sul-mato-grossense para trabalhar. Na última vez, uma foto das águas cristalinas e paredões rochosos na Lagoa ficou entre as 100 melhores fotos do prêmio internacional "35 Awards", criado pela comunidade de fotógrafos 35photo.pro.
Segurança
Produzir e participar de ensaios subaquáticos demanda muitas medidas de segurança e especialização. Ruver Bandeira contou ao Diário do Nordeste que todos os envolvidos nas fotos clicadas no Mato Grosso do Sul têm experiência aquática.
"Todos somos mergulhadores credenciados e com curso concluído. Eu já tenho nível de mergulhador de resgate. O modelo Iago é instrutor de mergulho e a fotógrafa também tem nível elevado de mergulho".
O fotógrafo comenta que a profundidade maior que chegaram durante o ensaio foi de seis metros. No local, havia equipe médica de apoio.
Um fato definitivo para se obter sucesso neste tipo de trabalho é ter uma boa apinéia — capacidade de ficar debaixo d'água sem cilindros de ar.
Ensaios subaquáticos no Ceará
O cearense também já explorou as belezas do fundo do mar do Ceará. Ruver relata que já fotografou modelos na praia de Itarema, no Litoral Leste do Estado. As localidades escolhidas foram Córrego da Volta e Santa do Córrego.
Uma das fotos feitas em Itarema, inclusive, ganhou medalha de prata no "Prime Brazil 2017", campeonato de fotos subaquáticas.
Bandeira conta ainda que já fotografou o "Naufrágio do Pecém", embarcação que está nas profundezas do mar cearense desde a Segunda Guerra Mundial.
Paixão pela fotografia subaquática
Professor formado em Geografia e atualmente diretor de uma escola municipal de Fortaleza, Ruver afirma sempre ter gosto por mergulhos e fotografia. Mas o foco em ensaios subaquáticos começou entre 2009 e 2010.
Ele começou no ramo mandando fotos para revistas especializadas em mergulho e paisagens subaquáticas, apenas de recifes, peixes e tubarões. Em 2014, começou a competir em eventos nacionais e internacionais.
"A partir daí eu comecei a me especializar em competições de fotografia, iniciando pelo Campeonato Brasileiro de Fotografia Subaquática, o Prime Brazil. Fiquei no pódio em diversos concursos", conta o cearense que já soma quatro primeiros lugares, três medalhas de prata.e uma de bronze.
O artista já teve imagens publicadas em revista como a National Geographic, Revista Mergulho e Dive Mag. Ruver possui um livro publicado, "Olhares Submersos", lançado em 2013 pela Editora LCR.