A Feira da Música de Fortaleza chega à 18ª edição com um formato inédito. A programação do encontro acontecerá totalmente online, desta quinta (5) até o próximo domingo (8), a exemplo da maioria dos eventos culturais que ainda têm ocorrido em 2020, limitados pelas restrições de circulação impostas pela pandemia do coronavírus. Se por um lado o formato retira da Feira seu apelo de reunir as pessoas em torno da cultura, presencialmente; a programação virtual acaba se afinando com a tendência das últimas edições do projeto, em desenvolver novas tecnologias digitais para o cenário musical.
Como acontece a cada edição, convidados locais, nacionais e internacionais vão interagir em função dos eixos da programação. A nova Feira junta algumas atividades que já são tradicionais na grade do evento, como as rodadas de negócios e a feira de expositores (ambas online, este ano). E cria novas possibilidades para o público, em um ambiente "virtual e gamificado" (termo usado no universo dos games), dentre transmissões de cerca de 30 shows ao vivo, uma mostra de mais de 190 videoclipes, oficinas e painéis de ideias e debates (reunindo 60 horas de transmissão de conteúdo formativo e 70 convidados de diversas procedências).
Segundo a produtora Thaís Andrade, uma das organizadoras da Feira da Música, o desafio maior para viabilizar esta edição do evento foi transformar o projeto físico em virtual. Ela recapitula como as produções culturais normalmente têm dificuldade em captar recursos no Brasil. E ainda que, com a pandemia, o cenário ficou mais delicado.
"O País todo lutou para conseguir os apoios emergenciais, a Lei Aldir Blanc. A gente tinha conseguido aprovação num edital de cultura ainda em 2019, mas se viu impedido de fazer o evento presencial. A maioria dos profissionais teve de se readequar, reaprender como produzir, mas eu encaro bem mais como uma oportunidade de poder contribuir com os trabalhadores da cultura, fornecedores. Muita gente vinha passando necessidade mesmo, durante esse período de isolamento", observa Thaís.
A produtora reforça a intenção da Feira da Música em trazer, para o cenário musical, a inovação tecnológica. Bem antes das limitações da pandemia, o evento já tem trabalhado com este foco e Thaís exemplifica esse movimento lembrando da criação, no ano passado, da "Zona de Propulsão" na programação.
O espaço, recorda a produtora, "já era uma entrada para o mundo digital. Houve uma maratona com desenvolvedores e programadores. Daí este ano, com vários parceiros, estamos criando uma plataforma (Oasi), feita de uma forma 'gamificada', tentando trazer a funcionalidade dos games, dos jogos de computador. Pra trazer uma experiência diferenciada, o usuário tem acesso e cria seu avatar para transitar na programação virtual do evento", explica.
Pilares
Embora a inovação tecnológica seja a tônica dos novos rumos da Feira da Música, o evento mantém pilares das primeiras edições do evento, quando o projeto se consolidou como uma referência de negócios da música no Brasil. Tanto a Rodada de Negócios (com cerca de 10 convidados "âncoras") como a Feira de Expositores, reunindo em torno de 30 empreendimentos, seguem na programação durante a edição 2020.
Thaís Andrade identifica como a lógica dessas duas atividades também se transformou, de 2001 até então. Este ano, por exemplo, os "âncoras" das Rodadas de Negócios são de negócios como a distribuição digital (dos fonogramas) e serviços de streaming da música. "A gente foi pioneiro em aplicar essa ferramenta em um evento cultural. Colocamos compradores e vendedores em reuniões pré-agendadas. No passado chamávamos o pessoal de gravadoras, selos, programadores de festivais, gestores de equipamentos culturais. Dessa vez convidamos mais quem trabalha nesse universo digital", detalha a produtora.
Serviço
18ª Feira da Música
De 5 a 8 de novembro. Toda a programação é online e tem acesso gratuito, por meio do site do Sympla. Contato: www.feiradamusica.com.br