Obras inéditas de um dos mais importantes artistas contemporâneos brasileiros poderão ser conferidas a partir desta quinta-feira (5), na sede do Centro Cultural Oi Futuro, no Rio de Janeiro. Luiz Zerbini apresenta, no espaço, a mostra intitulada "Campo Expandido".
Com instalações e intervenções pensadas especialmente para este trabalho – tendo como foco uma profunda reflexão a partir do tripé arte, ecologia e tecnologia – a exposição celebra os 15 anos de funcionamento do equipamento cultural, bem como marca a reabertura do mesmo, fechado desde março deste ano devido à pandemia de Covid-19.
Não à toa, todos os cuidados, alinhados aos protocolos de segurança sanitária dos órgãos responsáveis, serão mantidos para otimizar o período de retorno das atividades presenciais. A própria visitação da mostra só pode ser feita mediante agendamento no site da instituição.
Para quem estiver fora do Rio de Janeiro, será possível conferir a exposição de modo virtual. Em breve, por meio de tecnologia 360º, interessados em todo o mundo atravessarão, por meio da internet, os abrangentes percursos fomentados por Zerbini.
Urgências naturais
Durante coletiva de imprensa virtual, nesta quinta-feira, Luiz Zerbini teceu comentários acerca da nova empreitada sob sua assinatura. Ele contou que sempre gostou de pintar a natureza, prática realizada desde os anos 1980, quando começou a fazer aquarelas.
"Durante esse tempo todo, o trabalho foi se desenvolvendo. Comecei a fazer pinturas, muitas em grande formato, e fui como que montando um vocabulário próprio de imagens que, depois, se transformaram em mesas. Agora, elas ganham esse espaço", contextualizou.
Para o artista, a mostra oferece ao público a oportunidade de imergir em um imenso jardim japonês tropical, com singular variedade de espécies vegetais, reflexo da pluralidade das matas brasileiras. As obras ocupam todo o espaço expositivo do Centro Cultural Oi Futuro, além da fachada lateral de vidro e da claraboia.
Durante oito meses, o trabalho esteve resguardado na sede do Oi Futuro, mantido com redobrada atenção pelo realizador. Neste momento, após momentos de severa pausa compulsória, ela evoca reflexões ainda mais urgentes.
Também presente na coletiva, Roberto Guimarães, gerente executivo de Cultura do Oi Futuro, ampliou o olhar sobre essa questão.
"Estamos reabrindo nosso centro cultural falando de vida, de ar, de natureza, nesse momento em que todo mundo precisa manter a saúde não só física, como mental", sublinhou.
Abrangência
E vida é o que não falta na mostra. O componente natural é trabalho de modo integral, fazendo com que a luz externa ao Centro Cultural possa incidir sobre o interior. Zerbini projetou adesivos coloridos e translúcidos que cobrem toda a fachada de vidro e a claraboia do espaço, aumentando o fluxo luminoso nas dependências do lugar.
Logo na entrada do equipamento, no grande videowall do térreo, será exibido um vídeo inédito, de 20 minutos, produzido durante a montagem da exposição. Por sua vez, subindo a escada, na primeira galeria, o público poderá caminhar sobre o chão coberto de areia num ambiente composto por árvores, plantas medicinais e ornamentais e luz solar.
A peculiaridade nessa seção fica por conta da presença de uma grande “mesa amazônica”, muito comum nos quintais das casas de comunidades ribeirinhas da Amazônia.
Na segunda galeria, passarelas de madeira permitirão contato com a obra instalada no espaço. Ela forma um imenso jardim-floresta com mais de 50 árvores e arbustos, sendo a maioria delas palmeiras de diversas espécies.
Já na terceira galeria, serão expostas quatro monotipias inéditas, medindo 1m x 0,80m cada, produzidas este ano, utilizando folhas de árvores diversas como matriz.
"Com a pandemia, a partir de uma maior tendência de as pessoas começarem a cultivar plantas em suas casas, a gente está entendendo muito mais o papel dessas plantas no planeta. Porque, na cidade, esquecemos até o nome das árvores, por exemplo. Ainda bem que já há essa outra percepção de nossa parte. Espero que isso aconteça cada vez mais", sinalizou Zerbini.
Integração
Tratando-se das ações do Oi Futuro neste momento de maior conexão com o digital, Roberto Guimarães enfatizou que a instituição sempre prezou uma atuação cultural integrada às multiplataformas. A partir da pandemia, iniciativas de caráter híbrido devem se fortalecer cada vez mais.
Agora mesmo, o equipamento cultural sob sua gerência está apoiando, no Ceará, as edições virtuais do Anima Ceará e o Festival de Música de Fortaleza, o que sinaliza a visão das ações no presente e no futuro.
"A gente talvez tivesse um excesso de fisicalidade, de presença de eventos; é preciso se reinventar para o digital", pontuou o gestor.
Serviço
Exposição Luiz Zerbini – Campo Expandido
De 5 de novembro a 13 de dezembro de 2020, no Centro Cultural Oi Futuro (Rua Dois de Dezembro, 63 - Flamengo). Exposição virtual em breve, no site do equipamento. Visitações presenciais: de terça a domingo, de 11h às 13h, 13h30 às 15h30; 16h às 18h, mediante agendamento aqui ou pelo telefone (21) 3131-3060. Entrada franca.
*O repórter participou da coletiva virtual a convite do Oi Futuro