Longos minutos tentando escolher o melhor filme ou série para assistir: não mais. Aplicativo criado por um nordestino promete economizar tempo e energia nesse processo a partir de uma curadoria própria de cinema, TV e streaming. Bem-vindo ao Chippu.
A plataforma foi lançada durante a pandemia de Covid-19 e alcançou um milhão de usuários ativos no último dia 31 de julho. Um triunfo na esteira de outros: foram mais de 250 mil downloads, 1,5 milhão de visualizações, três milhões de dicas, 45 mil críticas escritas e mais de 850 mil avaliações de filmes feitos dentro do sistema.
Mas, afinal, por que o projeto tem feito tanto sucesso? Que atrativos ele guarda na manga para os aficionados por audiovisual? “O Chippu te dá opção de pedir uma dica falando o gênero do filme que você quer assistir e a plataforma onde ele está”, explica Thiago Romariz, 34, jornalista fundador do aplicativo, residente no Canadá, mas nascido em Maceió (AL).
“Mostramos sugestões a partir de um algoritmo próprio, diariamente atualizado para que você não só veja o filme que estava querendo assistir, mas conheça algo diferente, uma coisa nova dentro do serviço que você já tem”. Testamos o aplicativo e, de fato, a teoria se comprova.
Na tela inicial, existem as categorias “Em Alta”, “Comunidade Chippu”, “Notícias” e “Escolhas da equipe”, com amplo catálogo de títulos. No rodapé, por sua vez, o ícone do app reserva a opção “Uma dica”. Ao clicar, você responde às perguntas “O que você quer ver?”, “Qual o gênero?” e “Qual plataforma?”. Escolhemos Filme - Drama - Telecine.
Na sequência, o Chippu trouxe um recorte de quatro tipos de longas para escolhermos (“De época”, “Romântico”, “Baseado em fatos” e “Alternativo”). Fomos de “Romântico” e o resultado foi o filme “Diana” (2013), dirigido por Oliver Hirschbiegel, com Naomi Watts.
Nessa mesma tela, há a nota da equipe Chippu e a nota da comunidade em geral, além de informações como sinopse, elenco, críticas em destaque e a possibilidade de você escrever sua própria crítica.
“A diferença da dica de séries é que, ao invés de pedirmos apenas o gênero e a plataforma para você escolher, perguntamos quanto tempo você tem (se 30 minutos, 1 hora ou se deseja maratonar), entregando um resultado a fim”, explica Thiago.
O sistema ainda possibilita que você crie o seu próprio perfil, no qual são computados o número de avaliações feitas; quantos filmes, horas e episódios assistidos; sua lista de favoritos; e uma playlist, na qual é possível ranquear as produções. Você também pode seguir amigos e pessoas em geral que usam a plataforma.
Detalhe importante: as dicas no Chippu vêm de duas formas. Podem ser diárias ou instantâneas. Os curadores do aplicativo sugerem filmes e séries baseadas no perfil dos usuários, uma por dia, e mostram onde achar o produto e porquê assistí-lo. Mas caso o desejo seja escolher um filme ou série a qualquer momento, basta tocar no botão “Quero uma dica” que o app indica o programa ideal para aquele momento.
Competição, não: união
Além de otimizar para que a gente não passe horas e horas em frente à TV sem saber o que assistir – ou, no fim das contas, retornando aos mesmos títulos de sempre – o Chippu é interessante porque une algoritmos à curadoria humana. Isso se reflete no modo como a plataforma se moldou com o passar do tempo, atendendo aos apelos do público.
Não à toa, uma das características mais valiosas do sistema é compreender que cinema e streaming não se excluem, mas se complementam. Tomemos o caso do filme “Barbie”. No app, você não apenas consegue comprar ingressos para assisti-lo no cinema preferido de sua cidade, como também, após a experiência na telona, conferir conteúdos afins.
Há uma playlist com várias dicas de filmes dirigidos por Greta Gerwig – incluindo a indicação do streaming onde eles estão – e outros estrelados por Margot Robbie. A mesma lógica se aplica se você for assistir a “Oppenheimer” ou outra obra em cartaz neste momento.
“Desde o primeiro dia que a gente criou o app, a ideia foi fazer com que as pessoas tivessem a melhor experiência na forma de entretenimento que elas possuem. Assim, temos uma preocupação muito grande de ouvir a comunidade sobre o que ela está fazendo e o que precisa. E o mais bacana: não precisamos acertar todas as dicas”.
A intenção, inclusive, é exatamente esta: fazer com que o Chippu converse com a audiência, mas entregando a possibilidade de o público se surpreender com os resultados. Ou seja, não é desejo do aplicativo “acertar” a dica para que você olhe o título sugerido e pense: “Era exatamente isso que eu queria”. Importa mais a reação, “Poxa, nunca vi esse filme”.
“Até hoje a minha preocupação está relacionada a como podemos atualizar o app para que o funcionamento fique melhor, e como colocar novos features (funcionalidades) dentro dele para que as pessoas continuem a usá-lo cada vez mais. Foi o que fizemos agora: nessa última atualização, você pode escrever suas críticas no aplicativo e compartilhá-las no instagram, além de mostrar para todo mundo o que você está assistindo e criar playlists fazendo sua própria curadoria”.
Curadoria é o futuro
Tantos detalhes específicos e super úteis para a comunidade cinéfila é reflexo do fundador do Chippu. Thiago Romariz desenvolve relação com o cinema desde pequeno, tendo trabalhado no portal especializado Omelete e nunca desgrudando da sétima arte – apesar das diferentes ocupações.
Quando decidiu apostar, junto a dois amigos, no universo de startups e tecnologia, esse pareceu o caminho inevitável: falar do que ama por meio de um projeto inovador.
Para ele, a curadoria é o futuro de qualquer serviço. “Sempre acreditei que esse amontoado de streaming que a gente vê vai se concentrar cada vez mais. Só que precisamos de serviços com curadoria humana e que, principalmente, consigam entender o que o usuário necessita”, defende o empresário.
“Não é só você viver enfurnado nos algoritmos desses serviços – até porque eles podem te apresentar algo bom ou ruim, a depender do que querem te mostrar. É preciso ter uma curadoria humana por fora deles que consiga mostrar o que você pode aproveitar”.
Entre as próximas novidades do Chippu, estão uma aba de atividades para que você veja a movimentação das pessoas no aplicativo – as críticas que escreveram, os filmes que assistiram; uma aba pra ver exclusivamente a curadoria do app em serviços específicos (por exemplo, na categoria “Netflix”, consultar o que a equipe escolheu como melhores obras); e, até o fim do ano, lançar o aplicativo em outros países e ter uma assinatura própria, com benefícios para ass pessoas que aderirem.
“Também vamos fazer um marketplace de assinaturas, no qual o Chippu será o lugar para você organizar as assinaturas que você possui – não só de streamings de filmes, mas também de outras plataformas, a exemplo de Spotify e YouTube”, adianta Thiago.
“Acho que o cinema está sentindo, por isso precisamos de serviços melhores. A questão é que entretenimento não tem serviço nenhum. Existem sites e influenciadores, e acabou. Não há um serviço que te ajude a navegar naquele mundo. Então acredito que o Chippu pode colaborar bastante nesse universo a partir de três Cs: curadoria, comunidade e conteúdo”.
Assim, o que começou como uma forma de evitar receber mensagens da mãe pedindo dicas de filmes, pode se tornar algo ainda maior: “Tudo nasce pela comunidade. As pessoas ditam o comportamento e as regras das coisas. O Chippu simplesmente é um veículo para que a gente consiga melhorar essa voz”.