Biblioteca comunitária de Fortaleza publica revista sobre caráter transformador da leitura

Nascida durante a pandemia, sexta edição de “A Biblioteca de Dia” é lançada nesta quinta-feira (15)

Em meio às recentes tentativas de cerceamento das possibilidades de leitura pelas camadas menos favorecidas da sociedade, uma ação para iluminar o terreno e ir na contramão do silêncio. A revista digital “A Biblioteca de Dia” – iniciativa da Biblioteca Viva, localizada na periferia de Fortaleza – chega à sexta edição nesta quinta-feira (15).

No mais recente número, a publicação tem como temática principal “A Biblioteca escolar como projeto educacional”. Sendo assim, continua a perseguir o objetivo primeiro do projeto, gestado em julho do ano passado: apresentar o quanto o universo pertencente à leitura e às bibliotecas é rico.

“Nós acompanhamos a experiência da Coletiva, uma revista produzida pela Livro Livre Curió, e a ideia pareceu interessante”, explica Raphael Montag, editor e um dos colaboradores do material. Ele situa que o título da ação é inspirado em “A biblioteca à noite”, obra na qual o argentino Alberto Manguel reflete sobre o lugar do livro e da leitura na cultura e na vida das pessoas.

Esse caráter plural ratifica a sede de diálogos do exemplar da Biblioteca Viva. Entre os assuntos trabalhados nas páginas, está o universo da mediação de leitura, biblioteconomia, literatura, poesia, filosofia e ciência. A sexta edição da revista, bem como os números anteriormente publicados, podem ser adquiridos no valor de R$10 por meio deste link, no perfil da biblioteca no Instagram ou por telefone.

A contribuição estará apoiando não somente o projeto, mas também os trabalhos da casa, sediada no bairro Barroso. As atividades vão desde o empréstimo de livros à formação de leitores e escritores. 

Esforço coletivo

Todo o conteúdo do material é produzido por gestores da Biblioteca Viva e bibliotecários parceiros. Além disso, conta também com a participação de frequentadores do espaço e de outras bibliotecas comunitárias afins e seus respectivos idealizadores.

Raphael Montag conta que a revista era produzida mensalmente; hoje, contudo, é lançada a cada dois meses, algo que não diminui a relevância e inserção dos assuntos trabalhados no expediente dos leitores. 

“Cada edição tem temáticas principais, que saem na mais importante seção da revista, também chamada Biblioteca de Dia. Nós já trouxemos temas relacionados à Biblioterapia, à literatura infanto-juvenil e, hoje, resolvemos falar sobre a importância das bibliotecas escolares como parte crucial da escola”, detalha o editor.

Outras seções possíveis de serem conferidas no exemplar são “Literatura no Lago”, com contos, poemas e crônicas diversas; “Leitura Viva”, inaugurado no mais recente número, em que frequentadores das bibliotecas falam sobre o próprio processo de formação enquanto leitores; e “Itinerário”, a respeito de outros projetos presentes na cidade envolvendo o mesmo universo.

Há ainda “Copernicana”, com textos sobre ciência, filosofia e história; e “BaRRósas”, composta por produções de um coletivo de mulheres formado no Barroso. “A revista tem tratado de temas relacionados à pandemia e, pelo custo de produção, nós ainda a disponibilizamos somente na modalidade virtual. Imprimi-la, um dia, para que possa ser compartilhada em diversos espaços de Fortaleza, é um sonho”, confessa Raphael.

Laços mantidos

O fato de permanecer em contato com as pessoas que fazem a Biblioteca Viva – seja junto à gestão da casa ou apenas a frequentando – também foi motivo para a criação de “A Biblioteca de Dia”. Antes da pandemia de Covid-19, o plano era publicar um livro sobre o projeto; o novo contexto, porém, otimizou a realização dele de modo virtual e abraçando uma publicação sequenciada.

“Nos mais de quatro anos de Biblioteca Viva, nós pudemos ver o quanto uma biblioteca transforma a vida das pessoas por tudo aquilo que ela representa. Então queremos pensar, junto a outros espaços ao redor da cidade, nessa ideia de intervenção e aprender a elaborar isso de maneira mais efetiva, com mais propriedade”, contextualiza Raphael.

“Eu mesmo, enquanto editor e colaborador da revista, também aprendi muito ao ter contato com os textos que recebo de outros. Penso que, nos tempos atuais, ocorre um crescimento de iniciativas de leitura e, ao acompanhar ‘A Biblioteca de Dia’, o leitor poderá perceber o quanto esse movimento é potente. Ela ajuda a sociedade a questionar, inclusive, a noção de que a leitura é produto exclusivo de uma determinada elite intelectual, com poder aquisitivo”, completa.

Com a nova edição no mundo, professores também são convocados a trabalhá-la durante as aulas, entendendo a iniciativa como um canal de aproximação dos alunos com o universo da leitura e da biblioteca. 

É, sem dúvidas, um ponto de referência bibliográfica para comunicar novidades e pensamentos, mas também refletir acerca do direito à leitura e à cidade. “Um tema essencial em um momento em que ideias sobre armamento da população e a taxação de livros assombram nosso país”, conclui Raphael Montag.


Serviço
Sexta edição da revista “A Biblioteca de Dia”,  idealizada pela Biblioteca Viva
Disponível para compra neste link; por meio do perfil do Instagram da Biblioteca Viva; ou por meio do número (85) 99778-9928. Valor: R$10