“Acaba sendo terapia aberta”, comentam Sandy e Júnior sobre novo documentário com história da dupla

Produção audiovisual estreia na Globoplay nesta sexta-feira (10) com sete episódios no total

Escrito por Mylena Gadelha , mylena.gadelha@svm.com.br
Legenda: 'Sandy e Júnior: A História' reúne momentos da carreira da dupla e depoimentos de familiares, amigos e artistas que participaram da carreira dos dois
Foto: divulgação/Jairo Goldflus

Com 30 anos de carreira em dupla e 13 desde o fim oficial da caminhanda juntos na música, agora tanto Sandy como Júnior parecem prontos para mostrar os detalhes do que construíram no meio artístico. "Encaro isso como uma sorte muito grande", opina Sandy, de cara, durante coletiva na tarde desta quinta-feira (9) para falar sobre o lançamento do primeiro documentário sobre a dupla, o 'Sandy e Júnior: A História', com estreia marcada para sexta (10) na Globoplay. O material, que chega com sete episódios, reúne imagens inéditas de apresentações, do convívio entre irmãos e de como ambos lidaram com questões importantes enquanto cresciam como grandes nomes da música pop no Brasil

A ideia do documentário, eles contam, começou no ano passado, em meio à correria dos shows da turnê de comemoração aos 30 anos, na qual realizaram 16 apresentações em solo brasileiro e outros dois, um em Portugal e um nos Estados Unidos. "A gente acabou tendo a oportunidade de reviver, de dar uma pincelada no que é uma grande parte da nossa vida e carreira. Olhar pra tudo isso com a cabeça de agora, com 36 e 37 anos, e poder analisar isso com a mentalidade de agora é muito legal", explicou Júnior ao falar sobre como toda a trajetória moldou a personalidade dele e da irmã, além de impulsioná-los dentro do cenário musical.

Visivelmente felizes com o lançamento, os dois brincaram, se emocionaram ao falar do amor dos fãs e fizeram questão de ressaltar o amadurecimento com o passar dos anos, já que começaram a cantar oficialmente muito cedo, ainda em 1989, durante aparição em programa de TV. Os shows do ano passado, inclusive, são descritos por eles como importantes para conceder dimensão ao trabalho que realizaram juntos.

"Eu acho que agora a gente tem o distanciamento necessário para poder contar isso como meio quem vê de fora. Sem se abalar, sem correr riscos emocionais", explica Sandy. Segundo ela, as imagens do documentário serviram até mesmo para eles como maneira de recordar momentos bons e ruins passados na rotina intensa de anos entre palcos e bastidores. 

Legenda: Segundo Sandy, não existe a possibilidade de uma nova reunião da dupla no futuro. Agora, ela revela, cada um deve focar nos projetos individuais de carreira solo
Foto: divulgação

Enquanto isso, também sobre a mesma questão, Júnior afirma que, hoje, é possível "enxergar de outra forma" as experiências. "Já pudemos amadurecer isso que vai ser visto, internalizar, acaba sendo uma terapia aberta. Acabamos cutucando coisas muito profundas que já vivemos, mas é algo que faz parte da nossa história", diz. No meio da entrevista, se divertindo, chegou a brincar e rir sobre como a psicóloga na vida real opinaria sobre os fatos mostrados nas cenas.

Reunião

Para se unir aos depoimentos dos dois, inclusive, familiares, amigos, pessoas próximas e outros músicos também integram a costura do documentário original como uma forma de mostrar, de certa forma, o impacto que causaram em diversos âmbitos. Em meio a horas de filmagens, muitas delas feitas ainda na casa onde moravam com os pais, Noely e Xororó, foi necessário selecionar o que iria para a produção audiovisual. "Foram muitas horas de material, imagens pra decupar e unir. Coisas que a gente até nem lembrava mais", brincou Sandy.

Além dos anos iniciais, os momentos dos shows realizados em 2019 são parte importante do lançamento. Ainda em julho do ano passado, quando iniciaram a turnê, já pareciam ter consciência de que a etapa seria outro divisor de águas na história da dupla. "Aquilo foi feito pensando nos nossos fãs e agora estamos aqui também por causa deles, porque pediram muito tudo isso", diz. Mesmo assim, descartam uma nova reunião e afirmam uma ansiedade para a retomada da carreira solo, cada um no seu lugar. 

Ao passo em que se diz orgulhosa de todos os acontecimentos com a dupla, Sandy revela que a carreira como cantora deveria ter sido foco este ano. "Está meio complicado trabalhar nesse período, do ponto logístico, inclusive", comenta. Até então, os planos para lançamento de disco não tem prazo, mas ela espera poder lançar projetos "mais soltos" até o fim do ano.

Legenda: Segundo Júnior, os desafios durante a pandemia têm sido diversos e ele tem procurado utilizar a música para alcançar o público que o acompanha
Foto: divulgação

Críticas e crescimento

Falando sobre a oportunidade de rever momentos marcantes em tela, Sandy e Júnior também gostam de lembrar que a carreira foi cheia de momentos bons, mas os momentos difíceis também existiram. Se ano passado Júnior foi apontado diversas vezes como destaque nas apresentações, o artista revela ter sofrido com as críticas negativas feitas ao longo dos anos. 

"Eu sempre tomei críticas e porradas ainda adolescente e tive a sorte de assimilar essas coisas sempre como desafio, como gasolina para correr atrás das coisas. Foi algo que acabou me projetando para isso. Tinha hora que eu sentia raiva e isso me machucou muito por bastante tempo", afirma ao lembrar sobre os elogios recebidos pela dedicação nos últimos shows.

Para Sandy, o momento é bonito justamente pela certeza da aceitação interna dentro de cada um deles e ao aceitar tudo de "forma nua e crua" abre inúmeras possibilidades. "Eu estou pronta para receber o que vier e por isso que a gente fez nesse momento, já tendo vivido toda nossa trajetória como dupla". 

Entre tópicos como a saudade e a capacidade de ainda alcançar novos públicos para a legião de fãs que já possuem, Sandy e Júnior demonstram no olhar a felicidade por manter algo sólido da mente de uma geração, formada em maioria por jovens dos anos 90. Não escondem também a emoção ao expandir o caminho que trilharam por meio do documentário e também já alertam os fãs: o 1º e o 4º episódios são os mais tocantes, na opinião deles.

Em meio a um momento complicado em todo mundo, quando uma pandemia afeta diversos lugares no Brasil, eles ficam ainda mais felizes em poder contar com a nostalgia para levar felicidade por aí. "É algo muito grande poder oferecer um conteúdo para quem gosta da gente, saber que agora muita gente vai poder se alegrar mesmo com tanta coisa triste. É muito gostoso saber que estamos fazendo algo bom para pessoas que curtem nosso trabalho", finaliza Sandy. 

Para os admiradores da dupla, eles lembram que o que fica é mais um pedacinho da avalanche de alegria do ano passado, quase uma recordação do segundo encerramento da carreira dos dois nos palcos.

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