A volta às aulas pode interferir no comportamento das crianças

Psicoterapeuta Camilla Alves alerta sobre os cuidados que os pais devem ter com os filhos nos seus primeiros dias na escola, ou mesmo nas mudanças de rotina

Escrito por Redação ,

Deixar a "zoninha" de conforto, no aconchego do lar e da família, para enfrentar uma nova etapa da vida que está recém-começando. A volta às aulas é sempre permeada de medos e de incertezas por parte dos pais que vão ingressar seus filhos em creches/escolas, ou mesmo no caso dos mais crescidinhos que deverão passar por mudanças de série, professores, coleguinhas e até de colégio.

Esse processo de adaptação entre pais, alunos e escola pode ser longo e doloroso, mas tudo vai depender da personalidade de cada um, segundo a psicoterapeuta infanto-juvenil Camilla Alves. Ela acrescenta que um dos problemas da adptação é a ansiedade. Entre os sintomas, os pais precisam observar alterações no comportamento do filho, como choro intenso, repulsa em estar na escola, dificuldades durante as refeições e comprometimento do sono.

"Este momento requer paciência, acolhimento e respeito ao ritmo da criança. É preciso evitar manifestações como: 'Isso é besteira! Você sabe que eu volto!' ou 'Não chore'. Para muitas delas isso é doloroso", orienta. A psicoterapeuta ainda acrescenta que de entre 0 a 3 anos, a criança passa pelo processo de individualização dos pais, ou seja, ela percebe-se um ser separado dos pais. Assim, essa fase, somada às experiências escolares, são mais difíceis para os pequenos.

Aperto no coração

Comer e calçar as sandálias sozinho. Assim descreve Carolina Barreto sobre algumas ações independentes adquiridas por João Lucas, hoje com 3 anos, logo após os dois meses do ingresso na escolinha, à época com 1 ano e 8 meses. A mãe ainda lembra com admiração do aprendizado rápido da fala logo depois de iniciar a rotina na creche.

pai

O momento também é de adaptação para os responsáveis que deixam os filhos na escola. Eles sofrem com a separação e com os receios da nova etapa na vida do filho. Jaime Neto, de 2 anos, começou a frequentar a creche neste mês, e a experiência tem causado aflição no pai do garoto, Jaime Júnior. "Ainda não houve uma separação como esta. É algo muito recente, dá uma angústia de vê-lo chorar, às vezes, procurando por nós (pais). É uma das sensações mais complexas que já passamos desde o nascimento dele", descreve.

Em circunstâncias como esta, a psicoterapeuta Camilla Alves orienta aos pais a terem paciência consigo. Ela explica que o processo de "dividir o filho com o mundo" leva um tempo para ser digerido pelos responsáveis. A profissional aconselha eles a aproveitarem o período da chegada em casa, depois da escola, para dar bastante atenção e passar um momento especial ao lado d a criança.

Com o "coração apertado", a fisioterapeuta Denise Lemos passa por situação semelhante com Ryan Aguiar, 2 anos, que entrou neste mês para a escolinha. Até então, o menino estava acostumado a conviver apenas com familiares, e por receio dele não se adaptar, os pais optaram por não colocá-lo na creche mais cedo.

A partir de uma base sólida entre família e escola é possível prestar maior apoio à criança. Afinal, a confiança dos pais na instituição, onde o pequeno vai estudar, será repassada ao filho. A psicopedagoga e coordenadora de escola, Aracy Costa, ressalta que o colégio poderá oferecer atividades lúdicas e espaços aconchegantes para melhor acolher os pequenos.

A coordenadora acrescenta ainda a necessidade de uma reunião entre os pais e a escola antes do início das aulas. Desta forma, a instituição vai conhecer melhor a criança e poderá apresentar o planejamento do aluno. Assim, a família estará mais preparada e segura para fazer a introdução na nova rotina.

É importante que os pais fiquem atentos, pois o tempo de adaptação varia, ou seja, só vai acontecer no momento em que a criança compreender que o espaço da escola é de descobertas e aprendizados. Neste ambiente coletivo, a proposta é que todos possam aprender a compartilhar brinquedos, objetos, amizades e bons sentimentos.

Confira as orientações para os primeiros dias na escola:

  • 1. O tempo de permanência da criança na escola é reduzido na primeira semana, sendo ampliado a cada dia, minimizando assim uma possível sensação de abandono. 
  • 2. Salas devem ficar abertas para despertar a curiosidade e acesso das crianças, sem necessidade de impor a entrada das mesmas. 
  • 3. Cuidado com a audição. Nada de som alto, nem em excesso. Algumas crianças ficam assustadas com barulho, pois não estão acostumadas. 
  • 4. Procure hidratar sempre os pequenos, geralmente as atividadesão de movimentos.
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