Opinião: Quais são os predicados essenciais para o microempreendedor?

Confira artigo do pesquisador e professor Wilson Linz, da Universidade de Fortaleza

Em uma época a apresentar elevada concorrência e extraordinária oferta de variedades de bens e serviços, se torna obrigatória a adoção de uma postura empresarial alicerçada na capacidade de desenvolver e lançar produtos a uma expressiva velocidade, além da competência em se antecipar as mudanças vivenciadas no cotidiano no intuito de obter desempenhos positivos à condução de um negócio.

A realidade atual exige reflexões acerca de quais opções são as mais capacitadas a provocar resultados empresariais favoráveis, pois, a todo momento surgem novos produtos, e hábitos de consumo se modificam de maneira nunca antes observado.

A tecnologia vem interferindo de modo contínuo nas mais variadas ações humanas, aumentando capacidades produtivas e, ao mesmo tempo, barateando custos e despesas. Até ontem, os mais antigos adquiriam itens de marcas consagradas e mantinham certo grau de fidelidade a estas, mas, hoje, os itens e serviços apresentam níveis de qualidade tecnológica similares, pulverizando a história de que boa é marca "X".

Nestes dias turbulentos, a originalidade representa fator de elevada importância, haja vista disponibilizar algo já existente com atributos distintos e/ou lançar bens e serviços inéditos, constitui variável geradora de vantagem no instante de uma decisão de compra. Inovação tem sido utilizada como decorrente da apreensão e uso de conhecimentos tecnicamente aplicados como se tudo que é novo fosse, obrigatoriamente, atrelado a tecnologia. No entanto, esta é apenas uma ferramenta a auxiliar na externalização do potencial criativo naturalmente presente no ser humano, não importando grau de instrução, idade, sexo, etc.

De acordo com o Global Entrepreneurship Monitor (GEM), em 2019, o Brasil atingiu o número de 52 milhões de habitantes com negócio próprio. Esta informação expõe o País como um cenário no qual o empreendedorismo se destaca, principalmente, quando se verifica a significativa quantidade de empresas de pequeno porte a ofertarem portfólios de produtos os mais diversos possíveis.

A responsabilidade em produzir e comercializar itens e serviços com características de diferenciação força o pequeno empresário a uma postura flexível, antenada com as ocorrências do dia a dia, além da posse de uma visão de mercado habilitada a perceber possíveis alterações nos comportamentos da clientela, identificando hiatos nas ofertas e insatisfações, transformando tais condições em atributos de seus produtos.

Embora a inventividade seja mola propulsora da inovação, em especial, quando unida com processos tecnológicos, o empreendedor de pequeno porte, mesmo não dispondo de recursos para adquirir tecnologia, precisa encontrar meios onde possa acessar condições facilitadoras à transformação de suas ideias em um negócio e/ou produtos. Escolas e universidades, instituições públicas e privadas de amparo ao empreendedorismo, bem como, a descoberta de possíveis investidores, representa ação de enorme valia.

No entanto, para o encontro do tão sonhado apoio, há a necessidade de se elaborar documentos formalizados a fundamentarem análises de viabilidades financeiras, técnicas e comerciais de um item e/ou serviço, pois, não basta ter uma boa ideia, mas esta se provar capaz de ser levada a efeito.

A complexidade do mercado e a enorme concorrência, sem cessar, originam brechas de oportunidades, notadamente, àqueles a possuírem a competência em criar, ousar e, acima de tudo, compreender que o mundo é dinâmico e sempre haverá alguém querendo consumir algo.

Contudo, se faz obrigatória máxima atenção no desenvolver de produtos, especialmente, quando qualquer erro traz consideráveis prejuízos às MPEs. Como a inconstância é permanente, a inovação é palavra mágica no século XXI, porém, ter a coragem de oferecer originalidades passa, inevitavelmente, por um repensar acerca das distintas maneiras de se fazer algo, rompendo muitas vezes com todo um histórico de ação empresarial.

Deste modo, queijos são oferecidos em tipos e embalagens totalmente dissociadas do dantes ofertado, peças do vestuário utilizam matéria-prima anteriormente vista como inviável ao manuseio e uso, sabores são adicionados a alimentos, enfim, em um universo onde o infinito está presente no criar, inventividade, tecnologia, visão de mercado e competência em fazer parcerias se tornam predicados essenciais ao empreendedor. 

Wilson Linz

É administrador de empresas (Unifor). Pós-graduado em Gestão Empresarial (Uece), com mestrado em Marketing (Unifor) e doutorando em Ciências da Cultura (UTAD-PT). É professor da Unifor, consultor empresarial nas áreas de criação e organização de negócios e desenvolvimento de produtos e mercado. Consultor técnico EGES. 


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