A era pós-coronavírus desafia as empresas a tomarem decisões mais assertivas e orientada a dados.
Um vocabulário repleto de siglas e palavras estrangeiras avança sobre a cabeça dos empreendedores há alguns anos. As leituras de cabeceira falam de IA (inteligência artificial), machine learning (aprendizado de máquina), Big Data e analítica de dados. De forma simples, isso significa que o rumo da gestão segue para a análise de dados com apoio de ferramentas digitais saindo do caminho no qual a intuição e a experiência dominavam.
Durante a pandemia todas as empresas migraram em alguma medida para o universo digital e para a cultura do trabalho em casa. Os processos de compra, venda, armazenamento e entrega foram virtualizados e meios de comunicação informais ganharam em importância. O vendedor recebe o pedido por software de mensagens e encaminha para o estoque que executa a separação. Com a confirmação do pagamento, ou por transferência eletrônica, ou cartão de crédito aciona-se um serviço de entrega, também por aplicativo, para que a mercadoria chegue ao destino do cliente.
Essa transformação digital potencializada pela crise da Covid-19 é definitiva. As funções administrativas ora desempenhadas em ambiente hostil e sem planejamento precisam ser incorporadas ao cotidiano das organizações. O hábito de compra do consumidor também mudou, e a máxima de conhecer o cliente torna-se mais decisiva para conquistá-lo.
Enfim, precisa-se mudar a cultura analógica da organização e migrar para esse novo método de se gerar riqueza, no qual todas as fases terminam no armazenamento de dados de pessoas, produtos, finanças ou processos.
Sem dúvida qualquer mudança de cultura organizacional depende da postura adotada pelos empreendedores, executivos ou líderes no sentido de implantá-la. Assim, o gestor necessita orientar a estratégia da empresa para incorporar esse novo modelo e obter os melhores resultados. Para tanto, é importante entender que o histórico das transações realizadas, em todos os níveis da organização, deverá ser analisado e utilizado para compreender as necessidades do consumidor ou aumentar a eficiência da operação.
A estratégia adotada deve considerar o treinamento das equipes para que todos compreendam a importância e saibam utilizar os dados para decidir em suas alçadas. Sistemas de incentivo para autodesenvolvimento e para iniciativas de sucesso aceleram a adoção das práticas pelos colaboradores. Além disso, sistemas de controle e coordenação efetivos que possibilitem a rápida correção de rumos durante falhas aumentam a confiança e aceitação dessas novas competências.
A inteligência artificial, que outrora assustava, está incorporada às ferramentas digitais utilizadas para divulgação em mídias sociais entregando relatórios ou mensagens personalizadas por cliente. Ao passo que o negócio amplia o número de transações em um aplicativo de vendas online o mesmo modifica a forma de apresentação para atrair o cliente, ou seja, a máquina aprende e escolhe qual a melhor disposição de sua “vitrine virtual”. O sistema de gestão do estoque automaticamente informa os estoques abaixo do limite e podem, inclusive, realizar o pedido de reposição.
A grande massa de dados que são armazenados em diversos lugares no mundo digital é o Big Data. Informações estão desorganizadas e escondidas dentro desse universo em expansão. A compra, o fornecedor, o produto, a notícia de jornal esperam por uma mineração que transforme uma pedra bruta em uma preciosa decisão. A inteligência de montar esse quebra-cabeça é o que conhecemos por analítica de dados.
A tomada de decisão que gere valor para o negócio é resultado de uma análise criteriosa e efetiva de diversas fontes de dados. Contudo o sucesso da empresa orientada a dados depende da capacidade do líder de conduzir as pessoas nessa direção.
Josimar Souza Costa
Atualmente é coordenador dos cursos de Administração e Comércio Exterior da Universidade de Fortaleza. Doutor em Administração de Empresas pela Universidade de Fortaleza e mestre em Administração e Controladoria pela Universidade Federal do Ceará. Experiência em gestão pública com foco na gestão de projetos estruturantes.