Escola infantil investigada por maus-tratos dava medicamentos para bebês dormirem

A medida era uma orientação da diretora e proprietária da instituição paulista, segundo a Polícia

Escrito por Redação ,
Montagem com frame de vídeo em que bebê dorme em banheiro de escola e com a foto da diretora da instituição, Roberta Regina Rossi Serme
Legenda: Suspeita ainda mandava funcionários cobrirem os rostos dos alunos com cobertores com o intuito de "abafar o choro"
Foto: reprodução

A diretora e proprietária da Escola de Educação Infantil Colmeia Mágica, Roberta Regina Rossi Serme, teve a prisão decretada, na segunda-feira (21), após a investigação da Polícia Civil indicar que ela ordenava que funcionárias dessem dipirona para que as crianças dormissem. O caso aconteceu na Zona Leste de São Paulo. 

Em vídeos publicados nas redes sociais é possível observar estudantes da instituição chorando e com os braços amarrados por panos. Eles ainda aparecem recebendo alimentação em um banheiro. 

Uma das professoras da turma de 3 a 4 anos declarou, em depoimento, que uma colega de trabalho disse que a suspeita ordenara que o medicamento anti-febre fosse ministrado para os "bebês dormirem".  As informações são do portal Metrópoles

“Ainda segundo informações iniciais, as crianças recebiam remédios como dipirona, sem prescrição médica, para que pudessem ter a pressão abaixada e com isso adormecer”, informam os autos policiais. “Há relatos de narcotização das crianças para que elas se acalmem, com a ministração de antitérmicos”, escreveu a promotoria em 16 de março.

A instituição é investigada, desde 10 de março, pelos crimes de tortura, maus-tratos, periclitação de vida — colocar a saúde de crianças em risco — e submissão a vexame ou constrangimento. 

Cobertores na cabeça para abafar choro

Além de usar lençóis e colocar as vítimas no banheiro, a diretora ainda mandava ou colocava cobertores nas cabeças dos bebês que insistiam em choras, conforme relataram três professoras e duas ex-docentes da instituição. “Essa seria uma forma de abafar o choro e força-los a dormir”, consta no processo.

Conforme a publicação, um bebê de 7 meses chegou a ficar com febre, suado e ofegante e com dificuldade para respirar. A funcionária relatou que ele teria recebido ainda paracetamol e não foi para a escola nos dias seguintes, sendo hospitalizado após o episódio. 

Em depoimento, a mãe disse que a criança ficou internada na unidade de saúde de Tatuapé durante dois dias recebendo oxigênio

Privadas de comida e de ir ao banheiro 

Crianças com mais de 2 anos eram obrigadas a ficar na sala da diretora em pé ou sentadas no chão por horas, sem poder ir ao banheiro ou comer. 

“As crianças maiores são severamente castigadas quando praticam algum ato de indisciplina, com narrativa de graves e intensas punições corporais”, descreve o documento.

Uma funcionária disse que os alunos "morriam de medo" e alguns "choravam" quando a "sala da Roberta" era mencionada. As punições eram aplicadas em crianças "manhosas", "mimadas" ou que choraram "muito", relatou outra professora sobre as orientações da diretora.

Os estudantes ainda eram colocados no banheiro da instituição para que não desse para ouvir o choro deles da rua, disse uma das depoentes. 

Proliferação de doenças

Segundo uma ex-professora da escola, que atuava na turma de 1 a 3 anos, as refeições eram ofertadas às crianças usando uma mesma colher e prato para todas elas.

“Depois de um tempo muitas crianças começaram a ficar doentes com infecção, como ‘bolinhas’ na boca. O jantar era o que sobrou do almoço tudo misturado, sendo priorizadas as crianças grandes, e os pequenos às vezes ficavam sem comer." 

Direção da escola nega acusações

Em nota divulgada em 16 de março, Roberta e Fernanda Serme, diretora e vice-diretora da instituição, disseram que as denúncias dos pais de alunos e professores são “incabíveis, inverídicas e aterrorizantes“. Afirmaram ainda que estavam sendo acusadas “cruel e injustamente” sem comprovação confiável.

O advogado da empresária, André Dias, foi procurado pelo Metrópoles, mas não respondeu à solicitação até a publicação do material.

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