Em delação, Delcídio disse que Bernardo privilegia Consist desde o governo do MS

Senador cassado afirmou que o ex-ministro tem articulado com a empresa desenvolvedora de softwares há muito tempo

Escrito por Estadão Conteúdo ,
Em depoimento prestado em 11 de abril deste ano, no âmbito de sua delação premiada, senador cassado Delcídio Amaral (ex-PT-MS) afirmou que o ex-ministro Paulo Bernardo (Planejamento e Comunicações no governo Lula), marido da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), privilegiava a empresa Consist Software Limitada desde o governo no Mato Grosso do Sul. Paulo Bernardo foi preso nesta quinta-feira (23), na Operação Custo Brasil, desdobramento da Operação Lava Jato.
 
As investigações da Operação Custo Brasil são decorrentes da Operação Pixuleco, outra fase da Lava Jato, deflagrada em agosto de 2015, que apurou um suposto esquema de pagamento de propina - entre 2010 e 2015 - de R$ 100 milhões. Entre os envolvidos no esquema, segundo a Receita, há agentes políticos, servidores do Ministério do Planejamento, escritórios de advocacia e empresas de fachada criadas para operacionalizar o repasse dos recursos.
 
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O acordo de cooperação técnica entre o Ministério do Planejamento para gestão da margem consignável dos servidores, alvo da Lava Jato, foi assinado na gestão do ministro Paulo Bernardo. O petista comandou o ministério de março de 2005 a janeiro de 2011 no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff foi ministro das Comunicações.
 
Troca de benefícios
 
Sob o comando de Bernardo, o Ministério do Planejamento assinou acordo com o Sindicato Nacional das Entidades Abertas de Previdência Complementar (SINAPP) e a Associação Brasileira de Bancos (ABBC). Essas entidades contrataram a empresa Consist Software Limitada para desenvolver o sistema de gestão da margem consignável. Em troca, a empresa recebia um porcentual por empréstimo consignado fechado por servidores da pasta.
 
As investigações mostraram que após o contrato, a Consist repassou entre 2010 e 2013 a quantia de R$ 5 milhões ao escritório de advocacia Guilherme Gonçalves ? que não há incompatibilidade entre Paulo Bernardo ser ministro do Planejamento à época (2010) e ser operador de Gleisi; que, ao contrário, por ser Paulo Bernardo ministro, ele tinha bastante força para captação de recursos, até porque uma das responsabilidades dele, como ministro do Planejamento, era gestionar o orçamento da União e, como tal, tinha muita força", aponta Delcídio em seu depoimento.