Caso Miguel: Sari Corte Real é denunciada por abandono de incapaz pelo Ministério Público de PE

A primeira-dama era responsável por cuidar de Miguel Otávio, de cinco anos, quando ele caiu do 9º andar do prédio onde ela mora, em Recife, no último dia 2 de junho.

Escrito por Redação ,
Legenda: A primeira-dama de Tamandaré (Litoral Sul), Sari Gaspar Corte Real, em entrevista para o Fantástico
Foto: Reprodução/TV Globo

A primeira-dama de Tamandaré, cidade do Litoral Sul de Pernambuco, Sari Gaspar Corte Real, foi denunciada pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) por abandono de incapaz com resultado de morte, pelo caso de Miguel Otávio Santana, de 5 anos, que caiu do 9º andar do prédio de luxo no Centro do Recife. A primeira-dama era responsável por cuidar da criança quando o acidente aconteceu, no último dia 2 de junho. 

O crime de abandono de incapaz com resultado de morte também foi combinado com artigos do Código Penal Brasileiro que agravam as penas pelo crime "ter sido contra criança em meio à conjuntura de calamidade pública", na pandemia da Covid-19, segundo informações do G1 de Pernambuco. 

Legenda: Miguel e sua mãe, Mirtes Santana, que prestava serviços domésticos para Sarí Corte Real
Foto: Reprodução

Miguel era filho de Mirtes Renata Souza, ex-funcionária de Sari. No dia do acidente, ela o deixou com a ex-patroa para passear com Mel, a cadela da família. 

O inquérito policial do caso chegou ao MPPE no dia 3 de julho. O órgão tinha o prazo de 15 dias para analisar os autos da investigação e tomar uma decisão. A denúncia do MP foi apresentada à 1ª Vara de Crimes contra a Criança e Adolescente do Recife por meio do promotor de Justiça Criminal Eduardo Tavares. 

O advogado de Mirtes Souza respondeu ao G1 que a mãe de Miguel recebe "auspiciosamente a notícia do oferecimento da denúncia pelo delito de abandono qualificado contra Sari Corte Real".  

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A defesa afirmou, ainda, que o empenho para dar celeridade aos processos de natureza criminal do TJPE durante a situação de emergência sanitária da Covid-19 "se refletirá, também, nos autos do processo criminal" em questão, publicou o G1. 

Já a defesa de Sari Corte Real informou à reportagem que vai se pronunciar somente após ter acesso à denúncia do MPPE. 

Passeata 

Parentes e amigos da família de Miguel organizaram passeata pelas ruas do Centro do Recife nesta segunda-feira (13). O ato era justamente pedindo atenção do Ministério Público de Pernambuco ao caso.  

Foto: Reprodução

Abandono 

De acordo com a polícia, Miguel Otávio deixou o apartamento de Sari para procurar a mãe e caminhou até os elevadores do condomínio. Câmeras de monitoramento do edifício mostram que, por pelo menos em quatro ocasiões, a primeira-dama de Tamandaré conseguiu convencer Miguel a sair dos elevadores social e de serviço.  

Na quinta tentativa, o menino entrou no elevador de serviço, e a patroa de Mirtes pareceu apertar o botão da cobertura. Esse toque, segundo a perícia, aconteceu. Na sequência, Miguel apertou vários botões e ficou sozinho no elevador, que parou no segundo andar, mas o menino não desceu.  

No nono andar, o menino saiu do elevador e abriu uma porta. De acordo com a polícia, ele escalou uma janela, usou a condensadora de ar-condicionado como escada para descer do outro lado e subiu uma grade. Uma das hastes se soltou e, com isso, ele caiu de uma altura de 35 metros.  

Declaração de Sari 

Durante uma entrevista ao programa Fantástico, Sari disse que Miguel teria aberto sozinho a porta do apartamento para ir atrás da mãe. "Ele corre para o elevador, chama o elevador, num instante ele chega. Aí, quando abre a porta, eu digo 'Miguel, você não vai descer, volta pra casa, espera sua mãe", afirmou a primeira-dama de Tamandaré.  

Sari disse ainda que não apertou o botão da cobertura no elevador. "Eu só botei a mão, fazendo como se eu fosse acionar. Para ver se eu conseguia convencer ele a sair, se dessa forma ele achasse que ia ficar lá e fosse sair", declarou. 

“Eu sinto que eu fiz tudo que eu podia e, se eu pudesse voltar no tempo, eu voltava. Se eu soubesse que tudo isso ia acontecer, eu voltava e ainda tentava fazer mais do que eu fiz naquela hora”, afirmou a primeira-dama. 

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