Campanha de Dilma em 2010 pediu dinheiro a Paulo Roberto da Costa, diz revista

Segundo a Veja, o pedido foi feito ao ex-diretor de Abastecimento da Petrobras pelo ex-ministro Antonio Palocci

Escrito por Folhapress ,

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto da Costa afirmou ter recebido um pedido de contribuição de R$ 2 milhões para a campanha de Dilma Rousseff à Presidência em 2010, segundo publicou neste sábado (27) a revista "Veja".

O pedido foi feito, segundo a revista, pelo ex-ministro Antonio Palocci, que era um dos coordenadores da campanha de Dilma. A informação foi dada, diz a reportagem, durante o depoimento no processo de delação premiada que Costa fez, com a Justiça do Paraná, para tentar reduzir sua eventual pena em caso de condenação no caso da Operação Lava Jato.

Deflagrada em março pela Polícia Federal, a operação descobriu um esquema de desvio de dinheiro da Petrobras que envolveu Costa, doleiros e fornecedores da estatal. Segundo a PF, uma "organização criminosa" atuava dentro da empresa.

À "Veja", Palocci negou ter feito o pedido e disse que não cuidava de aspectos financeiros da campanha. Ex-ministro da Fazenda, contudo, ele podia não ser exatamente um tesoureiro, mas tinha contatos frequentes com o empresariado para angariar apoio à campanha.

Segundo a revista, Costa não detalhou se a contribuição acabou sendo feita e por quem. A reportagem também afirma que o pedido foi encaminhado ao doleiro Alberto Youssef, também preso na Lava Jato e que negocia delação premiada.

Youssef era o operador financeiro do esquema bilionário que, segundo apontam as investigações, envolvia políticos e pode ter alimentado caixa dois de partidos. O doleiro seria o responsável por lavar dinheiro e repassar os recursos desviados a políticos.

Em reportagem anterior, a revista "Veja" indicou ainda que Costa já havia citado os nomes de parlamentares que recebiam propina do esquema, entre os quais o do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-SP), e do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Todos negam com veemência que tivessem recebido recursos do doleiro.

Costa, que decidiu contar o que sabe para deixar a prisão, deve ser solto até segunda-feira (29) e usará tornozeleira eletrônica em prisão domiciliar no Rio de Janeiro, segundo a reportagem apurou.

Paulo Roberto Costa

Diretor de Abastecimento da Petrobras de 2004 a 2012, é suspeito de intermediar negócios entre a estatal e grandes fornecedores, recolhendo propina das empresas e distribuindo dinheiro a políticos

A 1ª prisão

Em 20 de março, Costa foi preso pela Polícia Federal por tentar ocultar documentos e provas que o incriminavam em esquema bilionário de lavagem de dinheiro comandado pelo doleiro Alberto Youssef. Em 19 de maio, ele foi solto por ordem do STF.

Os indícios de propina

A PF apreendeu na casa do ex-diretor uma tabela contendo nomes de empresas e executivos, com anotações que indicam possíveis pagamentos a campanhas eleitorais.

Nova prisão

Em 11 de junho, Suíça bloqueou US$ 23 milhões em contas atribuídas ao ex-diretor e seus familiares. As contas estavam em nome de empresas estrangeiras sediadas em paraísos fiscais. Costa foi preso novamente.

A delação

O ex-diretor da Petrobras deu o nome de 12 senadores, 49 deputados federais e um governador -ligados ao PT, PMDB e PP- a quem ele teria repassado 3% do valor dos contratos da estatal.

O acordo

Em 22 de agosto, a PF cumpriu mandados em empresas ligadas ao ex-diretor. Costa aceitou fazer um acordo de delação premiada com o Ministério Público para atenuar sua pena.