Brasil avalia adotar remédio que reduz mortes de pacientes graves pela Covid-19

Medicamento consegue evitar morte de doente que necessita de oxigênio ou respirador

Escrito por Redação ,
Legenda: Dexametasona, um corticoide de fácil acesso, é o 1º a ter eficácia comprovada
Foto: AFP

Um remédio corticoide barato conhecido como dexametasona, usado para combater doenças como artrite e asma desde a década de 1960, foi capaz de reduzir a taxa de mortalidade de pacientes com quadro grave de Covid-19 em um estudo clínico conduzido no Reino Unido. “Dia histórico no tratamento da Covid-19”, classificou, ontem (16), a Sociedade Brasileira de Infectologia.

O medicamento está sendo avaliado no País para pacientes com quadro severo pela Coalizão Covid Brasil, esforço coordenado pelos hospitais Sírio Libanês, Albert Einstein, HCor, Moinhos de Vento, Oswaldo Cruz e Beneficência Portuguesa (BP) para testar diversas drogas candidatas. 

A expectativa é ter resultados em agosto. É o primeiro remédio testado até agora contra a doença causada pelo novo coronavírus que se mostrou capaz de salvar vidas. Especialistas disseram que a notícia é boa, mas recomendaram atenção. “Não houve benefícios para casos mais leves, para quem não está sob ventilação ou recebendo oxigênio. Não é para o cara que recebe um diagnóstico e é mandado para casa passar na farmácia e comprar”, afirma o pneumologista Fred Fernandes, presidente da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia.

Resultados

Os resultados preliminares foram divulgados ontem  (16) por um grupo de pesquisadores da Universidade de Oxford.

Entre os pacientes que receberam a medicação, houve redução de um terço das mortes entre os pacientes submetidos à ventilação e de um quinto entre aqueles que recebiam apenas oxigênio. Não houve benefício para os pacientes que não precisavam de suporte respiratório.

Após a divulgação dos dados, o secretário de Estado da Saúde do Reino Unido, Matt Hancock, afirmou que vai adotar o remédio na rede pública do País. Os resultados também foram saudados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) por mostrarem que a droga pode salvar vidas de pacientes criticamente doentes.

Reforço no arsenal

Há 153 drogas e vacinas sendo testadas em 1.765 estudos com pacientes com Covid-19.Pesquisas com os antimaláricos cloroquina e a hidroxicloroquina tiveram, até agora, resultados pouco animadores. As drogas têm se mostrado pouco eficazes.

Outra droga que chama atenção é o antiviral remdesivir, usado originalmente contra o ebola. Estudo mostrou que o tempo de recuperação em pacientes hospitalizados foi menor (11 dias). Também se destaca o tocilizumabe, que impede a chamada tempestade inflamatória, mas o estudo feito com o medicamento até agora teve poucos pacientes. O Brasil está testando o remédio.

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