Estudante de medicina é morto por policial militar com tiro à queima-roupa em São Paulo

Estado afirma que, antes de ser assassinada, vítima golpeou uma viatura e tentou fugir ao ser abordada. "O que justifica esse policial ter matado o meu filho?", questiona mãe do rapaz

Um estudante de medicina, de 22 anos, foi morto com um tiro à queima-roupa, por volta das 2h50 dessa quarta-feira (20), na escadaria de um hotel na rua Cubatão, na Vila Mariana, zona sul de São Paulo. O disparo partiu de um policial militar que participava de uma abordagem ao universitário, identificado como Marco Aurélio Cardenas Acosta. A ação foi registrada por uma câmera de segurança do hotel.

Imagens da câmera de segurança do hotel mostram o jovem correndo, seguido de um policial militar, que o puxa pelo braço, empunhando a arma. Um segundo policial aparece, dando um chute no jovem, que segura seu pé e o faz desequilibrar. Em seguida, o policial de arma em punho dispara na altura do peito da vítima.

A Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP-SP) informou que Acosta golpeou a viatura policial, tentou fugir e, ao ser abordado, “investiu” contra os policiais, sendo ferido. O rapaz foi socorrido ao hospital Ipiranga, mas não resistiu ao ferimento.

As polícias Civil e Militar apuram as circunstâncias da morte do estudante. A SSP-SP divulgou que os policiais envolvidos na ocorrência prestaram depoimento, foram indiciados em inquérito e permanecerão afastados das atividades operacionais até a conclusão das apurações.

A arma do policial responsável pelo disparo foi apreendida e encaminhada à perícia. “As imagens registradas pelas câmeras corporais (COPs) serão anexadas aos inquéritos conduzidos pela Corregedoria da Polícia Militar e pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP)”, afirmou a SSP-SP.

De janeiro a setembro, a Polícia de São Paulo matou 496 pessoas, o maior número para o período desde 2020, quando ocorreram 575 mortes.

'Quem vai devolver meu filho?'

Os pais de Marco Aurélio Acosta cobram explicações da polícia e do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) sobre a morte do universitário. 

"Quero ver alguém que me dê explicações para dar conforto a toda a família. Quem vai devolver o meu filho?", questionou Julio Cesar Acosta Navarro, pai de Marco Aurélio, em entrevista ao programa Cidade Alerta, da TV Record.

Cardiologista, o pai afirma ter pedido à polícia informações sobre o disparo para tentar salvar o filho, mas diz que ninguém da corporação se pronunciou. Ele trabalha no Instituto do Coração do Hospital das Clínicas, ligado à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), onde também atua como professor colaborador.

Ainda à emissora, a mãe de Marco Aurélio se dirigiu ao governador: "O que o senhor está fazendo para evitar mortes como a do meu filho? O que justifica esse policial ter matado o meu filho?". Ela cobrou que Tarcísio de Freitas tenha "a decência de pedir perdão" a ela.

A mãe também afirmou que o jovem era solteiro e estava no hotel com uma moça, morava com os pais e mais dois irmãos e era "um menino bom". Marco Aurélio estudava Medicina na Universidade Anhembi Morumbi.