Primeiro-ministro do Haiti é investigado por envolvimento na morte do presidente Jovenel Moise

Ariel Henry falou com Joseph Felix Badio, um dos principais suspeitos do crime, horas após ataque

Escrito por Redação ,
Primeiro-ministro do Haiti, Ariel Henry, em frente a púlpito
Legenda: Primeiro-ministro foi convocado para reunião sobre investigação sobre o caso
Foto: Valerie Baeriswyl/AFP

O atual primeiro-ministro do Haiti, Ariel Henry, é investigado pelo possível envolvimento com o assassinato de Jovenel Moise, então presidente do país. O crime ocorreu no dia 7 de julho, quando o ex-líder haitiano foi executado dentro de casa. A esposa dele, Martine Moise, também morreu em decorrência do ataque. As informações são do portal G1.

Na última sexta-feira (10), o promotor-chefe de Porto Príncipe, Bedford Claude, convidou Henry para uma reunião sobre a investigação, a ser realizada nesta semana. Isso porque o primeiro-ministro falou com Joseph Felix Badio, um dos principais suspeitos da ação, poucas horas após o assassinato.

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De acordo com o convite, Henry e Badio — que já atuou para o Ministério da Justiça do Haiti — tiveram vários telefonemas. Duas das ligações ocorreram às 4h03 e às 4h20 do dia 7 de julho, horas depois do crime, e evidências apontaram que Badio estava próximo à casa de Moise quando as chamadas foram realizadas.

As chamadas, segundo a agência de notícias Bloomberg, duraram um total de sete minutos. Atualmente, o suspeito está foragido.

Ariel Henry disse, no sábado (11), que "manobras de distração, para criar confusão e impedir que a Justiça faça seu trabalho com calma, não serão aprovadas"."Os verdadeiros culpados, os autores intelectuais e os patrocinadores do assassinato hediondo do presidente Jovenel Moise serão encontrados, levados à justiça e punidos por seu crime", complementou ele.

Conforme a agência de notícias Associated Press (AP), o premiê já dissera anteriormente a uma rádio local conhecer Badio. Além disso, Henry o defendeu, afirmando não acreditar no envolvimento dele no delito.

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Além de trabalhar no Ministério da Justiça haitiano, Badio integrou a unidade anticorrupção do governo em 2013. No entanto, ele foi demitido em maio após "violações graves" de regras éticas, as quais não vieram a público.

De acordo com o jornal espanhol El Mundo, Belfor Claude também solicitou, em carta emitida à Direção de Imigração e Emigração do país, que a saída de Ariel Henry seja impedida por "presunções graves de assassinato".

Ainda segundo o periódico espanhol, 44 pessoas estão presas preventivamente pelo assassinato, entre elas 18 colombianos acusados de formar o comando responsável pelo crime. Além deles, 12 policiais que integravam o corpo de segurança do mandatário estão detidos, dado que não reagiram ante o ataque.

Pedido de renúncia

Já a agência de notícias AFP divulgou, nesta terça-feira (14), que o promotor busca acusações contra Henry. O Gabinete de Proteção ao Cidadão Haitiano publicou, nessa segunda (13), vídeo com exigência de renúncia do primeiro-ministro.

O chefe do Gabinete, o advogado Renan Hédouville, afirmou que Ariel Henry deveria comparecer à Promotoria, seguindo o solicitado, e pediu que a comunidade internacional não o apoie mais.

A AP apontou que um juiz haitiano nomeado para supervisionar a investigação do assassinato de Moise renunciou ao cargo no mês passado. O magistrado alegou, na decisão, que a saída se daria por motivos pessoais, logo após um de seus assistentes morrer em circunstâncias misteriosas. Um novo juiz foi nomeado para o lugar dele.

Ainda de acordo com a Bloomberg, o ministro da Justiça do país, Rockfeller Vincent, ordenou ao chefe da Polícia Nacional do Haiti para ampliação da segurança de Claude — o promotor recebeu ameaças "importantes e perturbadoras" nos últimos cinco dias.

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