Tumulto em Israel durante peregrinação religiosa deixa ao menos 44 mortos e 103 feridos

Vítimas foram pisoteadas durante o Festival Lag B'Omer, que celebra o feriado judaico

Escrito por AFP ,
Acidente durante peregrinação em Israel
Legenda: Milhares de judeus ultraortodoxos se reuniram no túmulo do Rabino Shimon Bar Yochai
Foto: Jalaa Marey/AFP

Um tumulto registrado durante uma peregrinação judaica ortodoxa ao norte de Israel, na madrugada desta sexta-feira (30), deixou ao menos 44 pessoas mortas e 103 feridos. A tragédia foi registrada no Festival Lag B'Omer, que acontece no Monte Meron. 

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu classificou o episódio como uma das "catástrofes mais graves" da história do país. "A catástrofe do Monte Meron é uma das mais graves a atingir o Estado de Israel", escreveu o gestor em uma rede social. Nesta sexta-feira, ele visitou o local da tragédia e decretou um dia de luto nacional no domingo (2).

A informação inicial dada pelas equipes de resgate para explicar o número de vítimas era de que uma arquibancada desabou, antes de falar de uma gigantesca "correria".

Conforme imagens divulgadas nas redes sociais, a procissão estava passando por uma multidão compacta e se aproximando de uma estrutura de metal onde os devotos estão de pé em torno de uma fogueira.

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As circunstâncias específicas que levaram à confusão ainda não foram esclarecidas. No entanto, o socorrista Yehuda Gottleib, que trabalha para o United Hatzalah, detalha que viu homens "esmagados" e "inconscientes".

Acidente

O tumulto teria ocorrido após a meia-noite, causando pânico e ligações para equipes de emergência que mobilizaram helicópteros para resgatar os feridos.

Contactado pela AFP, o exército israelense confirmou que enviou helicópteros para socorrer as vítimas.
Segundo a polícia, que despachou 5 mil agentes para garantir a segurança do evento, ocorreram congestionamentos gigantescos nas estradas que levam ao norte do país.

Paramédicos e judeus ultraortodoxos ficam ao lado de corpos cobertos depois que dezenas de pessoas foram mortas e outras feridas durante tumulto em peregrinação religiosa em Israel
Legenda: Paramédicos e judeus ultraortodoxos ficam ao lado de corpos cobertos
Foto: AFP

No meio da noite, sirenes de ambulâncias soaram perto do palco da tragédia enquanto os primeiros socorros evacuavam corpos sem vida e feridos.

Em publicação no Twitter, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, considerou a fatalidade como um "grande desastre no Monte Meron", e conclamou a população a "orar para salvar os feridos".

Já o líder da oposição, Yair Lapid, disse estar acompanhando o caso com "ansiedade" e afirmou que "todo Israel ora pela cura dos sobreviventes".

Festival de La Baomer

Dezenas de milhares de fiéis participaram da peregrinação anual no norte de Israel na noite de quinta (28) para sexta-feira, sendo este o maior evento público no país desde o início da pandemia de Covid-19. 

Celebrando o feriado judaico de Lag Baomer, o festival ocorre em Meron, em torno do túmulo do Rabino Shimon Bar Yojai, um talmudista do século II que é creditado por escrever o Zohar, obra central do misticismo judaico. 

O Lag Baomer é uma celebração alegre que comemora o fim de uma epidemia devastadora entre os alunos de uma escola talmúdica da época. 

O evento recebeu autorização para ter a presença de 10 mil pessoas, mas conforme a organização, mais de 650 ônibus foram fretados em todo o país, estimando-se pelo menos 30.000 pessoas. A imprensa local estimou um fluxo de 100.000 pessoas. 

A Magen David Adom havia relatado anteriormente que várias pessoas sofreram desmaios devido ao calor, enquanto outras tiveram queimaduras provocadas por fogueiras, parte do ritual.

Em 2019, um ano antes da pandemia que levou ao cancelamento da peregrinação de 2020, os organizadores estimaram 250 mil pessoas que compareceram ao local.

Reabertura e vacinação

Desde dezembro, mais de cinco milhões de israelenses, o que equivale a 53% da população, foram vacinados com as duas doses da vacina anticovid, em torno de 80% da população acima de 20 anos, segundo dados oficiais do país, que registraram 838 mil pessoas infectadas pelo coronavírus e 6.300 falecidos pelo vírus.

Em Israel, quase todas as atividades econômicas já retornaram à normalidade pré-pandemia, e, recentemente, o governo do país tirou a obrigatoriedade do uso de máscaras ao ar livre. 

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O uso do equipamento de segurança ainda é obrigatório em ambientes fechados, como lojas, bibliotecas e museus, que podem funcionar com frequentadores respeitando o distanciamento social.

Outras categorias de estabelecimentos, incluindo academias, hotéis e sinagogas, também reabriram. Mas para frequentá-los é necessário um "passaporte verde" : um atestado que só pode ser obtido após a pessoa ser vacinada.