O que é Essequibo? Veja o que há no território disputado por Maduro e motivos do conflito

Embate entre Venezuela e Guiana já perdura há mais de um século

Escrito por Redação ,
Essequibo é região da Guiana atualmente
Legenda: Região é conhecida pela forte presenta de petróleo e recursos minerais
Foto: Martín SILVA / AFP

A região de Essequibo, localizada no ponto mais oeste da Guiana, virou assunto internacional em meio à disputa entre o país e a Venezuela, que afirma ter direito sobre o território. Na última semana, um plebiscito venezuelano para anexação do estado foi aprovado por 95% dos eleitores, o que elevou ainda mais a tensão entre os países vizinhos. 

Na quinta-feira (7), diante do problema entre Venezuela e Guiana, os Estados Unidos anunciaram exercícios militares na Guiana, incluindo as proximidades de Essequibo. Ainda que a motivação tenha sido anunciada como algo de praxe, a Venezuela alega que a situação foi vista como uma 'provocação'.

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O que há no território de Essequibo?

Essequibo ocupa 159 mil km² e representa cerca de 70% do território da Guiana. A área, em termos de comparação, é maior que o estado do Ceará e a Inglaterra, por exemplo.

Um dos itens mais cobiçados do local é o petróleo, já que grandes reservas do combustível fóssil foram encontradas em Essequibo em 2015. Hoje, a estimativa é de que existam 11 bilhões de barris de petróleo na Guiana, considerado o país sul-americano que mais cresce na economia. 

Segundo censo realizado pela própria Guiana, 80% dos moradores de Essequibo são indígenas originários, fora de parte dos grupos étnicos guianenses mais representativos.

Além do petróleo, jazidas de ouro foram descobertas na região ainda em 1885, dentro da Floresta Amazônica e nos "Escudos das Guianas". Essa última é uma área de crosta terrestre com minerais cristalinos e rochas antigas.

Os recursos minerais, então, são abundantes. Os destaques vão para ouro, bauxita e urânio, além de outros recursos naturais presentes na floresta e na água da região. 

Disputas territoriais

A tensão pela disputa de Essequibo, inclusive, não é nova. O Brasil, por exemplo, já chegou a reinvindicar parte da região, em um episódio conhecido como "Questão do Rio Pirara", narrado pelo historiador José Theodoro Mascarenhas Menck.

Em 1835, a Guiana ainda era colônia inglesa e a missão de um explorador alemão foi financiada ao local para explocar a geografia física.

No retornou, ele reclamou a posse de uma área teoricamente brasileira entre os rios Branco, que corta Boa Vista (capital de Roraima), e Rupununi, na região conhecida como Vale do Pirara, correspondente, nos dias de hoje, a uma parte do sul da Guiana Essequiba.

A disputa foi resolvida em 1904, com decisão do rei da Itália, Vitório Emanuel III. Assim, a região foi dividida considerando as características geográficas naturais.

Porque a Venezuela disputa a região?

O embate pelo território de Essequibo ocorre entre Venezuela e Guiana há mais de um século. Enquanto isso, com o controle desde o fim do século 19, a Guiana tem em Essequibo 70% do atual território.

Segundo a Guiana, um laudo feito em 1899, em Paris, demonstra a o poder sob o território, o que contradiz a Venezuela. O documento teria sido desenvolvido enquanto o território ainda era uma colônia inglesa. Já a Venezuela afirma que o território é dela, conforme acordo firmado em 1966 com o próprio Reino Unido, antes da independência de Guiana.

No último dia 1º de dezembro, os juízes da Corte Internacional de Justiça decidiram, de forma unânime, que a Venezuela não pode fazer nenhum movimento para tentar anexar Essequibo. Dessa forma, o referendo realizado no domingo (3) tem apenas caráter consultivo.

A Venezuela afirma que deve enviar representantes do governo para a região para gerenciar recursos. Além disso, disponibilizou à estatal petrolífera PDVSA licenças para a exploração de petróleo e gás na região.

O Brasil já se posicionou sobre a questão. Em nota, Lula afirmou que é importante "evitar medidas unilaterais que levem a uma escalada da situação". No mesmo comunicado, reforçou que o Brasil está à disposição para acompanhar iniciativas de diálogo