Israelenses se preparam para ir às urnas decidir o futuro de Netanyahu

Embora a formação do partido do primeiro-ministro, o Likud, pareça ser a favorita, o resultado é incerto

Escrito por AFP ,
Legenda: Seis milhões de israelenses devem ir às urnas
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Os israelenses irão às urnas nesta terça-feira (9) para renovar o parlamento e decidir se o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu permanecerá no poder ou encerrará uma longa carreira política, marcada por suspeitas de corrupção.

Mais de seis milhões de israelenses são convocados para as urnas. A lista que obtiver a maioria pode formar um governo. As eleições tornaram-se um plebiscito a favor ou contra "Bibi", apelido de Netanyahu.

Embora a formação do partido do primeiro-ministro, o Likud, pareça ser a favorita, o resultado é incerto.  Netanyahu, de 69 anos e que governou o país por mais de 13 anos, está buscando um quinto mandato ameaçado por seu adversário, o general linha dura Benny Gantz, um novato na política.

Legenda: O ex-general Benny Gantz busca a renovação
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Até o final da campanha, as pesquisas colocaram o Likud empatado com o partido centrista de Gantz, o Azul e Branco. Ambas as formações receberiam cerca de trinta assentos, longe da maioria absoluta dos 61 assentos dos 120 com que conta o parlamento, então as alianças serão fundamentais.

Até agora, as pesquisas dão Netanyahu como favorito. Na frente de um governo considerado o mais direitista da história de Israel, Netanyahu pode obter um novo mandato com uma coalizão ainda mais à direita. No entanto, uma parte considerável do eleitorado, segundo as pesquisas, está indecisa.

Além disso, várias formaçõess com as quais o Likud poderia formar alianças talvez não alcancem os 3,25% dos votos necessários para serem representados. "À primeira vista, o Likud tem uma maioria", diz Gideon Rahat, professor de ciência política, "mas isso pode mudar porque as pesquisas realmente não dizem qual partido alcançará esse nível".

Estratégia

Em dezembro, quando o chefe do Governo convocou eleições antecipadas, sua vitória parecia garantida. A decisão de Netanyahu foi considerada uma maneira de se legitimar com uma vitória eleitoral diante da ameaça de um julgamento por corrupção.

Legenda: O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu busca o quinto mandato
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Mas o rival Gantz emergiu e em fevereiro o procurador-geral anunciou sua intenção de processar Netanyahu por corrupção, fraude e quebra de confiança em três casos distintos. Em relação a Netanyahu, "os israelenses são como fumantes que realmente querem parar de fumar, mas acham que não podem funcionar sem a dose constante de nicotina", resume o diário Haaretz.

Gantz, que se orgulha de seu passado como paraquedista e chefe de gabinete (2011-2015), propõe firmeza para defender o país, uma visão liberal sobre questões da sociedade e, acima de tudo, uma alternativa que reconcilia os israelenses após anos de divisão. 

Quanto a Netanyahu, às vezes apelidado de "Rei Bibi", Gantz assegura: "Nenhum líder israelense é rei (...) Era hora de se retirar com dignidade". "Eu luto contra os maiores inimigos de Israel, não contra eles" (adversários políticos), declarou Netanyahu ao jornal Israel Hayom na sexta-feira. 

Em um giro para a direita, Netanyahu favoreceu, com uma manobra, a entrada no parlamento do representante de um partido acusado de racismo. Ele também não hesitou em ofuscar a importante comunidade árabe com suas declarações de que Israel é uma nação "unicamente do povo judeu".

No sábado, em uma última tentativa de seduzir o eleitorado de direita, Netanyahu disse que planeja anexar as colônias israelenses na Cisjordânia ocupada se for reeleito, terminando assim a solução de dois Estados para o conflito israelo-palestino.