Estado Islâmico confirma morte de líder, anuncia sucessor e pede vingança

Grupo que monitora atividade extremista na internet alertou sobre mensagem do grupo terrorista sobre morte de seu líder.

Escrito por AFP ,
Legenda: O general do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA, Kenneth McKenzie, comandante do Comando Central dos EUA, fala sobre a operação em coletiva de imprensa enquanto exibe imagem Abu Bakr al-Baghdadi
Foto: AFP

O grupo jihadista Estado Islâmico anunciou hoje (31) um novo líder, Abu Ibrahim al Hashimi al Qurashi, em substituição a Abu Bakr al Baghdadi, que teve assim a morte em um ataque americano. 

"Ó muçulmanos, ó Mujahedines, soldados do EI... Lamentamos a morte do comandante dos fieis Abu Bakr al-Baghdadi", afirma o grupo em uma mensagem de áudio postada no aplicativo Telegram.

O grupo jihadista também pediu para vingar a morte de Baghdadi nesta mensagem lida por Abu Hamza al Qurashi, apresentado como porta-voz do EI. Além disso o grupo confirmou a morte, em outro ataque, do ex-porta-voz, Abu al Hassan al Muhajir, que era o braço direito de Abu Bakr al Baghdadi. 

O EI acrescentou que o "Majli al shura (a assembléia consultiva, em árabe) fez um juramento de lealdade a Abu Ibrahim al Hashimi al-Qurashi como novo comandante dos fiéis e o novo califa dos muçulmanos". 

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou pessoalmente no domingo, na Casa Branca, a morte de Al-Baghdadi, considerado responsável por mortes e ataques atrozes em todo o mundo. 

O Pentágono divulgou na quarta-feira detalhes, vídeos e fotos da incursão das forças especiais dos Estados Unidos na Síria que terminou com a morte do líder de 48 anos. 

"Não fique alegre, América", ameaçou o novo porta-voz do EI. "O novo eleito fará com que vocês esqueçam o horror que sofreram... e que os feitos dos dias de Al-Bagdadi pareçam doces".

"Ele morreu quando estava em um túnel sem saída, gemendo e chorando e gritando o tempo todo", explicou Trump em seu discurso aos americanos. 

Al-Baghdadi, acrescentou o presidente, morreu detonando um colete carregado de explosivos e estava acompanhado por três de seus filhos. 

Seu sucessor herda um movimento em plena desordem, que depois de ter um califado que se estendia por grande parte da Síria e do Iraque, agora está espalhado e dividido em uma imensidão de células clandestinas, com pouca capacidade de comunicação. 

Abu Ibrahim al Hashimi al-Qurashi ainda tem 14.000 combatentes na Síria e no Iraque, segundo estimativas de Russ Travers, diretor interino do Centro Nacional de Contraterrorismo dos Estados Unidos.

Uma opção para o novo chefe pode ser procurar o atual líder da Al-Qaeda, o egípcio Ayman al-Zawahiri. 

As forças curdas na Síria, parceiras durante anos em Washington na feroz luta contra o EI, alertaram que os ataques podem começar a ocorrer após o reconhecimento da morte do histórico fundador do EI. 

"Esperamos qualquer coisa, incluindo ataques às prisões", declarou Mazlum Abdi, comandante-em-chefe das Forças Democráticas da Síria (SDS), referindo-se às prisões sob seu controle, onde milhares de jihadistas estão lotados. 

O corpo de Baghdadi foi jogado no fundo do mar, como aconteceu com Osama Bin Laden, chefe da Al Qaeda e responsável pelos ataques de 11 de setembro de 2001. 

Nos dois casos, a prioridade dos Estados Unidos era impedir que o local onde poderiam estar enterrados se tornassem centros de peregrinação.