Eleições no Peru têm disputa entre os antagônicos Pedro Castillo e Keiko Fujimori

Ao todo, 25 milhões de peruanos vão às urnas em mais de 11 mil centros de votação

Escrito por Diário do Nordeste e AFP ,
eleições no Peru
Legenda: Votação deverá durar 12 horas por conta da pandemia de Covid-19
Foto: OSCAR DEL POZO/AFP

As eleições presidenciais no Peru começaram às 7h (9h no horário de Brasília) deste domingo (6) com dois candidatos antagônicos: o esquerdista Pedro Castillo e a direitista Keiko Fujimori disputam os votos de 25 milhões de cidadãos. Devido à pandemia de Covid-19, os mais de 11 mil centros de votação estarão abertos durante 12 horas, quatro a mais que o convencional. 

O professor de escola rural e a filha do ex-presidente detido Alberto Fujimori, respectivamente, chegam tecnicamente empatados com 18% de indecisos, segundo as últimas pesquisas nacionais. 

Castillo, de 51 anos, apoia um papel econômico ativo do Estado, enquanto Keiko, 46, defende o livre mercado. 

eleições peru
Legenda: Candidato de esquerda pelo partido Peru Libre, Pedro Castillo participou de café da manhã ao lado da família
Foto: ERNESTO BENAVIDES/AFP

Os dois candidatos coincidem apenas em algumas pautas: são antiaborto, defendem a família tradicional, não dão importância aos direitos da comunidade LGTBI e rejeitam a abordagem de gênero na educação.

Para o economista e ex-candidato presidencial Hernando de Soto, nenhum dos candidatos esclareceu se o Peru "vai ser uma cabeça de ponte para um capitalismo popular e renovado ou se vai ser uma cabeça de ponte para o comunismo".

Histórico político

Com reduto eleitoral em Lima, Keiko carrega o polêmico legado de seu pai, cuja década no poder (1990-2000) foi marcada por autoritarismo, abusos dos direitos humanos e corrupção. Além disso, ela é criticada por ter alimentado a instabilidade que o Peru vive desde 2016, que levou o país a ter três presidentes em cinco dias em novembro de 2020.

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Legenda: A candidata presidencial de direita Keiko Fujimori também tomou café da manhã ao lado do marido e da filha
Foto: LUKA GONZALES/AFP

Já Castillo, com reduto no "Peru profundo", nas províncias do interior, propõe convocar uma Assembleia Constituinte, enquanto Keiko defende a Carta Magna vigente, promulgada por seu pai em 1993 e que garante o liberalismo econômico.

Seus adversários tentam vincular Castillo ao braço político do Sendero Luminoso, mas ele lembra que como membro das "rondas camponesas" armadas resistiu às incursões da guerrilha maoísta em sua Cajamarca (norte) natal nos anos do conflito armado interno (1980-2000).

Contexto social

Quem vencer as eleições enfrentará uma situação especialmente complicada pela Covid-19, que deixou 1,9 milhão de casos e 69.000 mortes no Peru.

Durante a crise sanitária ainda em curso, dois milhões de peruanos perderam seus empregos e três milhões se tornaram pobres. Dados oficiais mostram que um terço dos 33 milhões de habitantes vive na pobreza.