Base com tropas americanas no Iraque é atacada com foguetes

Ataque ocorre após promessas de vingança pelo país persa por morte de general

Escrito por AFP ,

Ao menos nove foguetes caíram na noite desta terça-feira na base aérea de Ain al Assad, no oeste do Iraque, onde estão estacionadas tropas dos Estados Unidos, disse uma fonte de segurança à agência de notícias France Presse.

O ataque ocorre após grupos armados pró-Irã prometerem unir forças para responder ao ataque de um drone americano que na sexta-feira matou o general iraniano Qasem Soleimani e o líder militar iraquiano Abu Mahdi al Muhandis em Bagdá.

Ontem, o presidente iraniano, Hassan Rohani, advertiu seu contraparte francês, Emmanuel Macron, que os interesses americanos no Oriente Médio estão agora "em perigo", após o assassinato do general iraniano em um ataque americano no Iraque.

"Os Estados Unidos devem saber que seus interesses e sua segurança na região estão em perigo e não podem escapar das consequências deste grande crime", declarou Rohani em conversa por telefone com Macron.

Segundo um comunicado da Presidência iraniana, Rohani acrescentou que "os americanos cometeram um grande erro estratégico ao assassinar o general [Qassem] Soleimani", chefe das operações exteriores dos Guardiães da Revolução, elite do Exército da República Islâmica, morto em um bombardeio em Bagdá na sexta-feira.

O texto acrescenta que para Rohani este ataque pode ter um efeito inverso ao resultado esperado pelos Estados Unidos.

Petróleo

Os preços do petróleo recuaram nesta terça-feira, apesar da persistente tensão entre Washington e Teerã após a morte do general iraniano. Em Londres, o barril do Brent para entrega em março caiu 0,9%, a 68,27 dólares, enquanto em Nova York o barril do WTI fechou a 62,27 dólares, também em baixa de 0,9%.

Os preços dispararam na sexta após a morte do general Soleimani e se mantiveram elevados na segunda-feira, em meio às ameaças de vingança por parte de Teerã.

O mercado temia o impacto da morte do general no comércio mundial do petróleo, mas nesta terça-feira os preços "ficaram quase nos níveis prévios à morte do general", destacou Robert Yawger, da Mizuho.

"O mercado está impaciente mas não ocorreu nada de concreto até o momento". Neste contexto, acrescentou Yawger, os corretores levam em conta que a oferta mundial de petróleo é abundante. 

Como dado adicional, à elevada oferta se somou o anúncio de uma "importante descoberta" no Suriname por parte das empresas Total e Apache.

"Até o final do ano deveremos ver um aumento da produção mundial de ao menos 2 milhões de barris/dia, enquanto se espera um crescimento da demanda inferior a um milhão de barris", destacou Yawger.

Iraque

O secretário de Defesa americano, Mark Esper, disse nesta terça-feira (7) que os Estados Unidos não vão retirar suas tropas do Iraque, e negou que exista uma carta assinada do lado americano anunciando a saída.

"Nossa política não mudou. Nós não estamos saindo do Iraque", disse Esper a jornalistas.

"Não há carta assinada que eu saiba", acrescentou Esper, afirmando que o comandante da Guarda Revolucionária iraniana, general Qassem Soleimani, morto no Iraque em um ataque americano na sexta-feira, planejava lançar um ataque em breve.

Mais cedo, o premiê iraquiano, Adel Abdel Mahdi, disse ter recebido cópias assinadas de uma carta "assinada", "traduzida" e "muito clara" do comando americano anunciando uma retirada militar do Iraque.

"Não é uma folha que caiu da fotocopiadora [...] Agora, eles dizem que foi um rascunho [...], mas poderiam ter enviado outra carta de esclarecimento", disse o chefe de governo durante o Conselho de Ministros, transmitido pela televisão estatal.

Sobre o documento, na véspera, o chefe do Estado-maior americano afirmou que a carta em questão era um simples "rascunho não assinado" transmitido por "erro".

"Era uma carta oficial com o formato de página tradicional", insistiu Abdel Mahdi.

Além disso, acrescentou que primeiro enviaram uma versão traduzida para o árabe, que continha erros, e depois transmitiram uma segunda versão corrigida.

A carta se referia a uma votação realizada no Parlamento iraquiano, no domingo, para exigir que o governo expulsasse tropas estrangeiras do Iraque.

A decisão do Parlamento iraquiano foi uma reação ao assassinato de Soleimani, arquiteto da estratégia do Irã no Oriente Médio.

Segundo o secretário de Defesa americano, os Estados Unidos reorganizarão suas tropas, mas não abandonarão o país. "Não foi tomada uma decisão de deixar o Iraque. Ponto", disse o chefe do Pentágono à imprensa.

A carta em questão menciona uma reorganização "das forças para [...] garantir que a retirada do Iraque seja realizada com segurança e eficácia", e avisava que seriam realizados mais voos noturnos de helicóptero para esse objetivo.

Na noite de terça-feira, pelo quarto dia consecutivo, voos de helicóptero à baixa altitude foram registrados no centro da capital iraquiana, onde está localizada a Zona Verde, que abriga, entre outras instituições, a embaixada dos Estados Unidos.