Após vitória, Biden se concentra na transição para a Casa Branca

O 46º presidente eleito dos Estados Unidos, no dia seguinte à confirmação da vitória nas urnas, dedicou o domingo para afinar prioridades da futura gestão

Escrito por Redação ,
Legenda: O presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, e sua esposa Jill Biden
Foto: AFP

Horas após eleito e destacar o papel unificador que pretende assumir, o 46º presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, recebeu dezenas de felicitações de dirigentes mundiais. Ao longo do dia, o democrata teve uma agenda tranquila, bem diferente da reta final de campanha, quando compareceu a diversos comícios. Agora, Biden se concentra nos preparativos para sua chegada à Casa Branca neste domingo com duas prioridades: o combate à pandemia e a reconciliação de um país dividido, sem ter ainda recebido o reconhecimento do presidente republicano.

A pandemia de Covid-19 - que matou mais de 236.000 nos Estados Unidos - estará no centro das atividades de Biden como presidente eleito. Nesta segunda-feira (9), ele formará um grupo de especialistas para desenvolver um plano nacional de combate ao vírus, que poderá ser implantado a partir do mesmo dia em que assumir o poder, em 20 de janeiro.

Em sua campanha ele já traçou alguns limites, como o projeto de uma rede nacional para a realização de testes, a obrigatoriedade do uso de máscaras em prédios federais e a vacina gratuita.

Outro eixo importante, que estará na agenda do democrata, é a promessa de cancelar o processo de retirada dos Estados Unidos da Organização Mundial da Saúde (OMS), lançado por Trump, e voltar ao Acordo do Clima de Paris para limitar as emissões que causam as mudanças climáticas. Além disso, o democrata prometeu anular o decreto republicano de imigração que proíbe a entrada no país de cidadãos de vários países muçulmanos e anunciou que abrirá caminho para a regularização de cerca de 11 milhões de imigrantes sem documentos.

Estrutura

Biden e sua companheira de chapa, a senadora negra Kamala Harris - a primeira mulher a se tornar vice-presidente do país -, devem começar a considerar a composição de seu gabinete, que deve dar às mulheres e às minorias um lugar de destaque. Em sintonia com seu discurso de unidade, especula-se também sobre a inclusão de representantes da extrema esquerda de seu partido, sem esquecer os centristas e talvez até alguns republicanos. Mas essa decisão está sujeita à forma como o Senado será formado e esses resultados ainda não estão completos.

Nesta legislatura que termina, os republicanos detêm a maioria na Câmara Alta, com 53 dos 100 assentos. Nesta eleição, em que 35 cadeiras foram renovadas, os democratas perderam uma e obtiveram duas dos republicanos.

O Senado será crucial na resposta à aguda crise econômica causada pela Covid-19, que deixou milhões de desempregados e danos profundos à economia dos Estados Unidos. Antes das eleições, a Câmara dos Representantes dominada pelos democratas e o governo não chegaram a um acordo para lançar um novo plano de ajuda como o pacote de US$ 3 trilhões aprovado em março.

Diante das poucas chances de chegar a um acordo antes da mudança de comando, essas negociações seriam um primeiro teste para o governo Biden se os republicanos mantiverem a maioria no Senado. Permitiria que os republicanos bloqueassem as indicações para o novo governo.

Resistência

O democrata recebeu os parabéns de várias lideranças de todo o mundo - com exceções como México e Brasil -, mas Trump não lhe concedeu a vitória, alegando "fraude" na eleição, sem apresentar provas. O atual presidente, derrotado nas urnas, prometeu redobrar sua ofensiva judicial para desafiar os resultados oficiais, mas o destino dessas ações não parece promissor e elas foram ignoradas pelos eleitores democratas que celebravam nas ruas das grandes cidades na noite do último sábado (7). Lindsey Graham, um dos republicanos mais proeminentes no Senado dos Estados Unidos, pediu a Donald Trump neste domingo (8) que "lutasse muito" e não reconhecesse sua derrota para Joe Biden na disputa pela Casa Branca.

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