Mesmo após passar a noite internada em um hospital, a rainha Elizabeth II, de 95 anos, voltou ao trabalho nesta sexta-feira (22), informou o primeiro-ministro Boris Johnson.
“Enviarei a ela nossos melhores votos, de todos, e certamente enviamos do governo. Na verdade, Sua Majestade está, caracteristicamente, de volta à sua mesa em Windsor enquanto conversamos”, disse Johnson a repórteres.
Em um breve comunicado, o Palácio de Buckingham anunciou, na noite da última quinta-feira (21), que a rainha foi internada em Londres no dia anterior para ser submetida a exames médicos. Ela só retornou ao castelo de Windsor no dia seguinte.
O palácio destacou que a soberana "mantém um bom estado de ânimo", mas a casa real só reagiu depois que o jornal The Sun vazou a notícia.
Recentemente, a monarca foi aconselhada a 'moderar' o consumo de álcool, segundo publicou a revista Vanity Fair. De acordo com fontes próximas a ela, médicos liberaram a bebida apenas em ocasiões especiais.
Sigilo levanta dúvidas sobre saúde da rainha
Apenas cansaço por uma agenda movimentada aos 95 anos ou afetada por uma doença grave? O sigilo do palácio real provocou dúvidas sobre o estado de saúde da monarca.
O assunto provocou sentimentos de indignação, dúvidas e preocupação. Apesar da idade avançada, a rainha compareceu a 15 atos oficiais nas duas semanas após o fim de suas férias na Escócia, participando algumas vezes de três compromissos por dia.
"Fontes reais tentaram passar a impressão de que foi apenas um excesso, mas agora pode custar mais para convencer a opinião pública", destacou Richard Palmer, correspondente real do Daily Express, antes de recordar que a expressão "'bom estado de ânimo' é um clichê do palácio".
"Boatos e desinformação"
Segundo uma fonte citada pela agência de notícias britânica PA, a rainha Elizabeth estava apenas "descansando e fazendo tarefas leves" nesta sexta-feira em Windsor.
Há dois dias, a casa real cancelou uma viagem da rainha à Irlanda do Norte, alegando que ela aceitou "a contragosto" o conselho médico de repouso.
Para o correspondente de família real da BBC, Nicholas Witchell, "os funcionários do Palácio de Buckingham não apresentaram uma imagem completa e razoável do que acontecia" e lamentou ter feito com que seus espectadores acreditassem que a chefe de Estado, uma das personalidades mais populares do mundo, estava descansando em sua residência quando na realidade era levada para um hospital.
Ele indicou que a "ausência de boa informação confiável" faz com que os "boatos e a desinformação proliferem". Também questionou se "podemos confiar no que o palácio nos fala agora".
Para os que conhecem Elizabeth II, como Robert Hardman, que dirigiu documentários sobre a rainha, ela teria ocultado o fato porque "odeia que as pessoas prestem muita atenção em geral, mas sobretudo no que diz respeito a sua saúde".
Reuniões e recepções
Apesar de sua idade avançada, da morte do marido, Philip, aos 99 anos em abril, e da pandemia de Covid-19, Elizabeth II, que completará 70 anos como monarca em 2022, tem comparecido incansavelmente a eventos públicos, nos últimos meses.
Ela pretende participar ao lado do filho Charles, 72, e de seu neto William, 39, respectivamente primeiro e segundo na linha de sucessão ao trono, da COP26, a grande conferência da ONU sobre a mudança climática, que acontecerá em novembro na cidade escocesa de Glasgow.
Em junho, a rainha compareceu à reunião de cúpula do G7 no sudoeste da Inglaterra e recebeu em Windsor o presidente americano Joe Biden.
Pela primeira vez desde 2004, Elizabeth II foi vista caminhando em público com o auxílio de uma bengala, na semana passada.
Mas na terça-feira ela apareceu sem o objeto ao lado do primeiro-ministro Boris Johnson em uma recepção para dezenas de líderes empresariais reunidos em Londres para a Cúpula de Investimento Global, entre eles o fundador da Microsoft Bill Gates.