O grupo paramilitar Wagner, da Rússia, está sendo acusado de organizar uma rebelião armada contra o exército do país. O comandante, Yevgeny Prigozhin, entrou em campanha para destituir o ministro de Defesa do país nesta sexta-feira (23).
"Somos 25.000 e iremos combater as causas do caos que reina no país. Nossas reservas estratégicas são todo o exército e todo o país", declarou Yevgeny Prigozhin em mensagem de áudio, convocando "todos aqueles que desejarem" a se unirem a seus homens para "acabar com a desordem".
Prigozhin acusou o chefe do Estado-Maior russo, o general Valery Gerasimov, de ordenar ataques contra suas unidades, mesmo sabendo que estavam circulando entre veículos civis.
O procurador-geral da Rússia abriu uma investigação contra ele por "suspeita de organizar uma rebelião armada".
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, está "a par" e tomando as "medidas necessárias", após o chamado para um levante contra o comando militar russo, segundo o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, citado pela agência TASS.
A tensão ocorre em meio à contraofensiva das tropas ucranianas para reconquistar territórios tomados pela Rússia desde o início da intervenção militar, em fevereiro de 2022.
O que é o grupo Wagner?
O Grupo Wagner foi fundado em 2014 e é composto por mercenários, parte deles ex-soldados de elite. A estimativa é que o grupo tenha 20 mil soldados lutando na Ucrânia.
Por anos, o líder Yevgeny Prigozhin fez o trabalho nas sombras para o Kremlin, enviando mercenários de seu grupo privado a cenários de conflito no Oriente Médio e na África, mas sempre negando qualquer envolvimento.
Prigozhin se apresentou pela primeira vez como o fundador do Grupo Wagner, uma milícia que, desde 2014, atuou na Ucrânia, na Síria e em países africanos.
Em maio deste ano, o grupo Wagner obteve sua consagração ao reivindicar a conquista da cidade de Bakhmut, uma das poucas vitórias das forças russas, após meses de duros combates contra a Ucrânia.
Entretanto, as tensões com o Estado-Maior se acentuaram durante a batalha de Bakhmut. Prigozhin acusou os militares de não fornecerem munições ao Grupo Wagner e publicou vídeos com ofensas aos comandantes russos.