O adolescente que abriu fogo em uma escola e matou 19 crianças e dois professores havia atirado contra a própria avó antes de seguir para praticar o massacre, segundo as Autoridades do Departamento de Segurança Pública do Texas.
Em seguida, equipado com um colete à prova de balas e um rifle, o jovem fugiu em um carro, que abandonou perto da escola primária Robb, após sofrer um acidente. O ataque ocorreu na pequena localidade de Uvalde, situada a cerca de uma hora de distância da fronteira com o México.
Segundo um político local, a mulher foi transferida para um hospital em San Antonio. A unidade hospitalar confirmou a internação de uma mulher de 66 anos "em estado crítico" após ser baleada, mas não informou sua identidade.
Quem é o atirador
Identificado como Salvador Ramos, 18, o atirador é cidadão americano e era aluno da escola preparatória de Uvalde, segundo o governador do Texas, Greg Abbott, que não informou se ele chegou a se formar neste ano. O jovem morreu durante uma troca de tiros com a polícia.
Uma foto policial que circulou na imprensa local mostra um jovem com cabelos castanhos na altura dos ombros, de rosto pálido e sem expressão.
Nas redes sociais, o jovem é associado a uma conta do Instagram apagada após o massacre, que contém várias fotos: dois autorretratos em preto e branco, onde ele aparece com uma jaqueta com capuz, cabelo até a nuca, e a foto de um carregador de rifles. Outra foto mostra dois rifles semiautomáticos.
Ataque mais mortal dos últimos anos
O atirador matou 19 crianças e dois professores antes de ser morto pelas forças de segurança enviadas ao local. Mais de 10 crianças ficaram feridas no ataque a uma escola com mais de 500 estudantes, quase 90% deles hispânicos de famílias com recursos econômicos modestos.
O Memorial Hospital de Uvalde revelou que recebeu 13 crianças, enquanto o Hospital University Health de San Antonio informou que uma mulher de 66 anos e uma menina de 10 anos foram internadas em estado crítico, além de duas meninas de 9 e 10 anos.
Ao menos um agente da Patrulha de Fronteira dos EUA que respondeu ao incidente ficou ferido em um tiroteio com o agressor, informou no Twitter a porta-voz do Departamento de Segurança Interna, Marsha Espinosa.
Imagens mostraram pequenos grupos de crianças ziguezagueando entre os carros e ônibus estacionados, alguns de mãos dadas, enquanto saíam sob escolta policial da escola, que tem alunos com entre sete e 10 anos.
O ataque foi o mais mortal desde que 14 adolescentes e três adultos foram assassinados em uma escola de ensino médio em Parkland, Flórida, em 2018, e o pior em uma escola primária desde o tiroteio em Sandy Hook, Connecticut, em 2012, que matou 20 crianças e seis funcionários.
A Casa Branca ordenou que as bandeiras sejam hasteadas a meio mastro em sinal de luto para as vítimas, cujas mortes provocaram uma onda de comoção.
Repercussão do caso
O crime voltou a arrastar os Estados Unidos para o pesadelo recorrente de ataques armados em ambientes escolares e provocou um apelo do presidente Joe Biden para que o país "enfrente o lobby das armas".
"Estou irritado e cansado. Temos que deixar claro a todos os funcionários eleitos deste país: é hora de agir", afirmou o presidente de 79 anos, que foi informado sobre a tragédia a bordo do Air Force One, ao retornar de uma viagem diplomática pela Ásia.
Nesta quarta-feira (25), o papa Francisco também se pronunciou sobre o caso. O pontífice disse ter o "coração partido" e que é hora de dizer "basta" ao tráfico sem controle de armas
O governo do México condenou "energicamente" o ato de violência. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, declarou que "é terrível que tenhamos vítimas de atiradores em tempos de paz".
O senador Ted Cruz, um republicano do Texas, tuitou que ele e sua esposa estavam orando pelas crianças e suas famílias "no horrível ataque a tiros em Uvalde".Mas o senador Chris Murphy, um democrata de Connecticut, onde ocorreu o ataque em Sandy Hook, fez um apelo emocionado a seus colegas para que tomem medidas concretas para evitar mais violência.
"Isso não é inevitável, essas crianças não tiveram má sorte. Isso só acontece neste país e em nenhum outro lugar. Em nenhum outro lugar as crianças pequenas vão à escola pensando que poderiam receber um disparo", disse Murphy, ao acrescentar que é preciso "encontrar uma maneira de aprovar leis que tornem isso menos provável".
Houve outros ataques a tiros nos Estados Unidos
Em 14 de maio, um jovem de 18 anos matou a tiros dez pessoas em uma loja de comestíveis em Buffalo, Nova York. Usando um colete à prova de balas e um fuzil AR-15, o autoproclamado supremacista branco teria transmitido ao vivo seu ataque.
Segundo informes, ele planejou seu ataque durante meses, realizando-o no estabelecimento devido à grande concentração de afro-americanos que o rodeiam. No dia seguinte, um homem bloqueou a porta de uma igreja em Laguna Woods, Califórnia, e abriu fogo contra sua congregação taiwanesa-americana, matando uma pessoa e ferindo cinco.
O atirador, que trabalhava como segurança em Las Vegas, atacou as pessoas por "ódio com motivação política... (E) estava incomodado com as tensões políticas entre China e Taiwan", segundo o xerife do condado de Orange, Don Barnes.
Apesar dos ataques a tiros em massa recorrentes e de uma onda nacional de violência armada, múltiplas iniciativas para reformar as regulações sobre armas fracassaram no Congresso nos Estados Unidos, deixando aos legislativos estaduais e locais promulgarem suas próprias restrições.
A Associação Nacional do Rifle (NRA, na sigla em inglês) tem sido fundamental na luta contra a aprovação de leis mais estritas sobre armas. Abbott e Cruz figuram como oradores em um conferência organizada por esse poderoso grupo lobista em Houston, Texas, no fim desta semana.