Estudos divergem sobre efeitos de tipos sanguíneos em casos graves de Covid-19

Enquanto pesquisa mostra predileção do vírus ao sangue do Tipo A, outras indicam mais exposição a pessoas com tipo B ou AB

Legenda: Resultados que indicam associação entre tipos específicos de sangue e a Covid-19 ainda não preliminares
Foto: Getty Images/Goja1

Desde o início da pandemia de Covid-19, diversas pesquisas tentam comprovar se o coronavírus pode ser mais perigoso e letal para tipos específicos de sangue. 

O mais recente estudo do tipo, publicado no mês passado na revista científica Blood Advances, revela que o vírus Sars-CoV-2  tem conexão direta com o tipo sanguíneo A, mostrando que o risco de contrair a doença pode ser maior para pessoas com esse sangue. 

A pesquisa mostra que o vírus prefere se ligar a proteínas presentes nas células respiratórias nos pulmões, mas aquelas encontradas somente no tipo sanguíneo A. Também avaliadas, o mesmo comportamento não foi observado nas células dos tipos B ou O. 

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Resultados como esses, no entanto, são preliminares, segundo 
cientistas entrevistados pela BBC News Brasil, e ainda não há um consenso sobre essa associação entre tipos específicos de sangue e a Covid-19. 

Resultados Diferentes

Outros estudos sobre o assunto tiveram resultados diferentes. Em julho de 2020, um trabalho publicado na revista científica Annals of Hematology identificou que pessoas com tipos sanguíneos B e AB tinham maior probabilidade de receber um teste positivo para Covid-19, enquanto os com tipo O tinham menor probabilidade.

O tipo A, por sua vez, se mostrou estatisticamente indiferente na maior ou menor probabilidade de infecção. Ao todo, 1.200 pessoas com testes positivos participaram da pesquisa.

Já em outro estudo, em outubro de 2020, com dados nacionais da Dinamarca, mostrou que o tipo O teve um efeito de proteção contra a infecção por Covid-19, embora não tenha apresentado influência no risco de hospitalização ou morte.

Para esse resultado, foi comparada a distribuição percentual por tipo sanguíneo de um grupo de 7.422 pessoas com Covid-19 confirmada. Entre os infectados, 38% eram do grupo O, e na população em geral o percentual era de 42%. 

Não existe estudo ideal 

Para o médico e pesquisador no hospital Brigham and Women's, em Boston, Sean R. Stowell, diferentes metodologias e outros fatores influenciando a infecção e agravamento da Covid-19, que vão além do tipo sanguíneo, explicam diferentes resultados. 

O tipo ideal de estudo para responder essa questão, diz ele, seria impossível de ser realizado, já que para promover uma rigorosa perspectiva clínica e correlacional, seria necessário expor os tipos sanguíneos ao vírus exatamente nas mesmas condições.


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