Estudo indica que coronavírus pode permanecer ativo em pacientes após 20 dias dos sintomas de Covid

Pesquisa brasileira analisou duas pacientes que tiveram testes positivos mais de três semanas após primeiros sintomas

Legenda: Estudo indica que coronavírus pode permanecer ativo após 20 dias de primeiros sintomas
Foto: Handout / National Institute of Allergy and Infectious Diseases / AFP

Um estudo desenvolvido por pesquisadores brasileiros indica que pacientes com Covid-19 podem ter o vírus ativo no organismo por mais de 20 dias após o aparecimento dos sintomas. 

O artigo foi publicado pelo portal científico medRxiv, mas ainda não foi revisado por pares, ou seja, não foi validado para uso em guias de práticas médicas. 

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), Universidade Municipal de São Caetano do Sul, Instituto Nacional do Câncer (INCA-RJ) e de outras instituições são responsáveis pela condução do estudo. 

A pesquisa analisou dois casos de dois pacientes infectados, ambas mulheres com cerca de 50 anos. As duas pacientes moram em São Caetano (SP) e foram atendidas por um programa de monitoramento remoto de pacientes.

A primeira foi diagnosticada com Covid-19 em abril de 2020, após apresentar tosse, dor de cabeça, dor muscular e nas juntas e fraqueza. A paciente fez um teste RT-PCR 22 dias após o aparecimento dos sintomas, que teve resultado positivo.

Posteriormente, ela começou a sentir náusea, perda de olfato e paladar. Após 37 dias do aparecimento dos primeiros sintomas, ela fez um novo teste RT-PCR, que também deu positivo. Segundo o estudo, a mulher se recuperou da maioria dos sintomas no meio de maio, mas ainda sentia dor de cabeça. 

A segunda paciente foi diagnosticada por um teste RT-PCR no início de maio, cinco dias após o início dos sintomas - febre, dor de cabeça, tosse, dor no corpo, fraqueza e náusea. 

Com a persistência do quadro clínico, a mulher fez outros dois exames, 24 e 35 dias após o aparecimento de sintomas, que também deram positivo. 

Capacidade de reprodução

Os pesquisadores analisaram a capacidade replicadora dos vírus que contaminaram às duas pacientes, através das amostras dos exames RT-PCR. 

Em laboratório, foi verificada a presença de atividade de replicação dos Sars-CoV-2 em tempo real. Dessa forma, o vírus permaneceu ativo e se replicando três semanas após os primeiros sintomas, nos dois casos. 

A conclusão é que pacientes moderados da doença, que não precisam de internação, podem continuar potencialmente contagiosos após 14 dias do surgimento dos sintomas - período de incubação.

"O material foi inoculado em uma cultura de células epiteliais e, após diversos testes, confirmamos que o vírus ali presente ainda estava viável, ou seja, era capaz de se replicar e de infectar outras pessoas", afirmou a professora Maria Cassia Mendes-Correa, uma das pesquisadoras do estudo, à agência Fapesp

O estudo ressalta que a Organização Mundial da Saúde é que pacientes com Covid sejam liberados do isolamento apenas após estarem recuperados dos sintomas. 


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