Pelo menos 137 pessoas morreram. Carros, casas e estabelecimentos comerciais foram destruídos. Caso lembra o rompimento das barragens de Brumadinho e Mariana, em Minas Gerais
Com o impacto das explosões, comparadas ao efeito de um terremoto, até mesmo imóveis localizados a quilômetros de distância da área portuária tiveram vidros e janelas danificados.
Para a defensora do Núcleo Cível da Defensoria Pública do Ceará, Luciana Cordeiro de Alencar, tragédias de grandes dimensões como as que foram registradas em Brumadinho, Mariana e Beirute podem ter vários responsáveis, a depender de uma série de fatores.
No caso de Beirute, o Governo do Líbano determinou inicialmente a prisão domiciliar das autoridades responsáveis pelas operações de armazenamento e segurança no porto, por suspeita de negligência.
"[A responsabilização] depende de uma série de fatores. São responsáveis todos aqueles envolvidos na operação. A do Líbano, por exemplo, logo de pronto, prenderam as autoridades portuárias. Até apurar a responsabilidade. Porque existem várias pessoas envolvidas, cada uma com sua responsabilidade", explica.
Em Mariana, a mineradora Vale foi responsabilizada. E outras empresas como a alemã Tüv Süd, que atestou em um laudo técnico a segurança da barragem 1 da Mina do Feijão. "Eles também devem ser responsabilizados. E se deveria haver alguma fiscalização do poder público em relação a isso, as autoridades deveriam também ser responsabilizadas".
Reparação de danos
Ao contrário do dano moral, que pode ser comprovado por meio da própria tragédia, o dano material exige que as vítimas se unam e documentem as suas perdas, desde bens a renda, orienta a defensora.
"A primeira coisa é definir que tipo de dano [a vítima sofreu]. No caso de Brumadinho, algumas pessoas ficaram sem renda. Não só porque eram funcionárias da Vale, como algumas viviam de criação ou de pousadas e isso foi destruído, então elas ficaram sem renda. A melhor coisa é se documentar, provar o quanto se recebia de renda, o que foi perdido com tudo isso, imóvel, carro, tudo isso tem que ser comprovado".
Antes de procurar a Justiça, seja por meio de um advogado contratado ou defensoria pública, é importante que as pessoas envolvidas na tragédia se unam e busquem juntas a reparação. A ação coletiva, conforme a defensora, tem mais chances de surtir efeito.
"Isso facilita. A gente viu esse movimento em Brumadinho, Mariana, a formação de associações para que pudessem pleitear essas reparações", esclareceu.