Um paciente em tratamento de câncer há 13 anos teve remissão completa da doença em um mês após ser submetido a uma terapia celular em São Paulo. Paulo Peregrino, de 61 anos, foi um dos 14 pacientes tratados com o CAR-T Cell, um protocolo da Universidade de São Paulo (USP) em parceria com o Instituto Butantan e o Hemocentro de Ribeirão Preto.
Paulo se recuperou em um hospital público do Sistema Único de Saúde (SUS), que é o objetivo da iniciativa. O paciente começou o tratamento em abril, e em maio já teve remissão do linfoma. As informações são do g1.
Ele teve alta do Hospital das Clínicas nesse domingo (28), após ficar internado no Centro de Terapia Celular. Paulo é publicitário e descobriu a doença em 2013 após ir ao hospital por conta de uma infecção.
Ao longo dos anos, entre quimioterapias, internações e Covid-19, o homem achou em pesquisas o tratamento CAR-T Cell e o médico Vanderson Rocha. Anos mais tarde, após as autorizações devidas e o tratamento feito, os dois celebraram a vitória.
"Foi uma resposta muito rápida e com tanto tumor. Fico até emocionado [ao ver as duas ressonâncias de Paulo]. Fiquei muito surpreso de ver a resposta, porque a gente tem que esperar pelo menos um mês depois da infusão da célula. Quando a gente viu, todo mundo vibrou. Coloquei no grupo de professores titulares da USP e todo mundo impressionado de ver a resposta que ele teve", comentou Vanderson Rocha, professor de hematologia, hemoterapia e terapia celular da Faculdade de Medicina da USP, e coordenador nacional de terapia celular da rede D’Or.
Expansão do tratamento
"Devido ao alto custo, este tratamento não é acessível em grande parte dos países do mundo. O Brasil, por outro lado, encontra-se em uma posição privilegiada e tem a rara oportunidade de introduzir este tratamento no SUS em curto período de tempo", explica o coordenador do Centro de Terapia Celular CEPID-USP e do Núcleo de Terapia Celular do Hemocentro de Ribeirão Preto, Dimas Covas.
Os desenvolvedores do projeto da CAR-T Cell no Brasil esperam que no segundo semestre 75 pacientes sejam tratados com verba pública após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovar o estudo clínico. O tratamento atualmente só está na rede privada de saúde e custa cerca de R$ 2 milhões por pessoa.
O método abrange três tipos de câncer: leucemia linfoblástica B, linfoma não Hodgkin de células B e mieloma múltiplo. Além de Paulo, outros 13 pacientes foram tratados, e 69% tiveram remissão completa em 30 dias.
O primeiro paciente do tipo obteve resultados parecidos com os de Paulo, mas morreu em casa em Belo Horizonte após um acidente doméstico, em 2019.