Universitário relata ter sido refém em estação de metrô em Fortaleza; Polícia investiga caso

A vítima relatou que os criminosos anunciaram um assalto no corredor de entrada da estação José de Alencar, no Centro, mas depois começaram as ameaças de morte e questionamentos se ele era membro de alguma facção criminosa

Escrito por Samuel Pinusa ,
Legenda: O jovem conta ter sido feito refém no corredor de entrada da estação José de Alencar, no Centro de Fortaleza
Foto: Érika Fonseca

Relato de um universitário conta que ele foi feito refém por um grupo criminoso composto por quatro homens — sendo pelo menos um armado — que anunciaram um assalto, no corredor de entrada de uma estação de metrô no Centro de Fortaleza. O caso aconteceu na noite da última segunda-feira (21). Na abordagem, os criminosos começaram a fazer ameaças de morte e questionar se ele fazia parte de alguma facção criminosa. As informações foram confirmadas pela própria vítima.

A vítima relatou que a ação, que durou cerca de 30 minutos, teve início quando ele entrava na estação José de Alencar, no corredor que dá acesso à Avenida Tristão Gonçalves. O jovem chegou em carro por aplicativo, retornando de uma viagem, quando foi abordado por três integrantes do grupo, que se aproximaram como se já o conhecessem.

O universitário revelou ainda que o quarto criminoso foi para a entrada da estação, fingindo que iria pegar o metrô, com o objetivo de vigiar a movimentação das pessoas próximo aos outros suspeitos e da vítima.

“Um [dos criminosos] me deu a mão para cumprimentar e logo me segurou, enquanto o outro encostou em mim como se fosse me cumprimentar pegando no ombro e já falou que eu relaxasse que ele estava armado e que minha vida dependia da boa vontade deles. Eles fizeram um teatro pra não chamar atenção, já que ali é um espaço bem movimentado”, publicou o universitário.

Conforme a Polícia Civil informou ao Sistema Verdes Mares, as investigações a respeito de um roubo cometido contra um jovem, no último dia 21, no Centro de Fortaleza, estão em andamento. O caso foi registrado por meio da Delegacia Eletrônica (Deletron) e transferido para o 34º Distrito Policial. O Sistema Verdes Mares também entrou em contato com o Metrofor e aguarda resposta. 

 

Envolvimento com facção criminosa

O jovem contou ainda que os criminosos, durante toda a abordagem, insistiam em questioná-lo se ele fazia parte de algum grupo criminoso. “Eu dizia que não, que nem entendia disso, que não sabia o que era, que estava apenas indo para casa. Eles disseram que não, que acreditavam que eu era sim, pois estava indo para Maracanaú”, relembra a vítima, que ia para o município da Região Metropolitana.

Os assaltantes então pediram que ele desbloqueasse o celular, com a intenção de vasculhar possíveis mensagens e fotos que confirmassem o vínculo com a facção rival. Na procura pelos arquivos, os criminosos encontraram imagens do universitário com o namorado, e iniciaram as ofensas devido ao jovem ser homossexual.

“Eles queriam me levar para o carro que eles estacionaram ali próximo para fazer uma espécie de interrogatório e me matar, segundo disseram. Foram cenas de gigantesco terror. Tudo feito por eles com muita tranquilidade e meticulosidade. Eram frios e passavam confiança de que estavam ali para fazer desgraça mesmo”, relembra a vítima.

Implorar por viver

Depois que descobriram a orientação sexual da vítima, o jovem revelou que os momentos de terror se intensificaram. Ele relatou que o grupo de assaltantes o obrigavam a implorar pela própria vida, suplicar o porquê deveriam deixá-lo vivo, uma vez que a intenção deles era assassiná-lo.

“E ninguém nunca está preparado para responder esse tipo de pergunta, principalmente com uma arma encostando em você”, destaca o universitário.

O jovem ainda revelou que o movimento de usuários do metrô continuou normalmente durante a abordagem, porque o grupo tentava de tudo para não chamar a atenção de outras pessoas. “Nem olhe para o lado senão eu atiro, não tem como correr, estão te esperando nas duas pontas”, ele relembra que um dos criminosos o ameaçava se ele tentasse fugir.

“Enfim, o terror acabou apenas quando chorei e me humilhei pedindo que eles acreditassem em mim e levassem apenas o celular e me deixassem vivo. Nesse momento nem eu acreditava mais que sairia vivo dali”, complementa a vítima, que resumiu o momento como um “trauma na memória” com “dano psicológico e financeiro”, já que os criminosos o liberaram após roubar o celular.

A Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE) informou por meio de nota que investiga um roubo cometido contra um jovem, no último dia 21, no Centro de Fortaleza. O caso foi registrado por meio da Delegacia Eletrônica (Deletron) e transferido para o 34º Distrito Policial (DP). Investigações estão em andamento.

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