SAP pede permanência de dois detentos em presídios federais

Um preso é acusado de liderar um braço de uma facção, na região do Serviluz, e ordenar roubos, tráfico de drogas e homicídio. Já o outro homem é apontado como o líder de uma quadrilha especializada em homicídios no Bom Jardim

Escrito por Redação , seguranca@svm.com.br
Legenda: Grupo estava fortemente armado para resgatar 'Júnior Play' durante transporte do preso até o Fórum, em 2017
Foto: FOTO: FABIANE DE PAULA

A Secretaria da Administração Penitenciária do Ceará (SAP) pediu a permanência de dois detentos em presídios federais de segurança máxima - fora do Estado. Os pedidos foram publicados pela 3ª Vara de Execução Penal, no Diário da Justiça Eletrônico da última quinta-feira (12).

Conforme as publicações, a SAP fez os pedidos "tendo em vista a ausência de estabelecimento penal de segurança máxima neste Estado". O juiz da 3ª Vara também pediu a manifestação da defesa dos detentos. A decisão sobre a manutenção será da Corregedoria dos Presídios Federais.

Os dois presos são Daniel Júnior dos Santos Silva, o 'Júnior Play', de 30 anos, e João Vaz de Sousa Neto, 31. O primeiro responde a processos na Justiça Estadual pelos crimes de tráfico de drogas, roubo, receptação, posse ilegal de arma de fogo e corrupção de menores. Já o segundo responde a dois homicídios.

Questionada sobre a motivação dos pedidos, a SAP, através da assessoria de comunicação, respondeu que não fornece detalhes sobre esse assunto, por questão estratégica de segurança. A advogada de 'Júnior Play' ficou de se manifestar sobre o pedido, mas não enviou resposta até o fechamento desta matéria; enquanto a defesa de João Neto não foi localizada.

Pacificação

Conforme denúncia do Grupo Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), do Ministério Público do Ceará (MPCE), de 20 de abril de 2016, 'Júnior Play' era um líder de um braço de uma facção sediado na região do Serviluz, em Fortaleza, e, mesmo preso, determinava a prática de roubos de veículos e estabelecimentos comerciais, lesões corporais gravíssimas (tiros nos joelhos) como castigo por "pecados" - como o cometimento de furtos e pequenos roubos na comunidade -, tráfico de drogas e homicídios.

O Gaeco ainda apurou que 'Júnior Play' era um dos organizadores do "Movimento Pela Paz", uma pacificação traçada por facções que se digladiavam pelo domínio do tráfico de drogas, no Ceará, ocorrida no ano de 2016.

"O real intuito das manifestações não seria efetivamente a paz e o fim da criminalidade, muito pelo contrário, a união dos grupos e facções rivais ligados ao tráfico e consumo de drogas nos territórios dos bairros, comunidades e favelas. Em síntese, com a unificação fica estabelecido que não ocorrerão mais mortes motivadas por disputa do território do tráfico, fortalecendo assim os grupos criminosos, de forma a aumentar a criminalidade, mormente no âmbito do tráfico ilícito de entorpecentes", descreveu o órgão.

Em janeiro de 2017, a Delegacia de Roubos e Furtos (DRF), da Polícia Civil, descobriu um plano ousado para resgatar 'Júnior Play', no momento em que ele estaria sendo levado da Penitenciária Francisco Hélio Viana de Araújo, em Pacatuba, para uma audiência no Fórum Clóvis Beviláqua, na Capital. Quatro suspeitos foram capturados e 13 armas de fogo, apreendidas.

Homicídios

Já João Neto é acusado pelo MPCE de liderar uma quadrilha "que tinha como finalidade a prática de crimes de homicídios para ceifar a vida das pessoas que passassem em seu caminho ou que de alguma forma tenha entrado em conflito com os mesmos". O grupo atuava na região do Bom Jardim, em Fortaleza.

Neste bairro, Kildare dos Santos Nascimento foi assassinado no dia 1º de fevereiro de 2011. João Neto e mais três homens foram denunciados pelo crime, em março daquele ano. A motivação da execução teria sido uma discussão entre a vítima e os acusados em um centro de paintball.

Outro homicídio atribuído a João Neto e seu grupo é a morte de Renato Cruz Mota, no bairro Vila Pery, no dia 12 de outubro de 2010. A motivação do crime seria a disputa pelo tráfico de drogas local. João foi condenado na primeira instância a 16 anos de prisão.

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