Quadrilha que fornecia documentos falsos ao PCC é desarticulada

Por meio de investigação iniciada em 2016, o MPCE e a Polícia Civil chegaram a uma organização criminosa independente que fabricava e comercializava documentos falsos. 13 mandados de prisão foram cumpridos ontem

Escrito por Redação , seguranca@verdesmares.com.br
Legenda: Promotores e policiais civis cumpriram mandados na Capital, Caucaia e Pacatuba
Foto: FOTO: JOSÉ LEOMAR

Uma nova fase da Operação Saratoga foi deflagrada, ontem, pelo Grupo Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), do Ministério Público do Ceará (MPCE), com o apoio da Coordenadoria de Inteligência (Coin) da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). Após quase três anos de investigação, as autoridades desarticularam uma organização criminosa independente, que fornecia documentos falsos a membros da facção Primeiro Comando da Capital (PCC) e a outros clientes.

A Justiça Estadual expediu 14 mandados de prisão e 17 mandados de busca e apreensão contra a quadrilha. A reportagem apurou que 11 pessoas foram presas; dois alvos já estavam encarcerados em penitenciárias da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF); e uma pessoa permanecia na condição de foragida, até o fechamento desta matéria. Os mandados foram cumpridos nos municípios de Fortaleza, Caucaia e Pacatuba.

Dentre os presos, há um contador e um advogado. As investigações indicam que o advogado se beneficiava dos documentos falsos produzidos pela quadrilha e o contador participava do esquema de falsificação. O caso permanece sob segredo de Justiça e, por isso, os nomes dos presos não podem ser revelados.

O promotor de Justiça do Gaeco, Adriano Saraiva, destaca que nem todos os alvos da terceira fase da Operação Saratoga pertenciam ao PCC e conta como o esquema acontecia: "No curso da investigação da Saratoga, descobrimos uma organização criminosa autônoma. Esta fase é voltada para o núcleo da falsificação. Eles (faccionados) procuravam a organização e adquiriam documentos falsos. Parte da facção era cliente desta organização, mas eles não se limitavam a clientes do PCC", explicou.

Conforme o Ministério Público, os documentos falsos eram utilizados para praticar diversos golpes, desde compras fraudulentas no comércio à captação de empréstimos financeiros de altos valores, passando por roubo, furto, receptação e adulteração de veículos automotores. Há ainda suspeitas de haver fraudes nos pagamentos de fianças à Justiça.

Adriano Saraiva acrescenta que as autoridades ainda não têm dimensão do prejuízo financeiro causado pelo uso dos documentos falsos. O promotor afirma que os golpes foram praticados ao longo de, pelo menos, três anos. Ontem, a Polícia teve acesso a uma oficina mecânica, na capital cearense, onde funcionava o escritório da quadrilha. "Todo o material da falsificação era levado para este escritório, o que, para nós, é um fato inusitado", ressalta.

Diligências

Foram cumpridos mandados de busca e apreensão no escritório e nas residências dos suspeitos. Os policiais recolheram documentos, computadores, celulares e HDs. A expectativa é que informações contidas nos aparelhos auxiliem na investigação e façam com que, em breve, o Gaeco possa deflagrar uma nova fase da Operação Saratoga.

O delegado Fernando Menezes, da Polícia Civil, informou ao Sistema Verdes Mares que os objetos apreendidos devem ser periciados para que fique comprovada a forma como cada um dos criminosos participava do esquema.

"Esta investigação tem uma certa complexidade, na qual se faz necessária uma nova fase da maturação porque tudo indica que há participação de outras pessoas neste esquema. Ainda há um foragido e a Polícia Civil continua em diligência. Esse trabalho demanda uma análise documental e naturalmente outras fases desta operação surgirão", pontua.

Os investigadores acreditam que servidores públicos possam estar ligados à organização criminosa, engajados em facilitar a entrega dos documentos falsos.

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