Presos no Ceará eram ligados a braço do PCC no Mato Grosso do Sul

Quadrilha ordenava homicídios, tráfico de drogas e roubos em vários cantos do País, direto do MS. No Ceará, o Ministério Público e a Polícia Militar cumpriram 38 mandados de prisão preventiva, inclusive em um presídio

Escrito por Redação , seguranca@svm.com.br
Legenda: Gaeco, do Ministério Público, e forças da Polícia Militar, cumpriram mandados judiciais em 15 municípios cearenses

A Operação Flashback II, deflagrada ontem, desarticulou um braço da organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) sediado no Mato Grosso do Sul, com ramificações em pelo menos nove estados, inclusive o Ceará, onde o Ministério Público Estadual (MPCE) e a Polícia Militar (PMCE) cumpriram 38 mandados de prisão temporária. Até o fechamento desta matéria, 15 suspeitos foram presos.

O promotor de Justiça do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), Adriano Saraiva, afirma que o objetivo da Operação era diminuir e enfraquecer o grupo criminoso, que atua em âmbito nacional. Entre os alvos, estavam lideranças locais. "É importante frisar que esses alvos eram específicos, detalhados em razão da sua importância dentro da organização criminosa. É como se a prisão de um desses alvos, você conseguisse desarticular de 50 a 100 membros", complementa.

O braço do PCC, direto do Mato Grosso do Sul, emanava ordens para homicídios, tráfico de drogas e roubos nos outros estados. Aquele Estado é uma das principais rotas do tráfico de drogas da facção criminosa, que tira o entorpecente do Paraguai e espalha para o restante do País, inclusive para o Ceará, de onde muitas vezes é enviado para outros continentes.

No Ceará, os mandados de prisão foram cumpridos nas cidades de Fortaleza, Sobral, Juazeiro do Norte, Santana do Acaraú, Boa Viagem, Jaguaribe, Aquiraz, Novo Oriente, Senador Pompeu, Nova Olinda, Tianguá, Independência, Tabuleiro do Norte, Russas e Mauriti. Um dos alvos já estava detido em uma unidade penitenciária de Sobral.

Segundo Adriano Saraiva, a quadrilha se aproveitou da pandemia do novo coronavírus para intensificar as ações criminosas, nos últimos meses. "Tanto é que a violência cresceu no Estado do Ceará, em razão da violência promovida por essas facções criminosas. Estamos dando uma resposta e uma satisfação à sociedade, que tem sofrido com a insegurança e a vulnerabilidade", pontua.

Outros estados

A Operação foi coordenada pelo Grupo Nacional de Combate às Organizações Criminosas (GNCOC), do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), e realizada nos estados do Ceará, Alagoas, Pernambuco, Bahia, Paraíba, Piauí, Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Minas Gerais. Ao total, foram cumpridos 212 mandados judiciais (entre busca e apreensão e prisão) expedidos pela 17ª Vara Criminal de Maceió (Alagoas), em 71 municípios. Cerca de 1 mil policiais federais, civis e militares participam da ofensiva.

A região Nordeste concentrou o maior número de mandados: 179, distribuídos em oito estados. Somente em Alagoas, berço da investigação, foram cumpridos 101 ordens judiciais em 12 municípios; sendo 80 mandados apenas na capital Maceió.

Mulheres

A investigação da Divisão Especial de Investigação de Capturas (Deic), da Polícia Civil de Alagoas, identificou também que as mulheres ganharam mais protagonismo no Primeiro Comando da Capital, ao ocupar cargos de chefia.

Na 'Flashback II', 39 mulheres foram alvos de mandados de prisão em todo o País. Enquanto na primeira fase da Operação, apenas sete mulheres foram alvos de ordens de detenção, o que representa um aumento de 557%.

"As mulheres passaram a exercer funções importantes na facção criminosa. São as famosas 'Damas do Crime', inclusive realizando execuções com extrema violência e frieza", aponta Saraiva. Outra função que começou a ser dominada pelas mulheres, no PCC, foi a 'Geral da Disciplina', "que vai ordenar o processo de julgamento a determinado desafeto", explica.

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.
Assuntos Relacionados