Pai de adolescente morto em operação policial cumprirá prisão domiciliar

Vara do Júri de Caucaia decidiu converter a prisão preventiva e mandar que Wandiney Sales Matos use tornozeleira eletrônica

Escrito por Redação ,
Legenda: Wandiney é investigado pelo homicídio do seu vizinho, identificado como Herlando Andrade da Silva, ocorrido após uma discussão

O juiz Carlos Eduardo de Oliveira Holanda Júnior, da Vara Única do Júri da Comarca de Caucaia, converteu a prisão preventiva de Wandiney Sales Matos, de 36 anos, em prisão domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica. A Defensoria Pública do Estado e o Ministério Público do Ceará (MPCE) haviam pedido que a Justiça avaliasse a adoção de medidas cautelares.

A decisão foi publicada nessa terça-feira (15) e, segundo o advogado da família, Judicael Almeida, ela já se encontra no Instituto Dr. José Frota (IJF), onde o investigado está internado em decorrência da operação policial ocorrida na última sexta-feira (11). 

Wandiney é investigado pelo homicídio do seu vizinho, identificado como Herlando Andrade da Silva, ocorrido após uma discussão. Durante a fuga do local, em um automóvel, Wandiney, sua sogra e um filho foram atingidos por disparos de arma de fogo por uma composição de policiais. O seu outro filho, Kauã Viana Sales, de 12 anos, que estava no banco traseiro do veículo morreu possivelmente em decorrência da ação policial. O caso está sendo investigado pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS).

De acordo com o magistrado da Vara do Júri, "não é caso de manutenção cautelar do agente (Wandiney), tendo em vista sua primariedade, bons antecedentes criminais e, inclusive, constar uma narrativa onde o agente supostamente teria agido, com excesso ou não, em legítima defesa própria e de sua família, algo que carece de maiores investigações para se aferir sua veracidade ou não".

O juiz ainda considerou que Wandiney não tem envolvimento prévio em prática de crimes e apontou a morte do filho e a lesão em seus familiares como "fatos bastante graves ocorridos nos autos" e que "estão sendo apurados em outra investigação policial". 

Wandiney terá que permanecer em sua residência, podendo sair apenas para tratamento médico, ambulatorial ou hospitalar. Ele precisará apresentar atestado das condições de saúde em até cinco dias. O alvará de soltura foi expedido no mesmo dia da decisão judicial. 

A Vara do Júri, porém, desconsiderou o pedido da Defensoria Pública do Estado de que a prisão de Wandiney foi ilegal em decorrência de não ter sido realizado um exame de corpo de delito, como prevenção a possíveis torturas e maus-tratos sofridos pelo investigado.

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