Líder de facção preso em Sergipe era responsável pelas finanças de grupo criminoso

'Dão' assumiu o posto mais alto da organização com a captura de 'Siciliano', em setembro do ano passado, e vivia escondido em uma residência no Município de Itabaiana. O foco da Polícia agora é no único chefe da facção foragido

Escrito por Messias Borges , messias.borges@svm.com.br
Prisão de Dão
Legenda: 'Dão' precisou ser transferido para o Ceará imediatamente, devido ao nível de periculosidade

Mais um chefe da facção Guardiões do Estado foi preso em outro estado. Francisco Marcilieudo Mesquita da Silva, conhecido como 'Dão' ou 'Irmão Jó 331', de 38 anos, detido pela Polícia Civil do Ceará (PCCE) em Sergipe, era o responsável pelas finanças da organização criminosa e foi alçado ao posto mais alto da hierarquia com a captura de Ednal Braz da Silva, o 'Siciliano', em setembro do ano passado.

Conforme investigação da Polícia Federal (PF) e do Grupo Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) do Ministério Público do Ceará (MPCE), 'Dão' participou do planejamento da série de ataques criminosos a bens públicos e privados no Ceará, em setembro de 2019, crime pelo qual foi denunciado e já virou réu na Justiça Estadual.

No aparelho celular apreendido com 'Siciliano', com autorização da Justiça, os investigadores encontraram tratativas entre os dois criminosos.

'Dão' passava relatórios financeiros ao chefe máximo da facção. No dia 21 de agosto do ano passado, poucos dias antes do início da série de ataques, o "diretor financeiro" afirma que tem R$ 50 mil para investir. Dois dias depois, ele envia uma lista de compras no valor de R$ 45,8 mil, que inclui R$ 12,5 mil para comprar duas pistolas (calibre 380 e 9mm), R$ 16 mil para veículos e R$ 14,4 mil para munições.

No dia 9 de setembro seguinte, 'Siciliano' afirma a 'Dão' que a facção criminosa precisa angariar mais dinheiro: "Nós podemos explorar assalto a carga e banco mano (irmão), só basta ter um cm (com) experiência pra montar uma equipe... Exato, pra fazer banco precisa de bico (fuzil), mas pra pegar carga de grande e pequeno porte, só basta ter 38 (revólver) e 12 (escopeta) que dá pra pegar viu".

A importância da última prisão da polícia cearense é mostrada em outro plano criminoso da facção: o assassinato do secretário da Administração Penitenciária (SAP), Mauro Albuquerque. A ordem partiu do presídio, de outro líder do grupo, Francisco Tiago Alves do Nascimento, conhecido como o 'Tiago Magão', e foi compartilhada inicialmente com 'Siciliano', 'Dão' e Francinélio Oliveira e Silva, o 'Geleia'.

O foco da Polícia passou para 'Geleia', que segue foragido e agora assumiu o comando máximo da organização criminosa. Ele estaria na linha de frente de outros dois crimes ousados da facção, descobertos na investigação da PF e do Gaeco: o resgate de detentos de um presídio, passando-se por policiais federais, e uma explosão na Arena Castelão durante um show de forró.

Detenção

'Dão' foi preso em uma residência na área nobre de Itabaiana, na região do agreste sergipano, em uma operação conjunta da Delegacia de Combate às Ações Criminosas Organizadas (Draco), da Polícia Civil do Ceará, e do Complexo de Operações Policiais Especiais (Cope), da Polícia Civil de Sergipe (PCSE), na última quinta-feira (11). Ele estava com duas pessoas e na posse de documentos falsos.

O titular da Draco, Harley Filho, em entrevista ao Sistema Verdes Mares, explicou que o preso teve que ser transferido de imediato para o Ceará, devido ao nível de periculosidade. O delegado revelou que irá sugerir a transferência do homem para um presídio federal de segurança máxima.

Além do crime de organização criminosa, 'Dão' tinha outro mandado de prisão em aberto, por um homicídio cometido no Município onde ele nasceu, Morada Nova, na região do Vale do Jaguaribe, no Ceará. Ele já foi condenado a 24 anos de prisão pelo crime.

Líderes

A Polícia cearense já prendeu 12 dos 13 principais chefes da facção, segundo Harley Filho. "Esse grupo criminoso local é bem estruturado, tem uma clara divisão de tarefas. A Draco foi fundada em 2016 e, em 2018, já tínhamos todo esse grupo criminoso mapeado. Hoje o grupo está sem uma cadeia de comando e, dessa forma, a tendência é que ele realmente se acabe", concluiu.

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