Justiça nega liberdade a mulheres acusadas de tentativa de chacina no Vila do Mar

Três jovens foram assassinados e outros três ficaram feridos, em uma festa de Carnaval clandestina, neste ano

Escrito por Messias Borges , messias.borges@svm.com.br
Polícia no Vila do Mar
Legenda: Policiais isolaram a área após a localização dos corpos no Vila do Mar
Foto: Leabem Monteiro/SVM

A 1ª Vara do Júri de Fortaleza, da Justiça Estadual, negou liberdade a duas mulheres acusadas de matar três pessoas e ferirem outras três, em uma tentativa de chacina em uma festa de Carnaval clandestina, no Vila do Mar, na Barra do Ceará, em Fortaleza, em fevereiro deste ano. Ao total, cinco pessoas são rés pelos crimes.

Isabelly de Souza Silva e Joicilane Nascimento Ferreira pediram pelo relaxamento da prisão, com conversão da prisão preventiva em domiciliar. Entretanto, os pedidos foram indeferidos pela juíza da 1ª Vara, Danielle Pontes de Arruda Pinheiro, no dia 23 de março deste ano. A decisão foi publicada no Diário da Justiça Eletrônico da última quarta-feira (31).

Conforme a juíza, a decretação da prisão preventiva das duas mulheres tem "fundamento na gravidade da conduta e na periculosidade do agente, evidenciada, no caso concreto pelo modo de ação". "Eventuais condições pessoais favoráveis como primariedade, bons antecedentes, residência fixa e profissão definida não se afiguram suficientes, por si sós, para concessão de liberdade, se presentes os requisitos da prisão", completa.

A defesa das duas presas, representada pelas mesmas advogadas, alega que as mulheres não cometeram o crime. Conforme o pedido de liberdade de Isabelly e Joicilane, elas e amigos foram abordados em um veículo, sem nenhum ilícito, na madrugada seguinte aos crimes. Policiais fizeram fotografias de cada uma das cinco pessoas que estavam no automóvel e levaram para as vítimas sobreviventes, que não a reconheceram.

"Sobrevém que, o crime gerou uma grande comoção na comunidade, dando início a um clamor da sociedade e dos meios de comunicação para que as autoridades encontrassem os culpados", afirmam as advogadas.

"Todavia, dada a dificuldade em encontrar os verdadeiros autores do delito, uma vez que o crime ocorreu durante uma comemoração clandestina com acentuada aglomeração de pessoas, os agentes policiais resolvem apontar como acusados os suspeitos abordados e devidamente liberados durante a madrugada".
Advogadas de defesa

Ainda conforme o documento, no dia seguinte, outra equipe policial foi buscar cada pessoa que estava naquele carro abordado em suas casas e os conduziram para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil do Ceará (PCCE), onde foram presos em flagrante.

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Legenda: O crime aconteceu em via pública, no dia 15 de fevereiro de 2021
Foto: Leábem Monteiro

Acusação contra grupo

A 1ª Vara do Júri de Fortaleza acolheu denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE) contra cinco acusados de participarem da tentativa de chacina no Vila do Mar, em Fortaleza, no início do mês de maço deste ano. Viraram résu por três homicídios, três tentativas de homicídio e organização criminosa: Isabelly Silva, Joicilane Ferreira, Ewerton Martins da Silva, Nailson Andrade dos Santos e Antonio Mariano Neto.

"Ainda não é possível, nesse momento, precisar a forma como cada um dos denunciados agiu quando da prática delitiva, sendo certo, porém, que todos eles, de algum modo, concorreram para a prática delitiva. Essas circunstâncias, pois, serão esclarecidas em sede de instrução processual"
Ministério Público do Ceará
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A tentativa de chacina comoveu a população cearense devido à brutalidade com a qual os acusados agiram, no dia 15 de fevereiro deste ano. Uma das vítimas foi estrangulada com uma corda. Morreram Bruno Evangelista dos Santos, Mateus Evangelista dos Santos e Rebeca Nicolle de Lima Silva. A motivação para o crime, conforme a investigação, foi a rivalidade entre facções criminosas.

Um sobrevivente da ação criminosa reconheceu à Polícia que ele e os outros amigos atacados são simpatizantes de uma facção carioca e, ao chegarem em um local onde estava acontecendo uma festa, um deles gritou de dentro de um veículo de aplicativo "aqui é tudo dois, do PA (Padre Andrade)".

Os jovens foram retirados a força do automóvel, espancados e baleados. Duas jovens, de 24 e 16 anos (uma delas foi até baleada), sobreviveram aos ferimentos e foram levadas ao hospital. Outro jovem conseguiu correr dos criminosos, em um momento de dispersão, pediu ajuda a um casal para pedir um veículo de aplicativo e chegou em casa. O motorista que levou o grupo até a suposta festa também foi liberado pelos criminosos, após ter a chave do automóvel retida.

Fichas criminais

O réu Ewerton da Silva já tinha passagem na Polícia por receptação. Antônio Mariano já foi condenado por homicídio e porte ilegal de arma de fogo e ainda responde na Justiça a processos por porte ilegal de arma de fogo, tráfico de drogas e associação para o tráfico. Mariano, inclusive, era monitorado por tornozeleira eletrônica no dia da tentativa da chacina. Os outros três denunciados não tinham antecedentes criminais.

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