Jovem é baleado em abordagem da Polícia Militar após denúncia de aglomeração em Fortaleza

O quadro de saúde de Everton Queiroz é grave, segundo a família. Policiais militares alegaram na delegacia que o tiro foi acidental

Escrito por Messias Borges , messias.borges@svm.com.br

Um jovem de 24 anos foi baleado no pescoço por um policial militar, em uma abordagem realizada no bairro Jangurussu, em Fortaleza, na madrugada desta sexta-feira (7), após denúncia de aglomeração de pessoas e desrespeito ao isolamento social rígido, em razão da pandemia de Covid-19. O quadro de saúde dele é grave, segundo a família.

Everton Monteiro de Queiroz estava próximo à Areninha do Jangurussu, na companhia de quatro amigos, ingerindo bebida alcoólica, segundo o pai dele, o autônomo Valdecy Queiroz. Era por volta de 3h, quando uma viatura da Polícia Militar do Ceará (PMCE) chegou ao local. "Era tipo uma abordagem, só que o policial já saiu da viatura pegando na arma e atirando. Pegou no pescoço do meu filho e entrou na coluna", conta.

Um vídeo (assista acima), recebido pelo Diário do Nordeste, mostra a revolta dos amigos de Everton e de moradores da região com a abordagem policial. O jovem foi socorrido pelos próprios policiais militares e levado ao Frotinha da Messejana, de onde foi transferido para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Jangurussu e, por fim, para o Instituto Doutor José Frota.

A reportagem apurou que os policiais militares envolvidos na ocorrência alegaram na delegacia da Polícia Civil do Ceará (PCCE) que o tiro foi acidental. Procurada, a Polícia Militar do Ceará informou apenas que "tomou conhecimento do fato e que irá apurar".

Queiroz afirma que o estado de saúde do filho é grave e, se ele sobreviver, pode ficar tetraplégico. Everton não tem passagem pela Polícia e ajuda o pai em obras e manutenções hidráulica, elétrica e pintura.

Eu me sinto com uma angústia e me sinto uma pessoa incapaz por ver o próprio filho passar por uma situação dessas. Um jovem de 24 anos, de boa índole. O apelido dele é 'Alegria', porque só vive com o sorriso no rosto. Também me sinto envergonhado da nossa polícia, que diz proteger um cidadão e atinge uma pessoa dessa forma. Isso é um abuso!
Valdecy Queiroz
Autônomo

CGD investiga o caso

A Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) informou, em nota, "que determinou a imediata instauração de procedimento disciplinar para a devida apuração do fato na seara administrativa, estando esta, atualmente, em trâmite".

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