Investigação sobre morte de geógrafa no Ceará segue sem conclusão após 6 meses

Ninguém foi preso pelo crime até o momento. A falta de respostas deixa a família da vítima angustiada

Escrito por Messias Borges , messias.borges@svm.com.br
Vítima de assassinato
Legenda: Liana Sandra Maia Chaves leitão tinha 49 anos e cursava história na Universidade Estadual do Ceará
Foto: Arquivo Pessoal

A morte da geógrafa e professora Liana Sandra Maia Chaves Leitão, de 49 anos, segue cercada de mistérios. Quase seis meses depois, o Inquérito Policial ainda não foi concluído pela Polícia Civil do Ceará (PCCE) e nenhum suspeito foi preso. A falta de respostas deixa a família da vítima angustiada.

O corpo de Liana Sandra - que morava em Fortaleza - foi encontrado com perfurações por arma de fogo, em um terreno no bairro Gereraú, em Itaitinga, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), na manhã de 12 de maio deste ano.

A família da geógrafa acredita que ela foi vítima de latrocínio (roubo seguido de morte). O último contato da professora com a família se deu através de uma ligação telefônica, por volta de 14h do dia 11 de maio, quando ela estava chegando em casa, no bairro Jangurussu, na Capital.

Segundo uma familiar da vítima, que preferiu não se identificar, ao entrar na sua residência, Liana se deparou com assaltantes, que quebraram a janela do imóvel e já estavam prestes a roubar pertences como um aparelho de televisão, um computador e uma impressora. A casa foi encontrada toda revirada.

Com receio de serem reconhecidos, os criminosos teriam raptado Liana com a motocicleta dela. Apenas no dia seguinte, o corpo foi encontrado por um morador de Itaitinga, a cerca de 20 km de distância de onde ela morava.

Mas a falta de respostas da polícia deixa a família da professora cercada de dúvidas. Por que ninguém foi preso ou indiciado ainda? Por que o inquérito está parado? Foi latrocínio mesmo ou o crime teve outra motivação?

A familiar de Liana Sandra narra à reportagem que, na busca por informações, durante seis meses, ela e outros parentes percorreram pelo menos quatro sedes da Polícia Civil: a Delegacia Metropolitana de Itaitinga, o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), a Delegacia de Defesa da Mulher de Fortaleza (DDM) e o Complexo de Delegacias Especializadas (Code).

Questionado sobre a situação do Inquérito Policial, a Polícia Civil do Ceará informou que o DHPP "segue investigando"  caso. Contudo, "mais informações serão repassadas em momento oportuno para não atrapalhar os trabalhos policiais em andamento".

Geógrafa se dedicava a causas sociais

Liana Sandra Maia Chaves Leitão era natural de Limoeiro do Norte, formada em Geografia pela Universidade Estadual do Ceará (Uece), onde também cursava uma segunda graduação, História. Ela ainda fazia mestrado e trabalhava como professora.

A geógrafa se notabilizou pela dedicação a causas sociais. Entre seus trabalhos acadêmicos, chegou a escrever sobre o uso indiscriminado de agrotóxicos, ao retratar a história de Zé Maria do Tomé, agricultor que se destacou na luta contra a pulverização aérea de produtos químicos na Chapada do Apodi, assassinado há mais 10 anos. 

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A Uece, por meio da Direção da Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos (Fafidam), emitiu nota para lamentar a perda da estudante: "Liana era aluna atuante nos eventos acadêmicos em parceria com os movimentos sociais que ocorriam na Fafidam, além de ser dedicada e compromissada com a universidade pública. Solidarizamo-nos com a dor de familiares e de amigos. Que ela esteja em paz e que a família possa encontrar conforto neste momento de dor".

A Cáritas Diocesana de Limoeiro do Norte também publicou nota de pesar à época: "Todos nós choramos a perda dessa amiga e companheira valorosa, que sempre se mostrou comprometida com a luta em favor dos mais injustiçados e vulneráveis nessa sociedade estruturalmente desigual. De modo particular, integrou as fileiras da luta dos trabalhadores e trabalhadoras do campo contra as mais variadas formas de injustiças a que estavam submetidos".

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Foto: Reprodução

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