Clínica de aborto funcionava em quarto 'insalubre, escuro e com instrumentos expostos', diz polícia
Uma idosa de 80 anos e o marido dela, de 73 anos, foram presos nesta sexta-feira (20), em Baturité
A clínica clandestina de aborto fechada pela polícia em Baturité, interior do Ceará, funcionava em um quarto "insalubre”, com “instrumentos expostos”, segundo a polícia que investiga o caso. A unidade está localizada na parte superior de um restaurante conhecido da cidade, e funcionava há mais de 10 anos. Um idosa de 80 anos foi presa nesta sexta-feira (20), suspeita de realizar abortos no local.
"O ambiente é um pequeno quarto localizado acima do restaurante, um ambiente comercial. Totalmente escuro, insalubre, móveis velhos, os instrumentos ficavam jogados, expostos. Jamais armazenados de uma maneira regular”, comenta o delegado titular de Baturité à frente da investigação, Joel Moraes.
Para acessar a clínica, as possíveis pacientes precisavam subir por uma escada estreitada por paredes velhas e sujas, depois adentrar um corredor com duas portas à direita. Na segunda porta fica o quarto onde ocorria os procedimentos, conforme investigação policial.
A reportagem teve acesso ao local e verificou que havia caixas e materiais diversos espalhados pelo cômodo, como mesas e cadeiras dobráveis, botijões de gás, um armário de madeira, quadros, sacolas e panos pendurados, além de uma rede e uma cama de estrado. No aposento há ainda um banheiro, sem box nem cortina.
O caso
Aldira Paixão dos Santos, 80 anos, e o marido dela, Francisco Valmir, de 73 anos, foram presos na manhã desta sexta-feira (20) na operação "Salmo 127". A polícia cumpriu mandados de busca e apreensão na residência do casal e no restaurante pertencente à família. O homem foi autuado por posse ilegal de armas, e liberado após pagar fiança. A mulher foi autuada por prática de crime contra a saúde pública, e permanece presa à disposição da Justiça.
Segundo o delegado Moraes, a idosa chegou a admitir que já realizou abortos “no passado”, mas negou que continuasse com a prática clandestina atualmente.
Além disso, a mulher não possui qualquer formação em cursos da área médica.
“Ela e familiares afirmaram que, no passado, há mais de 20 anos, ela prestou assistência a um médico que prestava atendimento em Baturité”, disse o delegado.