Chacina em mansão no Porto das Dunas segue sem respostas
A investigação sobre as seis mortes ainda não passou da fase de inquérito policial. Enquanto isso, outros casos ocorridos posteriormente, como a Chacina do Benfica, já tiveram julgamento e os réus foram condenados
O ano de 2017 concentrou mais de cinco mil homicídios no Estado do Ceará. Dois anos depois, há mortes que seguem sem suspeitos, sem respostas. Um dos casos de repercussão que parece ter caído no esquecimento para as autoridades é o da Chacina no Porto das Dunas.
Dois anos e cinco meses se passaram desde o episódio do dia 3 de junho de 2017. Seis pessoas foram assassinadas a tiros, em uma festa no município de Aquiraz, Região Metropolitana de Fortaleza. Membros de uma facção criminosa festejavam em uma mansão, localizada na Rua Búzios, quando foram surpreendidos por faccionados rivais.
Até semana passada, a investigação sobre a chacina não tinha sido concluída pela Polícia Civil do Ceará. De acordo com o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), o sistema de buscas processuais mostrou que os autos permanecem na fase de inquérito policial e o caso seguia sob apuração na Delegacia de Aquiraz.
Massacre
Um grupo formado por 10 homens chegou à mansão distribuído em dois veículos. O portão da residência foi derrubado e, já dentro do imóvel, os atiradores encapuzados efetuaram dezenas de disparos de pistolas, calibres Ponto 40 e 380. Sobreviventes afirmaram às autoridades que, ao ouvirem os tiros, pularam o muro do imóvel.
Naquela época, áudios divulgados pelos sobreviventes nas redes sociais revelaram o pânico vivido no momento do ataque. Nervoso, um dos homens repetia: "Chama a Polícia, pivete". Os mortos foram identificados como Klinsmann Menezes Cavalcante, Davi Saraiva Benigno, Nilo Barbosa de Sousa Neto, Mateus de Matos Costa Monteiro, Fernando dos Santos Rodrigues Junior e Edimilson Magalhães Neto. Davi era acusado de liderar uma das maiores organizações criminosas de tráfico de drogas sintéticas do Ceará. O jovem tinha sido preso em novembro de 2015 e havia sido solto dias antes da matança. Outras vítimas também seriam estelionatários.
Um mês depois da chacina, um dos autores das mortes múltiplas foi identificado. Conforme a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), o suspeito era João Guilherme da Silva, 22, o 'Branquinho'. Antes de ser responsabilizado pelo crime, ele foi morto em um suposto confronto com a Polícia, ainda no mês de junho, em Aquiraz. A Polícia Civil foi procurada para falar sobre a demora no andamento da investigação, mas não respondeu até a publicação desta matéria.