Audiências do 'Caso Gegê e Paca' são adiadas devido à pandemia

A decisão do Poder Judiciário estadual atendeu pedido das defesas dos acusados Felipe Ramos Morais e Tiago Lourenço de Sá Lima. Os líderes do PCC foram mortos a tiros no Município de Aquitaz em fevereiro de 2018

Escrito por Redação , seguranca@svm.com.br
Legenda: A arma que teria sido usada no crime foi apreendida pela Polícia Civil
Foto: JL Rosa

O andamento de processos, incluindo os de casos de grande repercussão, permanece prejudicado devido à pandemia da Covid-19. Mais uma vez, a Justiça cearense decidiu adiar audiências de instrução do processo que apura o duplo homicídio que vitimou dois dos principais líderes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), Rogério Geremias de Simone, o 'Gegê do Mangue' e Fabiano Alves de Souza, o 'Paca'.

Conforme decisão proferida pela 1ª Vara da Comarca de Aquiraz, município onde o crime aconteceu, as audiências dos réus Felipe Ramos Morais e Tiago Lourenço de Sá Lima foram adiadas e seguem sem data para acontecer. As audiências haviam sido designadas para o início deste mês de agosto.

Um colegiado de juízes foi de acordo com os pedidos dos advogados que representam as defesas de Felipe e Tiago. Na decisão, os magistrados consideraram que a pandemia constitui motivação idônea para o adiamento, "tendo em vista a pluralidade de réus e testemunhas, bem como a necessidade de deslocamento dos advogados".

A Justiça destacou que a não conclusão da instrução criminal não é provocada pelo Juízo, mas decorrente da ação da própria defesa. Até o momento, essas audiências seguem sem data para acontecer. No próximo dia 24 uma testemunha da defesa de Felipe deve ser ouvida por meio de videoconferência. A audiência está programada para acontecer na Vara de Precatórias da Comarca de Goiânia, em Goiás.

Pedidos

Felipe Ramos Morais, conhecido como o 'Piloto do PCC' está detido em uma unidade prisional de segurança máxima localizada em Campo Grande, no Mato Grosso. A mãe e advogada do piloto, Mariza Almeida Ramos Morais, alegou nos autos que tem comorbidade para o novo coronavírus e, por isto, permanece em isolamento social sem poder se deslocar ao presídio para acompanhar a audiência.

"Eu teria que ir para Campo Grande para acompanhar a audiência, mesmo sem ser na mesma sala, mas dentro da unidade. Todos os advogados pediram para adiar. Não tem jeito de haver a audiência por agora", afirmou Mariza pontuando que Campo Grande está com alerta vermelho devido à alta taxa de transmissibilidade do vírus.

Já os advogados que representam Tiago Lourenço, ainda foragido da Justiça, discordaram que as oitivas das testemunhas acontecessem por videoconferência a distância. Segundo a defesa de Lourenço, a forma como estavam previstas as videoconferências não preservava os princípios dessas oitivas e poderia contaminar toda a prova.

Tiago Lourenço, o 'Tiririca', teria chegado junto a Felipe e outros membros do PCC à capital cearense, alguns dias antes dos homicídios. Segundo Luiz Coimbra, advogado de 'Tiririca', a defesa requereu que as testemunhas fossem ouvidas no Fórum para garantir a incomunicabilidade. "São testemunhas que estão em outras cidades, outros estados e, às vezes, não têm o aparato para participar de uma videoconferência. Estamos tomando todos os cuidados, pois é uma pandemia mundial", disse Coimbra.

Duplo assassinato

'Gegê do Mangue' e 'Paca' foram assassinados em fevereiro de 2018, em um atentado cinematográfico, com uso de helicóptero para transportar as vítimas até a emboscada. As autoridades alegam que Felipe Ramos Morais pilotou o helicóptero no dia do crime.

O piloto foi preso três meses após os homicídios. Em entrevista concedida ao Sistema Verdes Mares, no ano passado, Felipe disse ter sido torturado por membros do PCC um mês antes das mortes das lideranças da facção. Segundo o acusado, ele se negou a pilotar a aeronave durante a emboscada, e foi ameaçado pelos criminosos.

Felipe foi acusado pelos crimes de homicídio qualificado, organização criminosa e falsificação de documento. Contra Tiago, o Ministério Público do Ceará (MPCE) apresentou acusações por homicídio duplamente qualificado, organização criminosa, falsificação de documento e concurso de pessoas. A investigação apontou que as mortes foram motivadas porque 'Gegê do Mangue' e 'Paca' vinham levando uma vida de luxo no Ceará e, supostamente, desviando milhões da organização criminosa. Ao todo há 10 pessoas acusadas de envolvimento nesse crime.

As audiências de instrução de dois acusados pelas mortes de líderes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) foram adiadas por conta da pandemia do novo coronavírus. Ainda não há data para a realização.

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