André Costa deixa Secretaria da Segurança; Sandro Caron assume

De saída, delegado alegou motivações familiares para deixar o comando da SSPDS e agradeceu às forças policiais. O novo titular já foi superintendente da Polícia Federal no Ceará e é bastante respeitado na Instituição

Escrito por Cadu Freitas/Emerson Rodrigues , seguranca@svm.com.br
Legenda: O também delegado federal Sandro Caron assume o cargo
Foto: Natinho Rodrigues

As atividades do delegado da Polícia Federal (PF) André Costa à frente da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) chegaram ao fim ontem (3). Foram três anos e oito meses, no mínimo, movimentados na estrutura da Pasta e nas ruas cearenses. Com crises e inovações na gestão da área, o até então secretário dá espaço a outro delegado federal. Sandro Caron assume o posto a partir da próxima semana e com um desafio continuado: o combate ao crime organizado.

A saída do titular da SSPDS foi confirmada durante a tarde pelo governador Camilo Santana, que agradeceu os serviços prestados: "agradeço ao delegado André Costa pelo grande trabalho realizado até aqui", escreveu nas redes sociais. De saída, Costa também ressaltou o empenho no governo: "Despedidas nunca são fáceis. Agradeço a todos os profissionais da segurança pública que estiveram comigo. Superamos desafios e enfrentamos muitos obstáculos. Gostaria também de agradecer a todo povo cearense pelo apoio e carinho".

Apesar de alegar motivos familiares para sair, André Costa continuava fazendo planos para a Pasta. Um delegado que participou de uma reunião com o ex-titular da SSPDS, na última quarta-feira (2), informou à reportagem que o ex-titular falou de planos na Segurança para até dois anos para frente, tempo que ainda vai durar o Governo Camilo Santana. A notícia da saída surpreendeu delegados da Polícia Civil e também oficiais superiores da PM comandantes de Batalhões. Estes, inclusive, pensavam, inicialmente, que a notícia era falsa.

Legenda: Ex-secretário André Costa
Foto: Isanelle Nascimento

Parceria

Para o vice-presidente da Associação dos Oficiais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros (Assop), tenente Pedro Moura, André Costa sempre foi um parceiro e um canal entre associações e o governo. "O que foi mais positivo foi esse lado mais próximo da tropa, bem como o investimento na questão tecnológica. A Secretaria da Segurança teve uma ascenção muito positiva, com a implementação do Spia, do PCA (Programa de Comando Avançado), instrumentos de tecnologia que facilitaram o trabalho da segurança pública", aponta.

Para o coordenador do Laboratório de Estudos da Violência (LEV), da Universidade Federal do Ceará (UFC), César Barreira, André Costa foi um dos secretários que teve todo o apoio do governo estadual, embora o período tenha sido “muito preocupante, de muita intranquilidade com várias situações delicadas, como as chacinas que ocorreram, a greve (da Polícia Militar), a questão dos assassinatos e as batidas policiais”, pontua.

Segundo Barreira, durante a administração, o LEV não foi chamado para nenhuma atividade, apesar de haver boa relação com o Governo do Estado. Por outro lado, a parceria com as universidades se deu na área de controle e tecnologia. Para o futuro, o pesquisador avalia que é preciso investir mais ainda na área da inteligência. “Não só da parte da Polícia Civil, mas da parte da Polícia Militar também. Três palavras que eu gosto muito de repetir na área da segurança pública: prevenção, investigação e inteligência. Nós não vamos conter violência usando só a violência. Tem que ter outros ingredientes para que a gente reduza”, avalia Barreira.

Perfil 

Sandro Luciano Caron de Moraes tem 45 anos e há 22 deles atua como delegado da PF. Ele já foi superintendente da força policial no Ceará e no Rio Grande do Sul, comandou a Divisão de Inteligência Policial (DIP) do Departamento de Polícia Federal por cinco anos e foi adido da instituição na Embaixada do Brasil em Lisboa. O adido tem serviços de apurações nacionais que envolvam brasieiros e estrangeiros em outro país.

A reportagem conversou com delegados federais que atuaram com Sandro Caron na época que ele foi superintendente da PF no Ceará. Os colegas de Caron, que pediram para não ter os nomes divulgados, afirmaram que ele é um "excepcional profissional", de bom trato e operacional. "Ele tem um histórico muito bom na Polícia Federal. Acho que foi uma excelente escolha. É um nome muito respeitado na PF"

O delegado também trabalhou na Coordenação da Segurança da Copa do Mundo de 2014 e coordenou o serviço antiterrorismo nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016. O secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Tércio Issami Tokano, assinou a portaria nessa quarta-feira (2) que cede o delegado Sandro Caron "para exercício junto ao Governo do Estado do Ceará".

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.