Um mês depois da Chacina da Sapiranga, 13 acusados pela matança seguem foragidos

23 denunciados viraram réus na Justiça Estadual. Dez deles já estão recolhidos no Sistema Penitenciário, segundo o Ministério Público do Ceará

Um mês depois de uma ação criminosa matar cinco pessoas no bairro Sapiranga e assustar a população fortalezense, em plena comemoração do Natal, 23 acusados de participar da matança viraram réus na Justiça Estadual. Desse total, 13 seguem foragidos e são procurados pela Polícia.

A denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE) foi recebida pela 1ª Vara do Júri de Fortaleza, na noite da última segunda-feira (24). Conforme documentos obtidos pelo Diário do Nordeste, a juíza Danielle Pontes de Arruda Pinheiro aceitou a denúncia "em todos seus termos em virtude de haver indícios da autoria e provas da materialidade do ilícito penal". Os réus têm dez dias para responderem por escrito à acusação.

Segundo a denúncia, apresentada à Justiça no último dia 20 de janeiro, 13 acusados estão foragidos, com prisões decretadas; enquanto os outros dez denunciados já se encontram recolhidos no Sistema Penitenciário.

Viraram réus pela Chacina:

  • João Ricardo Sousa da Silva, o 'Das Facas' (preso);
  • Raí Cesar Silva Araújo, o 'Jogador' (preso);
  • Francisco Wellington Bezerra da Silva, o 'Bombado';
  • André Soares Júnior, o 'Loirinho';
  • Eduardo José do Nascimento, o 'Carioca';
  • João Victor Aguiar de Sousa, o 'Tito';
  • Tiago Pereira Mendes, o 'Cara de Pizza';
  • Gabriel Sousa Freitas, o 'Biel' (preso);
  • Charles Dantas Oliveira (preso);
  • Israel Silva Ferreira;
  • Jeandson Nunes Bento dos Santos, o 'Toing';
  • Vinicius Rian Inácio da Silva, o 'VN';
  • Thiago Farias de Lima, o 'TH' (preso);
  • Alessandro Vieira da Silva, o 'Rato' (preso);
  • Mateus Acelino da Silva, o 'Malagueta' (preso);
  • Kevem Tyago Costa Pompeu, o 'Maluquinho';
  • José Ivan Alves da Silva Filho, o 'Filho';
  • Mateus Aguiar de Sousa (preso);
  • Kaique de Sousa Domingos, o 'Neguinho';
  • Yuri Marques Bento, o 'Berre';
  • Miguel Sousa da Silva, o 'Miguelzinho';
  • Antônio Gabriel Sousa da Silva (preso).
  • Nilson Lima Nogueira Filho, o 'Berinjela' (preso).

Na madrugada de 25 de dezembro, dezenas de pessoas se confraternizavam no Campo do Alecrim, na Sapiranga, quando foram surpreendidas por tiros. Morreram André Alexandre Rodrigues, Israel de Silva Andrade, John Lenon Holanda, Mateus Ribeiro dos Santos e Ederlan Fausto. Outras seis pessoas ficaram feridas.

Conforme as investigações da Polícia Civil do Ceará (PCCE), a Chacina foi motivada pela disputa por território para o tráfico de drogas. Os acusados pertencem a um grupo criminoso novo, dissidente de uma facção carioca - a qual pertenceriam as vítimas.

'Das Facas', 'Jogador' e 'Bombado' são apontados pela Polícia como líderes criminosos locais e como os mandantes da matança. Conversas por redes sociais mostraram que o trio se preocupava em ser preso e, no dia seguinte à Chacina, já planejava novas mortes.

Denúncia do Ministério Público

O MPCE afirmou, na denúncia, que os crimes foram praticados por motivo torpe e com dinâmica que dificultou a defesa das vítimas, já que "estas foram surpreendidas por um ataque massivo com uma grande quantidade de executores fortemente armados".

"Os acusados ainda realizaram os homicídios com emprego de arma de fogo de uso restrito. Em cotejo com as provas até aqui colhidas, torna-se evidente que  todos os acusados tinham conhecimento de que dentre as armas utilizadas pelos membros da "Tropa do 2R", notadamente um de seus líderes, Raí ("Jogador") se valia de um fuzil, armamento de guerra, classificado como de uso restrito"
MPCE

Um fuzil calibre 556 foi apreendido envolto em um saco de cebola, dentro de um matagal, no bairro Parque Manibura, na Capital. Denúncia anônima que dava conta de que a arma foi utilizada na Chacina levou a Polícia até o armamento.

Também consta na denúncia que houve participação de outros indivíduos ainda não identificados, bem como de seis adolescentes que estavam em posse de armas de fogo durante a chacina - e que foram apreendidos.

O Órgão Ministerial ainda solicitou ao Judiciário a incineração das drogas apreendidas pelos policiais durante as diligências que resultaram nas prisões e apreensões. A 1ª Vara do Júri de Fortaleza também acatou esse pedido.